“Segundo Reza Aslam, professor de teologia e escritor (O Zelota), a religião é como um poço e a água que ele procura é a fé. A água é a mesma para todos, assim como a fé. Ela nos atinge – ou não – como um sentimento impossível de descrever, mas é percebida por quem por ela foi tocado. Os poços podem variar em grandeza, sofisticação e até profundidade, mas sua única função continua sendo dar forma e vazão à água que corre nos subterrâneos. Com a mesma intenção, as religiões buscam alcançar a fé e dar-lhe corpo, verbo e ação. Qualquer erro de uma religião não pode ser atribuído à fé, mas à forma como as religiões ousam mergulhar no escuro da alma humana para traçar sua conexão com o invisível.
Por outro lado as religiões contemporâneas funcionam muito mais como elementos identitários do que como ferramentas para organizar e dar sentido às crenças. Elas funcionam como veículos para oferecer a sensação de pertencimento à uma humanidade cada vez mais homogênea. Lutar contra o obscurantismo das religiões contemporâneas (todas) pode ser uma boa luta, decifrando e trazendo à luz as interferências políticas de suas interpretações. Porém, combater a fé com racionalismo e cientificismo é tão inútil quanto iluminar um ambiente para mostrar o perfume das rosas.”
Anton Van der Arbuit, “Plastic bloemen niet sterven”, Ed, Plantak, pág 135