Pesquisas científicas são produzidas pela necessidade humana de estabelecer um conhecimento seguro da realidade externa. A simples análise dos fenômenos por um observador isolado usando seus aparelhos sensoriais pode ser – e frequentemente é – enganosa. O trajeto do sol pela abóbada celeste produziu durante milênios a percepção errônea de que o astro-rei girava ao redor do nosso planeta, que se mantinha central e estático em relação ao universo. Todavia, quando esta ideia foi confrontada através de pesquisas baseadas em método ela se mostrou equivocada, pois não satisfazia o rigor das análises matemáticas aplicadas à relação da Terra com o restante do universo.
A pesquisa científica é basicamente o senso comum submetido ao método de avaliação de um específico fenômeno. Para isso são necessários critérios e abrangência para que a avaliação seja o mais universal possível. Para que a pesquisa possa ser considerada válida ela necessita estar ancorada em uma análise sistemática e precisa, e mesmo assim ela será considerada sempre como “provisória”, pois que os achados científicos podem ser falseados por uma nova análise, com novas perspectivas e utilizando novos instrumentais, que nos mostram o que anteriormente era invisível.
Como já dizia o pensador contemporâneo Maurice Herbert, “Depois de certa idade, não se passa um dia sequer sem que eu me assombre com o desmoronamento de uma antiga certeza, por tantos anos acalentada”. E assim também é com a ciência, que tal qual Penélope – que tecia sua colcha de dia para desfazê-la à noite – introduz um novo conhecimento hoje para desfazê-lo no futuro, próximo ou distante. A pesquisa científica é, portanto, uma característica fundamental do espírito humano, ao conjugar nossa natural curiosidade para desvendar o universo com a necessidade de estabelecer limites, sistemas, métodos e parâmetros nesta busca, evitando assim a natural sedução dos nossos desejos e a falibilidade dos nossos sentidos.