
Há muitos anos me perguntavam durante conferências ou palestras “O que você faria para convencer médicos a adotarem o modelo de humanização do nascimento”?
A minha resposta, com o tempo, passou a ser esta, que mistura uma descrença que só vem com a maturidade:
– Nada, nenhum esforço eu faria nesse sentido.
Depois eu explicava que a humanização do nascimento só acontece a partir do sofrimento dos cuidadores, da neurose que alguns poucos desenvolvem diante do choque entre seu ideal de trabalho e sua atitude cotidiana.
“Somente quando a prática obstétrica despregada das evidências, insensível, grosseira e violenta lhe produzir angústia e mal-estar, será possível a você mudar para uma prática mais inclusiva, mais integral e mais segura. Desta forma, se for necessário lhe convencer é porque você ainda não a entendeu. Não aceite que minhas palavras colonizem o seu pensar. Estarei aqui para dizê-las, mas espero o tempo em que elas se tornem absolutamente redundantes.“