Dizem que teve uma vida infeliz com o príncipe de Mônaco. Ela, entretanto, viveu o sonho feminino mais ancestral, desde o advento do patriarcado: ser uma princesa de verdade. Viveu a fantasia mais antiga das meninas: um mundo rodeado de encanto em um castelo, ao lado de um príncipe. Mas eu pergunto: será que a vida na realeza lhe garantiu a felicidade? Teria sido ela mais feliz se não tivesse recebido graciosamente da natureza tamanho dote de beleza e talento? Se fosse tão somente uma mortal, como qualquer dessas pessoas que vemos todos os dias atravessando rapidamente a rua, teria a mesma chance de ser “feliz e realizada”? O que, afinal, pode nos garantir uma vida plena, repleta de alegria e contentamento? Serão o dinheiro, a fama, o prestígio, a beleza, a inteligência ou o poder capazes de nos garantir uma boa noite de sono, a sensação de plenitude, a brisa fresca da paz de espírito a nos enlevar e refrescar a alma? Ou será mesmo verdade que tudo o que nos propicia momentos de felicidade, mesmo os mais frugais e passageiros, é algo incomensurável e impossível de contabilizar?
Talvez o que nos falta é a capacidade de entender que, se a tal sentimento existe e pode ser alcançado, ele certamente não se conecta com as construções elaboradas da vida cotidiana; nem sequer com o dinheiro, o poder, o reconhecimento e a fama. É provável que tal sensação se liga às questões mais profundas e primitivas da nossa existência: o carinho, o suporte, o afeto e a segurança de ser amado.
E quanto a isso, não há dinheiro suficiente que possa comprar.