O amor

O amor sempre se inicia sob o signo da te(n)são. Não há como essa aproximação – violenta e catastrófica – ser calma e suave, branda e serena. Eu vou mais longe – creio mesmo que a tranquilidade é antagônica à paixão; ambas não podem jamais coexistir no tempo e no espaço. Fortuitamente, a paixão vai arrefecendo progressivamente, sua chama se abranda dando lugar a uma relação baseada no cuidado e na admiração, um nível de afeto mais seguro e tranquilo – e menos turbulento. Já o amor, em verdade, se torna possível tão somente quando, após sobrevivermos ao terremoto da paixão, conseguimos enxergar o outro pelas frestas da máscara de idealização que o forçamos a usar.

Franz Duprat, “Archipels d’affection”, (Arquipélagos do Afeto), ed. Astúrias, pág. 135

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