Aliás, um dos efeitos colaterais dessa guerra na Ucrânia foi fazer caírem as máscaras de “progressistas” da esquerda americana, como Bernie Sanders. Quando se trata de proteger o Império todos tocam a mesma música. Internamente pode haver diferenças entre os “burros e os ursos”, mas para quem olha de fora são todos idênticos na proteção de seus privilégios, na defesa do “excepcionalismo americano” e na manutenção do Império.
Assim funciona nossa indignação seletiva. Somos obrigados a levantar quando um nazista se senta à mesa, mas nem um pigarro para quem solta bombas no Yemen, na Somália ou na Palestina, ou para as sanções assassinas no Afeganistão, Cuba ou Venezuela. E agora no Brasil você pode ser nazista, agir como nazista é até dormir com a foto do Führer debaixo do travesseiro. Só não pode falar ou admitir sua existência, e não pode criar um partido com esse nome. O mesmo tipo de hipocrisia que havia com os gays na minha infância.
As vezes eu fico tentando me colocar no lugar de um sírio, palestino, iraquiano ou iemenita escutando as pessoas chorando pelos ucranianos e pedindo o fim da guerra. “Oh, meu Deus, essa guerra precisa acabar!!!”. Sério? Agora? E porque só essa?
Quero ver gente colocando bandeirinhas da Somália no perfil em solidariedade. Nahh, branco matando preto ninguém reclama. Nunca o nosso racismo eurocêntrico ficou tão evidenciado.