“A ninguém interessa saber que máquina é essa que produziu Rogério 157. Policiais exibicionistas e uma grande imprensa miserável fazem um carnaval estúpido associado a uma publicidade tosca da prisão do meliante. Tola ilusão de controle. A essa hora o comando das drogas já conduziu o sucessor de Rogério nos seus negócios e o sistema mal se abalou com essa substituição. Se há procura a oferta se organiza naturalmente. Continuamos a tirar o sofá da sala.
Tudo o que a mentalidade primitiva dos punitivistas faz é criar a ilusão de que o mal reside nos sujeitos “degenerados” e não na iniquidade e na injustiça social que o produz. A mesma tolice se faz imaginando que o terrorismo é fruto de mentes doentias e fanatizadas, negando-se a olhar o entorno de abuso, genocídio, ocupação e exploração que fizeram da violência a granel a única forma possível de resistência. Ações espetaculosas como esta apenas mantém intocado um modelo equivocado de encarar nossas mais profundas feridas.
O combate ao crime continua apresentando negros e pobres como a gênese do Mal, talvez porque um empresário ou um banqueiro branco engravatado não ficasse bem na foto.”