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Futebol e Política

Não há dúvida de que o futebol é um fato político, como qualquer outra atividade humana – pois que não há ação coletiva de pessoas que não seja politicamente determinada – mas o jogo deve ficar o mais distante possível da política, da filiação partidária e das escolhas e vinculações subjetivas de cada um dos participantes. Sem isso teremos a política contaminando o esporte, criando rótulos, vinculações, perseguições, boicotes e preferências que nada tem a ver com o jogo e suas regras, mas com fatores de outra ordem.

Quem acredita que o futebol pode sofrer interferências da política deveria aceitar quando um treinador comunista da nossa seleção fosse defenestrado por suas convicções em um governo de direita. João Saldanha foi vítima disso. Comunista, filiado ao PCB (ainda quando na ilegalidade), proferiu sua frase mais famosa ao ditador Emílio Médici: “Você comanda seu Ministério e eu organizo meu time”, impedindo que o presidente desse opiniões sobre a seleção brasileira. Pois eu pergunto: Seria justo demitir um treinador liberal num governo de esquerda? E o melhor jogador da seleção, poderia ser retirado do time por questões suas com o fisco?

Nossa seleção representa o povo brasileiro, e ainda é um símbolo para bilhões de torcedores espalhados pelo planeta inteiro que enxergam na camiseta canarinho a esperança dos povos oprimidos pelo imperialismo. Aceitar que a política doméstica possa interferir na nossa seleção é absurdo e imoral. Quem faz isso atua contra os interesses do país.

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Lavagem Cerebral

Recomendo o documentário “A Lavagem Cerebral do meu Pai”. Todavia, apesar da qualidade e da profundidade das entrevistas, reconheço que, por ter sido realizado nos Estados Unidos, ele perde um dos pontos mais essenciais do debate sobre a influência da mídia sobre o cidadão comum. A mídia é sempre a semente que é lançada sobre a população, carregada de ideologia, com a potencialidade de crescer e se multiplicar. Entretanto, para que a semente possa germinar é necessário que exista um terreno fértil e acolhedor, e só assim a semeadura terá êxito.

Se a propaganda fosse suficiente para a mudança de padrões de comportamento, bastaria fazer propagandas diárias contra a violência doméstica, contra latrocínios, abusos de cesarianas ou corrupção. Infelizmente (ou felizmente) o terreno é essencial, sem o qual a propaganda atinge a rocha dura e impenetrável das nossas seguranças.

O surgimento da direita feroz americana só pôde ocorrer pelas crises sistemáticas e recorrentes do capitalismo, produzindo um sentimento de ressentimento e rancor que atinge, em especial, os homens de meia idade, traídos pela promessa de serem o sustentáculo de suas famílias. Há uma crise do capitalismo conjugada com a crise do patriarcado, produzindo um contingente gigantesco de homens desorientados, cuja falta de norte os leva à violência – inclusive a violência política. Portanto, ao se analisar o crescimento de Fox News ou Alex Jones nos Estados Unidos (ou Rede Globo e Alan dos Santos no Brasil) é necessário entender o contexto de crise dramática do sistema capitalista, em especial a partir dos anos 80 e da aventura neoliberal iniciada por Thatcher-Reagan. Olhar para as hordas de homens de meia idade e suas senhoras amontoados na praia de Copacabana no 7 de Setembro pode ajudar a entender o que os move.

O que vemos hoje se reproduzindo no Brasil com o ódio bolsonarista, o império das Fake News e das mentiras, as famílias divididas por sujeitos de extrema direita disseminado ideias extremistas (racismo, xenofobia, homofobia, etc.) é a herança nefasta dos estertores de um sistema econômico quase defunto, cujo corpo apodrece ao ar livre até que seja retirado. Nas palavras de Antonio Gramsci, “O velho resiste em morrer, e o novo não consegue nascer”. Esse é o mundo em que estamos inseridos, escutando o tic-tac que fará o planeta explodir.

Por outro lado, o documentário mostra a impressionante máquina da imprensa burguesa americana ocupada na lavagem cerebral de milhões, fazendo com que creiam nas mais absurdas teorias, nas mais rotundas mentiras e nas mais inacreditáveis fantasias. Também mostra como, vencida a etapa dos jornais e da televisão, o novo campo de disputa é a Internet e as redes sociais, e para este tipo de batalha a modernidade precisa estar preparada.

