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Fake News

“MINISTRO do STF, Gilmar Mendes almoçando com o FILHO do Lula, em Roma/Itália, no dia 09 de outubro de 2022.”

Nas páginas dos amigos bolsonaristas encontramos estas pérolas da desinformação, adquiridas diretamente das sombras do WhatsApp: o Ministro do STF Gilmar Mendes almoçando com o “filho do Lula” em Roma no meio do segundo turno. Um simples olhar com atenção bastaria para ver que o sujeito na foto não lembra qualquer filho do presidente Lula. Entretanto, o Porsche dourado, a mansão no Uruguai, as lojas Havan e o triplex também eram facilmente desmentidos; por que, então, tantos acreditaram?

Eu pergunto: como puderam tantos acreditar nessas tolices? Como puderam receber estas mensagens pelo WhatsApp e imediatamente as disseminaram, sem ao menos verificar se a Havan era do “véio”, se a JBS já tinha dono, se na mansão já havia moradores e se o barbudinho na imagem não é qualquer outra pessoa?

A resposta é a necessidade premente de acreditar em qualquer fato – mesmo mentiroso – que confirme suas crenças. Por isso as pessoas acreditaram no “estado de sítio” há alguns meses, ou na prisão do Ministro Alexandre de Moraes logo após a vitória de Lula. Trata-se do conhecido “viés de confirmação“, um mecanismo psicológico primitivo que nos força a crer nas interpretações da realidade que confirmam as nossas crenças mais primitivas, as quais são originadas dos nossos afetos e emoções, não dos estratos superiores da razão.

Isso explica tragédias como Jonestown, onde 900 seguidores de Jim Jones tomaram cianureto, seguindo as ordens do seu mestre e guru. Também nos permite entender toda a idolatria dos extremistas de Waco, no Texas, vítimas de um incêndio que provocou a morte de 76 membros da seita davidiana em 1993, entre elas 23 crianças e o próprio líder, o pastor Koresh.

Somos constituídos de um núcleo de medos primitivos, tendo a angústia como sentimento fundador. Por sobre este medo essencial, colocamos uma grossa camadas de crenças irracionais (Deus, evolução, causa e efeito, progresso, justiça divina, determinismo, etc) que aliviam a nossa angústia estabelecendo uma relação de causalidade para os eventos caóticos da vida.

Por sobre esta camada de crenças aplicamos uma fina camada lógica, um verniz de intelecto, uma fachada tênue de racionalidade, que nos afasta dos medos sem, no entanto, eliminá-los, mas que nos oferece a sublime ilusão de sermos seres autônomos e conscientes. Tão brilhante é esta camada externa que ela nos ofusca e nos engana, fazendo-nos pensar que somos conduzidos pela luz da razão, quando em verdade ela funciona mais como uma máscara frouxa a esconder nossa estrutura primitiva e pulsional.

Não é por outra razão que somos presas fáceis das fake news. Elas são apenas a água refrescante que nossa alma sedenta de confirmação tanto deseja. Diante de tanto desejo, nossa razão minúscula é uma combatente frágil e minúscula. Via de regra, é derrotada pela avalanche de informações que desejamos ardentemente acreditar, sendo elas falsas ou não.

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Comédia

O desespero do pessoal que chamava o PT de corrupto e que foi para a rua com camisa amarela é tocante. Metade continua afirmando que todas a corrupção e todos os males surgem do PT, o mesmo partido que colocou o Brasil por breves instantes no mapa do mundo. O resto é contra “todos os corruptos”, que “todos vão para a cadeia”, “intervenção militar”, ou “bandido bom é bandido morto” (não é o assunto, mas sempre que podem eles falam isso). A ideia é a despolitização, o surgimento dos “gestores”, o fim dos partidos e, com isso, o fim da corrupção. Essa tese é tão tosca e tão ingênua que só gente fanatizada acredita nisso. Qualquer sujeito que já tenha trabalhado em uma empresa qualquer sabe como é corrupta a iniciativa privada, em qualquer nível.

O problema atual é que este pessoal “verde amarelo”, a turma do “sem partido” (lembram 2013?), se sente traído na confiança que tinham em Aécio, em Temer (“vai melhorar porque não é PT”) e mesmo Dalanhoro (uma mistura do fanático gospel com o Batman de Curitiba), que sofreu a suprema humilhação de levar um tapa de luvas do MPF de Brasília ao denunciar seu amigo Aécio, mesmo que as acusações estivessem na mão de Batman e Robin há mais de dois anos, as quais ficavam escondidas para não criar um climão quando se encontrassem na próxima premiação da Globo.

E eu é que sou comediante…. comédia é insistir que a culpa do Temer é do PT, quando o PT fez o MÁXIMO esforço durante 6 anos para manter Temer escondido no Jaburu com sua bela donzela. Comédia é não observar que a DIREITA BRASILEIRA é representada por todas estas figuras macabras que foram desenjauladas pelo golpe capitaneado por urubus neoliberais como Kataguiri e Rólidei. Agora que Temer, Aécio, Jucá, Padilha et caterva são denunciados tentar empurrar a paternidade para as esquerdas. Esse filho é de vocês!!!!

Comédia é achar que essas provas contra Temer e Aécio são novas, quando são muito velhas e estavam sendo retidas pelos interesseiros de sempre – Gilmarzinho entre eles. Comédia é não se dar conta de que um pedalinho de merda, um sítio do amigo e um apartamento que não é do Lula serviram para TODOS VOCÊS ficarem anestesiados e não perceberem o desmonte da previdência e da CLT enquanto os verdadeiros facínoras agiam.

O constrangimento é porque, enquanto acusavam o PT e imploravam para poder – mais uma vez – lamber bota de milico, uma tropa de malandros operava para “estancar a hemorragia, com o STF, com tudo”, sempre contando com uma Lava Jato que já não conseguia mais esconder o fato de que tinha lado, que tinha partido, que protegia algumas figuras e massacrava outras.

O desmonte se iniciou com o depoimento de Lula que deu um show político no seu depoimento, e que deixou o juiz Moro nocauteado no chão. Todos sabemos que Lula será condenado por Moro, que inclusive já deu sua sentença na Europa (para quem quiser entender), mas o depoimento deixou claro que Moro sempre agiu como um acusador, um Batman que joga no time do Coringa e que tem a vaidade como seu principal motivador.

Comédia é ver essa direita que saiu à rua ladeada por um pato querer dizer que estavam lutando contra a corrupção. Nunca estiveram; queriam apenas manter a Casa Grande cercada e gradeada, e impedir que o nordestino entrasse mais uma vez onde não foi convidado.

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