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Cacarecos

Que tal um Natal com poucos cacarecos?

Pensem bem antes de dar presentes em festas comerciais!! No fim das contas pode sair muito caro. O stress, a exposição ao vírus, o custo inflacionado dos brinquedos a (in)utilidade do presente, etc. Será mesmo que vale a pena tanto esforço em troca de um carinho que pode ser recebido com a simples presença e a comunhão?

Não esqueça que o presente verdadeiro nessa negociação capitalista é o impacto no sujeito causado pela fugaz gratidão infantil. Ela dura poucos minutos e depois o apetite de afeto das crianças exigirá mais presentes, e assim indefinidamente. O desejo é infinito, os recursos não…

Meu conselho é que sejam fortes e resistam à pressão. Crianças que recebem presentes demais tornam-se insensíveis às coisas, aos objetos. É uma adição como qualquer outra; depois de um certo tempo só doses mais fortes conseguem produzir a endorfina necessária para o disparo da onda de prazer.

Não usem as crianças como lenitivos para seus traumas infantis. Graças às inúmeras faltas da infância é que desenvolvemos o desejo de conquistar algo mais na vida. “Toda conquista se faz a partir dos escombros de um fracasso”. Não permita que seus traumas prejudiquem seus filhos e netos. Acreditem no potencial deles em desenvolver criatividade, alegria e sucesso sem a necessidade de acumular coisas.

O Natal é o melhor momento para ensinar as crianças como suportar a frustração consumista.

Tenham todos um Feliz Natal com pouca coisa…

Veja outro post meu aqui

… e leia mais sobre o tema aqui

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Presentes

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Como estão vocês nesse corre-corre de fim de ano para comprar presentes para as crianças, filhos, netos, país, sobrinhos, cunhadas, irmãos, amigo-secreto, amigos, sogra, ufa…. Muito stress?

Eu, não…

Há mais de 30 anos que não compro nenhum presente de Natal. É verdade que também não ganho, mas o saldo me parece absolutamente positivo. Na minha família não há nenhuma vinculação das festas com comércio. Nem “lembrancinhas”. Nada. Nada para as crianças, nada de surpresas de Natal; nenhum pacote embaixo da árvore; nenhuma compra, nenhuma prestação, nenhuma angústia.

Não se trata de uma prescrição de “como deve ser”, apenas a confissão de alguém que fez diferente da maioria. Preferi transformar estas festas no que elas têm de especial: reencontro, abraços, conversas, família, retratos, sem concessões capitalistas. Não me arrependo.

Percebi que meus filhos nunca se traumatizaram com isso, até porque nada me impede de dar um presente quando quiser. Posso presentear minha mulher ou minha filha por passar na frente de uma loja e lembrar de algo que disseram ou que desejavam. Entretanto, não preciso usar estas festas para uma busca angustiante por presentes, subvertendo sua origem de comunhão e busca por congraçamento.

Para lidar com a pressao dos filhos e da sociedade expliquei que o Natal não era feito pra isso. Eles não engoliram, mas aceitaram. Falei que eles não precisam tanto de “cargo”, de coisas, e que eu compraria quando achasse possível ou achasse adequado.

Mas… vejam bem. Não havia a radicalidade de nunca comprar coisas para as crianças ou familiares, apenas a ideia de DESVINCULAR essas coisas do Natal.

Há um outro detalhe, que sempre me fez pensar a respeito dos presentes. Tenho uma amiga que dá muitos presentes para os netos, até de forma exagerada. Um dia eu lhe disse “Olhe bem, ele não precisava disso, e essas coisas estragam em uma semana!!“. Ela me respondeu fazendo uma cara de criança: “Mas tinhas que ver a cara dele quando abriu o presente. Ele me abraçou e disse ‘Eu te amo vovó’. Ninguém resiste, né?”

Sim, ninguém resiste. Nesse momento me dei conta que não era a criança que recebia o presente; era ela. O objeto era usado, inconscientemente, para comprar aquele momento irresistível de amor, comprimido em um abraço e uma frase. O presente não é o que a gente vê; ele tem uma dinâmica enganosa e dissimulada, e a sua pior face é usar uma criança para suprir nossa carência de amor. Compramos, por alguns vinténs, um carinho e um beijo.

Não me parece justo que as crianças paguem por isso. Aliás, o presente em si, sua matéria, é o que menos importa. O gozo não está nele, mas esperar por ele, e por isso mesmo perde o valor tão logo alguns minutos se passam depois da explosão inicial de prazer. Ali, no vazio deixado pelo brinquedo ou pelo vestido novo, surge de novo a angústia pela repetição do gesto, angústia essa que presente algum poderá jamais saciar.

Olhando o Natal se aproximar penso apenas que ainda terei alguns natais com a família toda reunida, e que esta é a única surpresa de fim de ano que vale a pena aproveitar

Estar presente, ao invés de dar presentes.
Para ler outra crônica sobre o mesmo tema veja aqui

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