Se o pai é importante, abandono paterno faz sentido e deve ser combatido, para proteger a criança dessa falta. Todos os esforços devem ser feitos para que os pequenos tenham o direito de conectar-se com o pai, entendendo-se a paternidade como uma função essencial na infância e a relação do pai com seus filhos considerada parte dos seus direitos fundamentais.
Todavia, se o pai é tratado como descartável, desimportante e supérfluo então deixem os homens em paz na sua falta de conexão com os filhos. Cobrem na justiça a pensão e fechem a conta. Se as mulheres são tão autossuficientes assim, então não há razão para se preocupar com os pais e suas ausências.
Em suma: Não dá para cobrar presença paterna e chamar os pais de inúteis ao mesmo tempo.
Nesse debate eu fico com o velhinho de Freiburg, tio Sig: “Não me cabe conceber nenhuma necessidade tão importante durante a infância de uma pessoa do que a necessidade de sentir-se protegida por um pai”.
A frase dita pelo pai da psicanálise, expressa um sentimento que supera a lacuna de gerações, mantendo-se relevante muito após a época em que foi expressa. E não esqueçam que o abandono paterno é mais um efeito nocivo do capitalismo.
Pai não é essencial, mas nem mãe é… entretanto, eles são de extrema importância para a construção da estrutura psíquica do sujeito. Outra do Sig: “A maior função de uma mulher é ensinar seu filho a amar, enquanto isso, a maior função de um pai é salvar esta criança das garras do amor materno”. Sem essas figuras a criança buscará alhures alguém para lhe ensinar o amor e, mais ainda, alguém que imponha a este amor primitivo seu necessário limite.