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Kyle

Outra opinião para ser cancelado…

Liberais americanos disseram que Kyle Rittenhouse, que foi a uma manifestação de rua vestido com um rifle automático, merecia ter sido atacado, pois “estava pedindo”. Disseram eles: “Afinal, quem sai na rua assim está querendo o quê?”

Gente, os liberais!!! Os mesmos que atacam (com justiça) esse mesmo argumento quando se volta contra as mulheres, e que afirmam que esta lógica é torpe. Aqueles que dizem que a forma como você se apresenta não dá direito aos outros de tomarem atitudes ou fazer qualquer julgamentos de caráter.

Coerência gente, coerência…

Kyle Rittenhouse atirou em 3 brancos. Sabiam que um deles levou um saco de merda para atirar nos adversários e que estivera internado em um hospício até poucos dias antes? E que um outro foi armado com uma pistola para a passeata, e só ao apontá-la para Kyle foi atingido? “As aparências enganam, aos que odeiam e aos que amam”, como diziam Tunay e Sérgio Natureza, e por isso é importante ter em mente o risco que é julgar os casos pelas aparência, pela superfície. Quando examinamos o que realmente ocorreu a história se transforma. Se uma pequena horda sair correndo atrás de você gritando “mata”, e logo depois um cara bater na sua cabeça com um skate e lhe jogar no chão e por fim um outro puxar uma pistola contra sua cabeça enquanto você está caído… acreditam que aí se caracteriza legítima defesa? Ele não atirou em ninguém antes de ser agredido, e foi atacado POR SER QUEM ELE ERA!!!

Aliás, os abusadores de meninas dizem: “queriam que eu fizesse o que? Eu apenas reagi. Sou homem.”

A lógica que aqui tento comparar é a de que um sujeito não pode ser atacado pelo que aparenta, e a aparência de alguém não pode ser justificativa para uma agressão. Aliás, a polícia burguesa usa essa mesma lógica para massacrar a população negra diariamente. Sair de casa com capuz, carregar uma furadeira na rua, ter alguma coisa nos bolsos, sair à noite sendo negro, etc… é o que a polícia diz para justificar suas abordagens brutais, que muitas vezes terminam em morte.

Será a culpa dos negros e dos pobres? Seria uma furadeira uma real ameaça (na perspectiva dos policiais)? Uma mulher de roupas curtas e provocantes/sedutoras é algo atraente, mas estas roupas não podem dar direito a que alguém abuse dela. Um sujeito com um rifle é uma provocação, mas não é uma agressão em si. Ninguém pode agredir ou tentar matar um sujeito apenas porque se acha intimidado por quem ele é ou como está vestido, Essa é a analogia.

Aliás, para quem quiser saber, eu acho que uma mulher com roupas sensuais em lugares que podem conter psicopatas é um brutal equívoco, mas isso não dá direito a ninguém de atacá-la. Ir para uma passeata de protesto com uma arma semiautomática é uma profunda estupidez, mas isso não dá aos passantes o direito de tentar matá-lo.

Não é justo usar a condição de alguém – rico, branco, homem, ou com passado comprometedor – como prova de culpa, ao mesmo tempo em que não se pode usar a condição da suposta vítima – mulher, gay, trans, etc – como um escudo para crimes. Para julgar é preciso se ater aos fatos. Caso contrário será puro preconceito.

PS: Kyle Rittenhouse é um garoto mimado, fascista, racista, supremacista racial, idiotizado pela mídia, “gun lover”, admirador de um presidente psicopata, estúpido e um perfeito produto dos tempos atuais. Houvesse uma cultura de armas (e amparo legal) aqui, como a que existe nos Estados Unidos, e teríamos um fac-símile desse modelo. Veríamos muitos garotos bolsonaristas a andar de garrucha pelas ruas, provocando os transeuntes. Se imitamos descaradamente um touro na calçada e uma estátua da liberdade chinelona, porque não copiaríamos garotos justiceiros? Todavia, dos crimes dos quais Kyle Rittenhouse foi acusado, ele é inocente. Não há como aceitar que ele seja culpado pela forma como se apresenta, da mesma forma como nenhuma mulher é culpada por vestir-se de forma atraente ou sedutora. Ao meu ver fez-se justiça.

