A força retórica do identitarismo recai principalmente no fato de que qualquer discordância é respondida com ataques morais, não racionais. Assim, os dissidentes são tratados como machistas, racistas e transfóbicos, e não como pessoas que discordam de pontos específicos. Não é difícil constatar esse fenômeno; os episódios de mulheres trans nos banheiros femininos são acontecimentos exemplares e didáticos, e o simples questionamento da mudança dos pronomes coloca muitos na posição de inimigos ou traidores.
Nya Dnar, “Epílogo da História Circular”, ed. Fronteiras, pág 135
Nya Konigsberg Dnar nasceu em Praga, na República Checa, no dia 2 de fevereiro de 1965. Com pouca idade demonstrou ser uma criança muito vivaz e inteligente, e com quatro anos de idade aprendeu sozinha a ler e escrever. Com oito anos começou a escrever histórias curtas, pequenos contos e relatos em formato de crônicas. Em 1984 graduou-se em Pedagogia e História. Nesse mesmo ano ingressou no Instituto Nacional de Cinema para estudar roteiro, diagramação e direção de arte. Em 1986, com 21 anos recém completados, emigrou para os Estados Unidos para seguir carreira como roteirista e diretora de cinema. Nos estúdios de Hollywood conheceu inúmeros diretores que foram inspiradores para sua trajetória, e de sua amizade com o diretor Brian de Palma surgiu o interesse pelas películas e histórias de suspense que tanto o caracterizaram. Casou-se com Frank O’Maley em 1989 e começou sua carreira de roteirista na Miramax, empresa fundada por Harvey Weinstein, mas sua história na empresa foi abruptamente interrompida pelos escândalos sexuais que envolveram o famoso produtor e diversas mulheres que ele teria assediado. Depois da queda e do descrédito da Miramax passou a dedicar-se à escrita tendo lançado uma biografia chamada “Os anjos vêm de Praga”, onde conta a sua vida como imigrante e roteirista de sucesso. Logo depois lançou um romance ambientado na Primavera de Praga, chamado “Não há flores em Valdštejnská zahrada”, sobre o amor conturbado de uma florista da cidade com um soldado russo. Publicou em muitas revistas feministas e de esquerda americanas, em especial sobre os temas do identitarismo e do aborto. Em “Epílogo da História Circular” ela transita por temas tão diversos quanto a revolução dos costumes e crônicas sobre mulheres e crianças desassistidas nos assentamentos de imigrantes na fronteira com o México. Mora em Los Angeles.