Muitas pessoas se incomodam quando alguns profissionais do Brasil que atendem sob a égide da humanização do nascimento são chamados de “humanizados”. Eu não me importo com esta rotulagem.
O rótulo é inevitável. Se nós não falarmos os pacientes o fazem sem a menor cerimônia. Obstetra humanizado, enquanto rótulo, existirá enquanto houver necessidade de contrapor nossas condutas ao modelo hegemônico contemporâneo. Houve um tempo em que havia astrônomos heliocentristas, para diferenciarem-se daqueles que seguiam o modelo ptolomáico. Hoje eles se chamam apenas “astrônomos” e o heliocentrismo foi incorporado aos conhecimentos básicos deste ramo do saber.
Dia haverá em que os valores da humanização – protagonismo restaurado e garantido, visão interdisciplinar e respeito à MBE – serão a base para qualquer ação obstétrica, e o nome “humanização” cairá em desuso por redundância, e não por decreto; muito menos por ferir suscetibilidades.