Parto é encruzilhada, momento de decisão. Pode jogar para cima tanto quanto pode dizimar perspectivas. Parto pode ser transformador, mas pode confirmar o mau destino que o mundo havia prescrito. Parto não trata de sobrevivência, mas sobre a vivência de um momento ímpar, absoluto e apoteótico, ápice da feminilidade.
Não há como cursar seu túnel sombrio e tortuoso sem ser tocado por sua energia. Os partos são as causas de grandes traumas e grandes metamorfoses. Podem arremessar seus personagens ao chão impiedosamente, mas da mesma forma podem alçá-los ao infinito.
Aqueles que porventura dele se ocupam precisam saber que estão situados precisamente na quina do cruzamento. Suas ações, posturas, ideias e palavras podem levar estas mulheres às escolhas diminutivas, ressaltando sua velha companheira – a menosvalia. Por outro lado, também podem ser o trampolim para o voo mais alto de suas vidas, aquele que vai desfazer a maldição sobre um corpo chamado imperfeito.
Para estes últimos, as palavras de minha mãe: “Cuida como vives, o que fazes e dizes; talvez sejas o único Evangelho que teu irmão lê”.