Iluminismo, onde andas?

Pessoal da humanização do nascimento que festeja censura do Estado sobre a livre manifestação de ideias ainda não percebeu que a censura quase sempre atinge os grupos marginalizados e quase nunca os poderosos. Para cada Monark atingido existem 10 parteiras urbanas que serão massacradas por censura ou impedidos de manifestar sua opinião sobre temas controversos. Quem pode garantir que, diante do poder de cercear “más ideias”, não seremos as próximas vítimas? Quem define o que é uma “ideia perigosa”? O congresso? Este STF? Ficaremos na mão deles de novo?

Glenn Greenwald – judeu e homossexual, pertencente a dois grupos historicamente vilipendiados – deixa clara nesta entrevista à Carta Capital a importância da livre expressão das ideias como uma conquista iluminista – e não um modernismo americano. Abrir mão dela, mesmo que eivado das melhores intenções, é oferecer ao Estado o direito e o poder de controlar o que é debatido em uma sociedade. A isto se chama censura, um medievalismo. Foi o próprio nazismo quem determinou censura sobre pensamentos divergentes tão logo chegou ao poder.

Mais ainda, Glenn explica que esses movimentos que obstruem a livre expressão, mesmo quando bem intencionados, são inúteis e contraproducentes. Tanto ele quanto Chomsky lutaram contra a transformação de homofobia e do racismo em crimes exatamente por ser esta uma medida inócua, sem efeito e sem benefício para as comunidades a quem desejava proteger. Estas leis no Brasil não deixaram o país menos homofóbico e menos racista, apenas mais falso e dissimulado.

Por mais duro que possa parecer, a liberdade ainda é o caminho mais seguro. Oferecer o poder de controlar a narrativa a sujeitos como Alexandre de Morais – um nazista típico – para combater ideias ruins é um erro que poderemos pagar muito caro. Aceitar o direito de organização pode ser algo difícil de engolir, mas ainda É o mais justo e mais correto.

Nesta entrevista de Glenn Greenwald à Carta Capital eu não gostei da atitude da entrevistadora, que parece achar válido que empresários usem o poder do Capital para calar a boca de quem faz perguntas incômodas e traz convidados que atrapalham seus negócios, mas de resto Glenn deixou bem clara sua posição.

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