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Lacrolândia

Eu denuncio a lacrolândia de esquerda há muitos anos e fui cancelado impiedosamente, até entre as pessoas que militam na humanização do nascimento. Aliás, tenho muito orgulho desses cancelamentos; detestaria ser visto como o bispo de uma religião de aparências. Avisei dos discursos moralistas de esquerda, vazios e falsos, mas que eram usados como arma moral contra os inimigos da fé. Poucos acharam pertinente. Afinal, os fins justificam os meios, não?

Estamos vivendo um moralismo que em tudo se assemelha a uma seita, deixando muitas vezes em segundo plano a autonomia e a liberdade em nome de um catecismo politicamente correto, mas que engessa da mesma forma a livre expressão do desejo.

“…quantos de nós não temos atitudes parecidas no dia a dia sem ter uma câmera nos filmando? Não precisa fingir. Nem eu, nem vocês, escapamos do desejo pulsante de aceitação.”

Eu sei que se houvesse mais gravadores e câmeras na minha época eu – e toda a minha geração – estaríamos inexoravelmente condenados pelo tribunal da lacração ilimitada. O resultado é essa imolação pública e falsa pequeno burguesa, cristã e culposa, tão falsa quanto uma promessa do Bozo. “Perdão por ser opressor, perdão, perdão”.

Texto abaixo de Tiago da Silva Ferreira

“Muitas pessoas estão falando sobre o BBB e sobre como determinados participantes estão destruindo a imagem da esquerda. Acusam os jogadores do programa de repetirem discursos militantes decorados e que por trás das palavras não há nada mais do que uma tentativa desesperada de ganhar aceitação.

Algo sempre vem à minha mente quando penso sobre o campo progressista no Brasil contemporâneo. Uma das principais características da nossa nova esquerda é que ela se trata, antes de tudo, de uma posição moral mais do que política. A esquerda de hoje não critica sistemas políticos ou econômicos. Ela critica, na verdade, como esses sistemas e suas associações com uma moral conservadora afetam a vida de grupos excluídos.

Dessa forma, o foco dessa esquerda são os costumes e os valores morais da sociedade. Ela se compadece de um mendigo por empatia, por uma espécie de dever moral universal que um ser humano “naturalmente” tem por outro. Consequentemente, essa visão de mundo tenta ganhar adeptos através do apelo emocional. Os humanos, nessa perspectiva, precisam apoiar determinados grupos que sofrem perseguição ou discriminação, pois é moral se colocar no lugar do outro e lhe dar o devido espaço e respeito. Quem não o faz é porque não sabe se colocar no lugar do outro. Há lógica nessa equação e eu tendo a concordar que a compaixão é um bom norte político. Entretanto, esse tipo de enfoque trouxe para parte da esquerda um padrão de comportamento em grupo que é mais emocional do que racional e que tende a ser tão passional quanto o discurso religioso.

No final das contas, parte da esquerda tem caminhado para um moralismo recheado de militância emocionalista. Seu objetivo é descontrair a moral vigente, que é patriarcal, misógina, racista, homofóbica, etc. O que acho curioso é que pouco se fala em ética (que é algo mais pessoal) dentro da esquerda. Pelo contrário, as práticas apontam mais para a configuração de uma nova moral social, onde o conservadorismo é superado e novos modelos sociais o substituem. Dessa forma, está subentendido que a moral conservadora cristã será substituída pela moral esquerdista progressista. Alguém pode perguntar qual o mal nisso, afinal, não seria ótimo ver o fim do patriarcado ou do racismo? Claro que eu acho que esse tipo de dispositivo social retrógrado precisa acabar, mas sinto falta de discussões mais éticas e menos moralistas dentro da esquerda. Quando falo em discutir ética e não moral, quero dizer que deveríamos investir mais na construção de valores onde se respeita discrepâncias individuais e não se impõe uma moral de grupo . Quem critica os participantes do BBB não percebeu ainda que eles estão agindo dessa forma porque é assim que se espera que eles ajam. Como toda moral militante, a moral esquerdista, apesar de bem intencionada, tende a criar asseclas e não livres pensadores. Parece uma religião. No mau sentido. É possível fazer muitos paralelos entre a esquerda ultra militante e os evangélicos fundamentalistas, por exemplo.

