O roubo é uma parcela pouco importante na conta final do Estado. Sua importância é muito mais moral do que financeira. Nossa carga tributária é mixuruca se comparada à Escandinávia onde a qualidade de vida está 100 anos na frente. O problema não é cobrança. Eu pagaria de olhos fechados o DOBRO que pago hoje se tivesse hospital de qualidade, medicina preventiva, escola boa, rua sem buraco e baixa criminalidade (tipo, Cuba).
O problema do roubo existe até na Suécia e na Coreia, e não é um problema dos políticos, é um problema da índole do povo que os elege. Postiços são pessoas como nós com as mesmas pressões e superegos que nos afrontam. Para mudar a política não adianta prender, matar ou trocar os políticos pois os que chegam no seu lugar se defrontam com o mesmo sistema corrompido da política nacional, onde os milhões de campanha são oferecidos por empresas que depois cobram o preço. Não adianta mudar DENTRO desse modelo, ele precisa se transformar. Reforma política urgente. Como todo mundo sabe, de nada adianta trocar moscas se…
Nunca funcionará esse combate estúpido e seletivo contra a corrupção do Estado. A verdadeira corrupção está no mercado. Os valores ridículos da Lava Jato não cobrem dois dias de especulação e roubalheira financeira no país. Político corrupto ganha MIGALHAS, são despachantes de poderosos, cujo dinheiro sujo não afeta em quase nada a nossa economia, mas desviam nossa atenção da roubalheira do sistema financeiro e da concentração de renda.
Claro que a corrupção deve ser combatida, mas não é com esta luta e muito menos baixando imposto da classe média que vamos resolver o problema grave do Brasil: a iniquidade.
Não se trata de relativizar desmandos e falcatruas. Todos devem ser combatidos. Entretanto, é também fundamental combater a ideia de que “o problema do país é a corrupção”, que é uma mentira usada aqui desde os tempos do Getúlio para mascarar a realidade da injustiça social, da corrupção do mercado, da mídia comprada, da opulência dos capitalistas, da miséria do povo, do machismo, do racismo, do ódio de classe e da elite que manipula o judiciário e as consciências. Enquanto ficamos falando de corrupção e achando que prender um político espertinho soluciona o caso eu pergunto que efeitos houve com o combate ao “mar de lama” de Getúlio, a “vassourinha” de Jânio, o golpe de 64 ou a “Caça aos Marajás” de Collor. Precisa ser muito tolo para não perceber que a direita sempre aposta nas mazelas MORAIS – corruptos e ladrões – para esconder a nojeira ESTRUTURAL da nossa sociedade racista e que cultiva esse ódio de classe. Figuras canalhas aparecem nesses momentos, como Filinto Müller ou o juiz corrupto de Curitiba, para oferecer DE NOVO a ilusão para os tolos da direita que acreditam que “punindo os maus” haverá uma depuração da política. Tolice!!!! Com Getúlio, golpe 64, Collor o resultado é sempre o mesmo: sufocam a esquerda e as escolhas do povo e colocam no governo alguém ligado aos interesses da elite.
E os pobres de direita aplaudem o punitivismo tosco sem perceber que são feitos de marionetes que precisam ficar calados, sem jamais questionar a concentração brutal de renda do nossa país.