Não há dúvida de que o futebol é um fato político, como qualquer outra atividade humana – pois que não há ação coletiva de pessoas que não seja politicamente determinada – mas o jogo deve ficar o mais distante possível da política, da filiação partidária e das escolhas e vinculações subjetivas de cada um dos participantes. Sem isso teremos a política contaminando o esporte, criando rótulos, vinculações, perseguições, boicotes e preferências que nada tem a ver com o jogo e suas regras, mas com fatores de outra ordem.
Quem acredita que o futebol pode sofrer interferências da política deveria aceitar quando um treinador comunista da nossa seleção fosse defenestrado por suas convicções em um governo de direita. João Saldanha foi vítima disso. Comunista, filiado ao PCB (ainda quando na ilegalidade), proferiu sua frase mais famosa ao ditador Emílio Médici: “Você comanda seu Ministério e eu organizo meu time”, impedindo que o presidente desse opiniões sobre a seleção brasileira. Pois eu pergunto: Seria justo demitir um treinador liberal num governo de esquerda? E o melhor jogador da seleção, poderia ser retirado do time por questões suas com o fisco?
Nossa seleção representa o povo brasileiro, e ainda é um símbolo para bilhões de torcedores espalhados pelo planeta inteiro que enxergam na camiseta canarinho a esperança dos povos oprimidos pelo imperialismo. Aceitar que a política doméstica possa interferir na nossa seleção é absurdo e imoral. Quem faz isso atua contra os interesses do país.