Duvida?

O modus operandi da galera desconstruída progressista dos DCEs e dos frequentadores de templos pentecostais é similar. Nos dois casos, espera-se que todo mundo siga a mesma cartilha, incluindo a utilização dos mesmos jargões. Precisam demonstrar o tempo todo o quanto amam a causa e precisam se esforçar pra demonstrar em público e a todo instante o quanto são engajados. Nos dois casos induzem você a ter culpa por algum comportamento considerado desviante. A pessoa que é pega se desviando do “dogma” é esculachada. Os evangélicos excluem, dizem que a pessoa virou “do mundo”. A esquerda faz textão e cancela. Ambos exigem uma retratação pública do acusado, um verdadeiro auto de fé.

Lembram-se da Lilia Schwarz e o texto sobre a Beyoncé? Conheci crentes pegos em adultério que receberam melhor tratamento de suas igrejas.

O que mais me incomoda é a hipocrisia que acaba imperando tanto entre esquerdistas quanto entre evangélicos. Como ambos estabelecem metas morais difíceis de serem alcançadas, acabam vivendo quase que uma vida dupla. Os evangélicos fingem que casaram virgens, que não bebem nunca, que não escutam “música do mundo”, fingem que não traem a esposa, fingem que gostam do “irmão” da igreja, fingem que não tem dúvidas sobre a existência de Deus, etc.

O esquerdista não fica atrás: finge que é “desconstruído” e conta pra todo mundo que pega gente gordinha, quando na verdade só corre atrás de gente sarada; finge que ama funk e Anita porque é música popular, quando na verdade odeia, mas não quer parecer elitista; finge que ama o nordeste, mas no fundo da alma não tem nenhum interesse genuíno na região; finge que amou Bacurau, mas odeia filme nacional, mas não quer parecer colonizado; finge que apoia o amor livre, quando na verdade é monogâmico, mas não quer parecer retrógrado.

O novo ponto em comum entre a esquerda moralista e os religiosos de direita é a pornografia. Como a esquerda decidiu que ver pornô é quase o mesmo que um estupro, agora surgiu o novo tipo de esquerdista, aquele que fala mal de pornô no Facebook e assiste escondido em casa. Pro evangélico, pornô não é de Deus, é contra a sexualidade sadia. Pro esquerdista, pornô também não é saudável, mas por outras razões, como a misoginia e a exploração dos atores e atrizes no mercado pornográfico. A causa da esquerda me parece mais nobre e conta com melhor argumentação. Mas a militância não é lá muito diferente. O crente diz que “Deus tá vendo” você se masturbar assistindo Xvideos. A esquerda diz que você é um monstro que sente prazer com a exploração sexual dos outros e que te falta empatia.

O resultado é igual: culpa. A solução também é igual: assistir escondido.

Não sou contra nenhuma das problematizações levantadas pela esquerda, mas o modus operandi que parece pregação religiosa me cansa. Assim como a intolerância a pequenas divergências, a incapacidade de diálogo, o ódio e a demonização contra quem entra em dissenso, a mania de querer silenciar o outro e o extremo moralismo sufocante.

Não tem nada de estranho na atuação dos esquerdistas do BBB. Eles não estão fingindo mais do que boa parte da galera de esquerda que vocês já conhecem. São apenas pessoas querendo aceitação do grupo. A única diferença é que as besteiras que eles falam estão sendo gravadas e exibidas pra todo mundo ver e criticar. Mas quantos de nós não temos atitudes parecidas no dia a dia sem ter uma câmera nos filmando? Não precisa fingir. Nem eu, nem vocês, escapamos do desejo pulsante de aceitação.”

