As mulheres que levam a gestação até o fim com obstetras cesaristas, acreditando que vão conseguir um parto normal apesar do passado intervencionista deles, são as mesmas que casam com alcoolistas violentos acreditando que vão (pelo seu amor) ajustá-los e colocá-los na linha. No fundo, muito mais do que crédulas, são arrogantes, pois acreditam que sua palavra poderosa vai transformar a essência daqueles “desviados” que compartilham com elas o caminho. Não passam de ingênuas pastoras em busca de ilusórias conversões.
Jammie Marywether-Brooks, “Twenty Tales for Mommies”, Ed. Palomar, pag. 135
A propósito, modernize-se. A palavra “alcoólatra” caiu em desuso nos anos 80, pois antes disso se considerava o vício em bebida como um problema moral. As palavras certas hoje em dia para descrever este transtorno são “alcoolista” e “alcoolismo”, porque esta adição é considerada pela OMS uma doença e desta forma deve ser encarada e tratada.
Mas, nao é à toa que esta ofensa ainda é usada, em especial contra sujeitos que emergem das classes populares. Chamar pobre de “bêbado” é uma atitude antiga das classes dominantes para criar um estigma de falha moral entre aqueles que surgem do proletariado.
Pobre é bêbado, vagabundo e relaxado. Lula é “alcoólatra”, “bebum” e está sempre sob o efeito de álcool. A burguesia repete essas ofensas para reforçar o estigma e deixá-lo colado à pobreza. Desta forma mantém-se a fantasia de que os proletários, os pobres e os operários jamais poderão conduzir uma nação já que são prisioneiros do vício na bebida.
Manter essas mentiras é um ato criminoso, tão grave quanto o racismo ou a corrupção. Elas só servem à narrativa racista de uma burguesia canalha que se locupleta mantendo o povo controlado por factoides e mentiras deslavadas.