Uma questão pertinente:
Robert Bradley, que trabalhou nos Estados Unidos nos anos 50 e introduziu o conceito de “Husband Coached Childbirth“, e a prática do “parto desmedicalizado”, atendeu mais de 14 mil partos durante sua carreira obstétrica. Estes partos, quando avaliados, mostram números absolutamente impressionantes. Mais de 90% dos partos ocorreram sem uso de medicação alguma, apenas com suporte emocional e a ajuda do marido (que na época atuava como uma “doula”), e a taxa de cesarianas foi de apenas 3%. Sim, 90% de partos totalmente fisiológicos e apenas 3% de intervenções cirúrgicas, algo absolutamente impensável hoje em dia.
Minha pergunta é: se Robert Bradley vivesse em São Paulo, Rio ou Porto Alegre nos dias de hoje, ele conseguiria estes índices, carregando consigo apenas as suas convicções e atitudes? Ou o mundo em que ele viveu (os Estados Unidos dos anos 50) é substancialmente diferente do mundo de hoje, a ponto de pressioná-lo a ter condutas diferentes? Que tipo de pressões ele sofreria, dos colegas e dos clientes, para ter uma atitude mais intervencionista?
Minha mãe tem 1.49m e teve 4 filhos de parto normal, nascimentos fisiológicos e desmedicalizados, apesar de serem no hospital. Ganharia ela os filhos dessa maneira se os tivesse hoje? Ou teria sido apavorada desde o nascimento pela sua “bacia estreita”, pela “baixa estatura” ou pelos riscos imensos de ter um bebê “esmagado” pelo canal vaginal.
Melhorar os profissionais (e o modelo de atenção) é suficiente para esta revolução, ou só teremos melhoria REAL quando a cultura como um todo se transformar?