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Liberais

Há alguns anos eu conversava com o pediatra e epidemiologista Marsden Wagner (já falecido) enquanto tomávamos café no intervalo de uma conferência. Mostrei a ele a manifestação de um professor da Faculdade de Medicina da minha cidade sobre parto humanizado, cheia de críticas vulgares e posturas sem embasamento.

– Um “liberal”, disse ele. Estes são sempre os mais perigosos.

Pedi que me explicasse o que queria dizer com isso.

– Vou descrevê-lo, mesmo sem tê-lo visto jamais. Ele é sério, educado, afirma que mudanças são necessárias, que os médicos realmente abusam das cesarianas, que é preciso melhorar o ensino de obstetrícia, que os médicos de hoje não querem mais atender partos, que a arte obstétrica está acabando e que os médicos atuais “atrofiaram” suas habilidades de atender partos pélvicos e gemelares. Ele se posiciona contra condutas baseadas em “autoridade” e cita com frequência estudos e metanálises, em especial a Biblioteca Cochrane.

– Exatamente, disse eu. Você o descreveu muito bem.

Marsden continuou.

– Eles são os liberais da medicina, Ric. Acreditam que é possível “ajustar” o modelo hegemônico, sem mudar sua essência opressiva. Acham que as falhas encontradas (como o abuso de cesarianas, violência obstétrica, etc) não são devidas a um paradigma equivocado, mas relacionadas ao mau uso do modelo atual. Por isso eles falam em melhorar o atendimento, mas não aceitam sua reformulação. Aposto como ele combate os 3 pontos nevrálgicos do modelo de parteria:

1- Atendimento por parteiras profissionais aos partos de risco habitual,
2- Casas de Parto e
3- Parto Domiciliar.


– Acertei?

– Sim, este é exatamente seu discurso. Sempre fez de tudo para boicotar o atendimento ao parto realizado pela enfermagem no hospital escola, além de combater todas as formas de parto extra-hospitalar.

– Eles são iguais no mundo todo, meu caro. São gentis, estudiosos, avançados e se diferenciam da “velha guarda” dos professores. Entretanto, acreditam que é possível mudar a assistência deixando as pacientes atreladas ao velho paradigma – que garante aos profissionais relevância e importância social – mantendo gestantes coisificadas, tratadas como objetos e não como sujeitos de seus partos. Para eles o protagonismo reservado ao médico é o limite. Avançar para além disso seria uma perda inaceitável de controle, além de um sério risco de ver desaparecer toda a respeitabilidade conquistada.

Lembrei disso hoje ao debater sobre os liberais de esquerda, aqueles que acreditam na possibilidade de “domesticar o capitalismo”, humanizando-o e eliminando seus “exageros”, sem reconhecer que é da essência do capitalismo a divisão em classes e a exploração de uma pela outra.

O mesmo ocorre com os liberais da atenção ao parto e nascimento, os quais acreditam ser possível produzir avanços e melhorias mantendo a mesma lógica da assistência, a mesma hierarquia rígida e o mesmo sistema de poderes centrado no médico. Todavia, sem a garantia do protagonismo à mulher conquistaremos apenas a “sofisticação” da tutela sobre elas exercida há milênios pelo patriarcado. A verdadeira mudança profunda será possível com esta garantia e o entendimento que o nascimento só poderá ser verdadeiramente seguro se for com autonomia e em liberdade.

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Solilóquio

Concha Caracol

Fico nervoso ao debater com pessoas que tem uma carga muito violenta de ódio e que tem feridas difíceis de cicatrizar. Mas, aprendi com meu pai que “só me fazes mal se me fazes mau“. Assim sendo, a resposta a este tipo de agressão não pode jamais ser na mesma moeda. Não há sentido em devolver essa energia com a mesma direção…

Todavia, em alguns debates virtuais a máscara cai rapidamente.

Tem uma bela frase que diz que “um liberal é um fascista que ainda não foi assaltado“, e eu complemento dizendo que “um moralista é um grosseirão que ainda não foi contrariado“. A prova do democrata repousa no desafio do contraditório. Mandou tomar no fiofó? Perdeu, playboy, perdeu…

Se não sabe debater escutando a opinião do outro, grite dentro de uma concha e tenha orgasmos auditivos ouvindo sua própria voz“.

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