Na última campanha eleitoral no Paraná o candidato Greca, fervoroso antipetista que lidera as intenções de voto em Curitiba, disse que não gosta de pobres e que, quando tentou ajudar um deles colocando-o em seu carro, teve náuseas por causa do cheiro. Mas, quem pode dizer que está o candidato está “equivocado”. Ora, como pode ser errado um reflexo – por definição involuntário – de náusea e vômito ao sentir o cheiro de um pobre?
Pelo contrário, o candidato deveria ser elogiado por expressar de forma clara e cristalina o sentimento que muitos candidatos tem em relação aos mais necessitados de uma população. Aliás, o “nojo” que boa parte da classe média brasileira tem do PT é exatamente por causa desse cheiro, esse odor de povo e esse aroma de equidade.
Infelizmente a imensa maioria dos seus críticos não consegue admitir que a ojeriza que nutrem pelo partido de Lula se deve às suas virtudes, menos do que por seus inequívocos defeitos. O que a estas pessoas causa nojo é essa mania que o PT tem de olhar para o Brasil para além dos muros da classe média.
Como não há coragem para admitir a aversão que sentem pelo povo, pelos pobres e pelo “resto” do Brasil, melhor então fazer como foi a prática em todos os golpes anteriores, militares ou não: batam na corrupção, pois a luta contra ela nos autoriza a quebrar – sem remorso – um a um os pilares que sustentam o Estado Democrático de Direito. Se alguém reclamar a resposta é o velho clichê: “Ah, vai defender a corrupção?”
Aqueles que sentem nojo desse cheiro apenas entendam que ele vai continuar no ar penetrando suas narinas, e não será com golpes que poderemos arejar a democracia. Acostumem-se pois não há como fugir dele para sempre.