Feitiço do Tempo

Eu já vi “Groundhog Day” (Feitiço do Tempo) com Bill Murray e Andy MacDowell no mínimo umas dez vezes, porque o filme conta uma história de otimismo, superação e transformação, além de ser muito engraçado. Vejo, este filme em especial, pela mesma razão pela qual as crianças pedem que contemos a elas uma história que já conhecem. “Conte pra mim algo que me deixe feliz e espante essa angústia”. Sim, a gente vê pelo prazer infantil e pelo efeito sedativo da repetição. Como crianças, queremos escutar a história de novo, e de novo e de novo.

Meu pai me falava da importância da rotina para os velhos, e só agora consigo entender o significado mais profundo disso. A rotina produz tranquilização pela previsibilidade dos fatos; não é necessário um investimento emocional e cognitivo para se adaptar às diferentes perspectivas e acontecimentos, e com isso relaxamos e podemos apenas nos deliciar com uma história que sabemos que não nos trará emoções novas e/ou negativas. Para os velhos, a ideia de que o dia pode ser programado, e as semanas assim como os meses, traz paz de espírito pelas mesmas razões: a possibilidade de desfrutar a vida sem os solavancos de acontecimentos imprevistos.

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