Costumo avaliar a inteligência de um sujeito pela capacidade de formular uma piada, e a genialidade de alguém pela habilidade de escrevê-la. Uma piada é feita de tempo, ritmo, fluxo, contexto e circunstância. Uma piada tem a ver com frações de milésimos de segundos na espera precisa entre seus tempos. As piadas e gracejos brincam com os sons, as rimas, os sentidos múltiplos, as confluências e o distanciamento dos conceitos.
Um chiste se estabelece nas entonações de voz, na mudança acertada dos personagens, nas supressões de termos e pela notável simplificação necessária, pois que se relaciona à contenção e ao minimalismo. A piada é uma prece em louvor à nossa grandiosa pequenez, um ode à maravilhosa falibilidade humana. O humor é sagrado e imortal.
Jonathan Harris-Walker, “Laugh or Death – The Biography of Googa, the Clown”, ed. Parnell, pág 13
Jonathan “Googa the Clown” Walker nasceu no Brooklin em 1916 de uma família de palhaços. Judeu de origem ucraniana, seu nome de batismo era Hrihoryi Kredzierski, filho de Aleksei e Martina Kredzierski, trapezistas do “Gran Circus Anatoli”. Atuou no circo em que os pais trabalhavam desde os 5 anos de idade e depois circulou pelos Estados Unidos como comediante, garçom, estafeta, cozinheiro, trapezista, malabarista e principalmente como palhaço. Chegou a participar de dois filmes de Buster Keaton e fez alguns episódios de “Lauren & Hardy” (O gordo e o magro). Suas memórias foram publicadas após sua morte por pneumonia em 1986 quando seu filho Jason descobriu vários cadernos de apontamentos, onde constavam piadas, chistes, truques e pensamentos que foram recolhidos em mais de 60 anos de profissão. Foi enterrado no cemitério de Cypress Hills, no Brooklin.