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Doisladismo

Não dá para aceitar jornalistas como Milly Lacombe e tantos outros da esquerda liberal que se posicionam em cima do muro na questão palestina. Eu desisti há muito tempo de tentar entender esse tipo de imprensa acovardada e encolhida. Em especial Milly, que não acerta nunca, desde os tempos do Ceni. Em recente coluna no UOL ela mostra que embarcou no “doisladismo” pusilânime que falsamente contrapõe o “terrorismo do Hamas” – e não o povo palestino – com Netanyahu – e não quem ele representa, o sionismo racista, cimento da sociedade supremacista de Israel. Essa confusão leva o leitor desavisado a acreditar que eliminando o Hamas (e junto com ele a resistência palestina) e derrubando Netanyahu (um líder psicopata) poderia haver paz na região. Quanta falta de perspectiva geopolítica!!!

Se o Hamas fosse eliminado (spoiler: não será) outro grupo assumiria o controle da resistência do povo palestino, da mesma forma como a eliminação de um líder comunitário não fará acabarem as justas reivindicações dos moradores das zonas conflagradas, em especial se estas demandas estão sedimentadas por décadas de sofrimento. Da mesma forma, a retirada de Netanyahu da cadeira de primeiro ministro talvez colocasse como chefe de governo um fascista ainda mais genocida, e há dezenas deles no governo israelense. Não existe um Frederik de Klerk em Israel, e qualquer Mandela que tenha surgido na Palestina está preso ou já foi morto pelos sionistas.

Essa ideia de “condenar os atos terroristas” que a esquerda continua trazendo ao debate não passa de submissão covarde à narrativa israelense. Todavia, essa própria história agora é desafiada, pois testemunhos de sobreviventes da ação do Hamas mostram que a maioria das baixas é de vítimas do próprio exército de Israel e sua “diretiva Hannibal“, que sacrifica os reféns para causar baixas nos inimigos. Existem vídeos e inúmeros depoimentos definitivos sobre estes fatos, mas também a própria fala dos reféns que foram libertados, com elogios aos palestinos pelo cuidado e respeito que tiveram. A verdade aos poucos emerge. Israel matou seus próprios colonos , porém, essa desumanidade foi colocada na conta dos palestinos, exatamente porque, ao controlar a mídia mundial, os sionistas criam uma fábula onde o roteiro é manipulado por eles mesmos. Eles só não contavam com o cidadão comum com um celular na mão e os relatos dos sobreviventes de suas atrocidades.

A esquerda perde muito ao aceitar que jornalistas como Milly Lacombe tenham a expressão indevida que ainda tem. A mistura de identitarismo com a tese dos “dois demônios” é tudo que não precisamos para acabar com o massacre racista de Israel. A covardia do governo atual do Brasil em assumir uma postura decisiva, clara, corajosa e firme em favor do justo desejo de libertação do povo palestino pode ser dramática para as pessoas subjugados ao terror de Israel.

Milly deveria entender sua responsabilidade como jornalista e procurar se informar melhor sobre o drama causado por Israel, onde os palestinos são as vítimas há mais de 7 décadas.

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Arquivado em Causa Operária, Palestina

Deixem o Lula…

Deixem Lula em paz…

Todo texto que começa esculachando o Lula para forjar credibilidade é no mínimo isentão. Lula é um perseguido político, como foram Mandela e Luther King. Vocês podem concordar ou discordar, mas desprezar e odiar é fazer o jogo do opressor. Atacar o Lula para se sentir autorizado a questionar psicopatas como Moro ou Bolsonaro é seguir a trilha marcada no chão pela elite perversa que criamos no Brasil, que tenta de todas as formas sufocar as lideranças populares.

Além disso, colocar Lula e Bolsonaro na mesma frase é uma ofensa para um líder reconhecido no mundo inteiro por seu combate à iniquidade e por sua luta contra a fome. Ninguém jamais diminuiu tanto as distâncias que separam os brasileiros como ele – mesmo sendo pouco diante do que precisa ser feito. Comparar políticos tão díspares é um desaforo e uma injustiça contra alguém que saiu da presidência com 87% de aprovação (um recorde mundial entre as democracias) e fez o maior governo da história da república.

Ahhh, e não sou petista nem lulista. Estou à esquerda de Lula. Sou anticapitalista, abolicionista penal, humanista, ecosocialista, marxista e comuna. Lula é um social democrata de centro esquerda.

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