Nunca vou esquecer o dia que fui assistir um filme e a pessoa que estava comigo começou a elogiar o ator principal da trama – um famoso galã de Hollywood – de uma maneira completamente diferente daquela que eu me acostumei a ouvir por anos a fio. Exaltava as suas qualidades masculinas, sua força, seus traços másculos, elogiava seus braços e pernas, seu sorriso dolorido, sua ternura positiva, sua imposição, seu destemor, sua coragem, sua nobreza e sua especial devoção à mulher que amava. “Queria eu ser esta mulher, para ter um homem desses ao meu lado”, me disse.
Nunca havia escutado tantos elogios a um homem e tanto encantamento com suas qualidades, sem retirar dele o fato de ser homem, sem dizer que ele era “feminino” por expressar seu afeto, sem querer transformá-lo em uma versão masculina domesticada. Pelo contrário: o admirava exatamente por ser homem e deixar claro o quanto isso pode ser verdadeiramente bonito e fascinante.
Passei muitos anos da minha vida envolvido em um universo de ataques aos homens e ao masculino, a ponto de que aquelas palavras produziram um choque estético, uma surpresa, um espanto pela devoção tamanha ao que os homens representam na cultura e na vida de todos. A descrição que ouvi dos valores de um homem naquela noite eu nunca esquecerei. Depois de décadas de críticas – muitas delas justas – descrevendo-os como estúpidos, grosseiros, malévolos e ignorantes, as palavras que escutei abriram uma porta de admiração há muito trancada.
O filme era “Nasce uma Estrela”, o ano 2019 e o ator Bradley Cooper. Ao meu amigo gay que assistiu este filme ao meu lado agradeço a oportunidade de escutar sua particular perspectiva sobre os homens, e o quanto ela significou para mim.