A forma como atendemos o parto nada mais é do que um espelho das próprias estruturas sociais. Em sociedades que prezam a dignidade humana, a justiça e a equidade o parto refletirá esses valores, através de condutas e atitudes respeitosas com as mulheres, com seus bebês e fortalecendo o vínculo que se estabelece entre eles no momento do nascimento.
Em contrapartida, em sociedades onde a violência – de todas as formas, em especial contra a mulher – impera, o parto reproduzirá estes elementos em seus rituais, para que ele se alinhe aos valores mais profundos desta cultura.
O parto é, desta forma, uma imagem vívida das características profundas da estrutura social. “Diga-me como atendes os frágeis e te direi como és“. Desta maneira, as sociedades podem ser facilmente traduzidas através da análise de como seus partos são conduzidos. Sociedades justas e igualitárias produzem partos dignos; sociedades autoritárias e machistas propiciam partos marcados pelo signo da violência.
Para mudar a sociedade é necessário mudar a forma de nascer, mas para exterminar todos os traços de violência na maneira como conduzimos o nascimento é preciso lutar pela erradicação de todo e qualquer tipo de desrespeito e indignidade impostos à mulher no seu momento mais sublime.