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Máscaras

Aliás, um dos efeitos colaterais dessa guerra na Ucrânia foi fazer caírem as máscaras de “progressistas” da esquerda americana, como Bernie Sanders. Quando se trata de proteger o Império todos tocam a mesma música. Internamente pode haver diferenças entre os “burros e os ursos”, mas para quem olha de fora são todos idênticos na proteção de seus privilégios, na defesa do “excepcionalismo americano” e na manutenção do Império.

Assim funciona nossa indignação seletiva. Somos obrigados a levantar quando um nazista se senta à mesa, mas nem um pigarro para quem solta bombas no Yemen, na Somália ou na Palestina, ou para as sanções assassinas no Afeganistão, Cuba ou Venezuela. E agora no Brasil você pode ser nazista, agir como nazista é até dormir com a foto do Führer debaixo do travesseiro. Só não pode falar ou admitir sua existência, e não pode criar um partido com esse nome. O mesmo tipo de hipocrisia que havia com os gays na minha infância.

As vezes eu fico tentando me colocar no lugar de um sírio, palestino, iraquiano ou iemenita escutando as pessoas chorando pelos ucranianos e pedindo o fim da guerra. “Oh, meu Deus, essa guerra precisa acabar!!!”. Sério? Agora? E porque só essa?

Quero ver gente colocando bandeirinhas da Somália no perfil em solidariedade. Nahh, branco matando preto ninguém reclama. Nunca o nosso racismo eurocêntrico ficou tão evidenciado.

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Ocasio Sanders

Não quero ser estraga prazeres (ou empata ph*da) mas o entusiasmo que boa parcela da esquerda internacional tem com Bernie Sanders e Alexandria Ocasio-Cortez tem o mesmo aroma de esperança frustrada que o mundo civilizado tinha com Obama. Este, ao fim e ao cabo, sempre se comportou como um Darth (in)Vader para tantos países, levando morte e miséria para milhões por onde o império derrama seu sal. Obama apenas confirmou o papel secundário dos mandatários americanos diante do poder do “deep state“: forças armadas e Wall Street. O apoio ao golpe americano na Venezuela soterrou minhas esperanças em Bernie e a postura de “Estrela da esquerda cirandeira” de Alexandria me faz perder o entusiasmo. Tomara que eu esteja errado

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Free Speech

Palavras do parlamenta americano democrata Bernie Sanders sobre os ataques de manifestantes ao discurso da sua adversária, a conservadora Ann Coulter:

“To me, it’s a sign of intellectual weakness,” he (Bernie Sanders) said. “If you can’t ask Ann Coulter in a polite way questions which expose the weakness of her arguments, if all you can do is boo, or shut her down, or prevent her from coming, what does that tell the world?”

“What are you afraid of ― her ideas? Ask her the hard questions,” he concluded. “Confront her intellectually. Booing people down, or intimidating people, or shutting down events, I don’t think that that works in any way.”

A primeira vez que eu disse isso fui metralhado por pessoas que não suportavam o fato de que eu criticava de forma veemente a cusparada de um parlamentar em outro. Não importa de que lado eles estão; um parlamento (como o nome diz) é o lugar onde a palavra precisa ser respeitada sempre.

Da mesma forma eu considero como suprema tolice ver manifestantes de esquerda (porque o autoritarismo na direita me parece coerente) impedindo pessoas que apoiam o líder da direita racista e misógina de se manifestarem.

A propósito, para justificar o respeito à diversidade de opiniões o líder da esquerda americana usa os MESMOS argumentos que eu uso para defender a LIVRE expressão das ideias: “Afinal vocês tem medo dos argumentos dela?

Calar os outros, quando dessa manifestação não resulta delito (como incitação ao crime, racismo, etc) é SEMPRE um sinal de fraqueza. Mas agora não reclamem de mim, façam a queixa diretamente ao Bernie.

Atrás dessas manifestações está escondido – encolhido e envergonhado – o pânico de termos nossas ideias confrontadas e, desse confronto, a perda das certezas absolutas. Por esta razão, silenciar o outro nos oferece o falso convívio com “A Verdade” e o ilusório sentimento de termos vencido nossos opositores, quando na verdade apenas nos negamos – por medo e não por virtude – a escutar suas razões e sua visão de mundo.

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