Perdão não é um sentimento que se possa cobrar de alguém, nem de nós mesmos. Se o perdão significa a conexão profunda com o sentimento de empatia fica claro que se trata de uma construção pessoal e subjetiva. Desta forma, interno, jamais externo. É uma porta que só pode ser aberta por dentro.
Perdoar não trata de uma manifestação arrogante de superioridade, mas da busca por compreender os alicerces que levam um sujeito a cometer um ato egoístico e maléfico. Perdoar é entender.
Qualquer terapia deveria, eventualmente, chegar a essa compreensão superior sobre o mal recebido. Por certo, que o ódio e a indignação podem ter – e frequentemente têm – um efeito apaziguador para a vítima de qualquer malefício, mas não há dúvida que esses sentimentos são úteis apenas por um determinado período de tempo. Manter-se sintonizado indefinidamente na vibração do ódio destrói e aniquila qualquer sujeito. “O ódio é um ácido que corrói o próprio frasco que o contém”…
Portanto, estes sentimentos precisam ser transformados para que possam produzir um efeito libertário, e não há dúvida que isso demanda tempo para maturação.
Não se trata de um sentido religioso sobre o perdão, mas transcendental. Significa enxergar no outro o que nos conecta e torna similares, ao invés de enxergar nele apenas o estrangeiro e o diverso. Aliás, quando falo dessa concepção de perdão isso significa e inclui o auto perdão; é preciso entender-se para poder se perdoar.”