Os amores

Mas… quem poderia imaginar que sexo, entre humanos, seja algo “natural”? Precisa ser ingênuo para pensar que existe algo de natural em nós. Lacan já dizia há mais de 50 anos que “a palavra matou o real”.

Somos construções das palavras, não mais de moléculas e átomos. Desde que levantamos para comer a fruta da razão o sexo não seguiu mais as regras da biologia e da reprodução, mas da teia intrincada surgida da ruptura bizarra da ordem cósmica a qual chamamos amor.

Este só surgiu do despejo abrupto do feto distópico, incompetente massa amorfa, rodeado de espaço sufocante e carente de afago. Foi ali, no desamparo, na perda angustiosa do idílio perfeito, que a treva se produziu pelo brilho intenso das duas estrelas que, piscando, lhe dizem “meu filho querido”.

E dessa conexão se fez o amor, pois que se ele existe foi aí semeado, e de tanto amor todos os outros amores são desse princípio derivados.

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