Fatos que teremos de encarar nos próximos anos na atenção ao parto:
O modelo “um obstetra para uma gestante” está moribundo; é um doente terminal. Ele ainda sobrevive apenas a partir de 3 elementos:
- A indústria da cesariana
- O engodo do “parto normal se tudo der certo”, uma espécie de falsa propaganda criminosa.
- Meia dúzia de abnegados Kamikazes que aos poucos vão se aposentando, sendo excluídos, adoecendo, desistindo por exaustão e/ou desilusão.
“Não existe humanização do nascimento sem humanizar e proteger o trabalho dos cuidadores” já dizia meu colega Max há mais de 30 anos. O futuro aponta claramente para as “cooperativas” de parteiras profissionais ou para as Casas de Parto, com pré-natal coletivo e rodízio de cuidadores para atenção no momento do parto. O resto cai nas possibilidades acima.
Quando terminei meu sacerdócio pela humanização estava atendendo 80 pacientes por ano, o que ultrapassa em muito o número de excelência e qualidade. Não tinha férias tranquilas, nem descanso garantido e sequer paz de espírito em função do bullying. Portanto, o trabalho em equipe colaborativa não se trata sequer de uma escolha a ser dada aos pacientes, mas uma imposição para os próximos passos da atenção ao parto.
O tempo dos abnegados e daqueles movidos por pura paixão está no fim. Aceitemos isso e humanizemos (também) os humanizadores.