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Lacração Futebolística

Não adianta tentar passar pano… não consigo aceitar esse tipo de preconceito. Passei anos escutando as jogadoras de futebol insinuando que receber menos para jogar futebol do que recebem os homens era algo errado, uma disparidade injusta. Afinal, elas estariam sendo mercenárias por quererem mais dinheiro para jogar? Desejar ser bem pago pelo seu trabalho é uma falha moral? Por acaso as mulheres são mais dedicadas, éticas, corretas do que os homens? Mulheres amam o esporte e homens só o dinheiro?

Os homens têm uma história muito mais antiga com os esportes profissionais, enquanto as mulheres somente há pouco foram se profissionalizando. Todavia, a forma como nos adaptamos à realidade do capitalismo tem a ver com o mercado, não as questões morais. Nada me faz crer que as garotas seriam diferente dos rapazes se fossem colocadas diante dos mesmos dilemas, negociando premiações, salários, “bichos”, etc. Por acaso Serena Williams não se dedica ao esporte de maneira profissional, sendo regiamente paga pelas raquetadas que dá? Por acaso jogaria de graça? É possível dizer que a grande tenista é uma mercenária, uma “vendida”?

Como seria chamado um homem que fizesse uma postagem semelhante a essa, desmerecendo as qualidades morais das mulheres e enaltecendo a dedicação e o caráter dos homens, criando entre os gêneros uma barreira de ordem ética? Tem um nome para isso, não?

Minha tese é que estas publicações sexistas, ao invés de exaltarem as mulheres, apenas validam o machismo.

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Cor-age

A medida da coragem é o risco. A medida do risco é a perda. A medida da perda é o valor. A medida do valor é o caráter. Para alguns quando a coragem se faz necessária não há firmeza no caráter que a sustente.

Jean Julien Dubois “A Guerra sem alma”, ed. Junot, pág. 135

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Ícaro

O maior inimigo do sujeito é a arrogância; a autoconfiança exagerada produz as maiores tragédias. Por certo que é difícil o exercício da contenção e da humildade quando as rêmoras que cercam o tubarão não se cansam de elogiar suas habilidades e talentos. Todavia, a autoestima delirante é tão viciante quanto ilusória. A queda, portanto, é sempre espetacular. A tragédia que vemos na cúpula da República de Curitiba é o melhor exemplo da queda de Ícaro, pois os falsos heróis que hoje se encontram esfacelados, outrora vagavam cegos em direção ao sol, hipnotizados por seu brilho ofuscante.

O poder irrestrito é a única régua para medir o caráter.

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Diplomas vazios

Gente que estuda, se forma, que entra na universidade, faz mestrado e doutorado pode ser muito mau e muito cruel. Pode até ser burro em muitas coisas, mas será tudo isso com bons modos à mesa. Não há nenhum ganho de caráter com o prolongamento dos estudos, apenas sofisticação intelectual envolvendo uma boa ou má personalidade.

Jeffrey Burns, “No public connection”, ed. Warren, pág. 135

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Ricos

“Não creio que os ricos tenham um comportamento social diferente por um defeito de caráter ou uma perversidade inata da alma. Esta é uma questão cultural. Vejam que eu aqui uso “rico” para me referir ao sujeito que anda com seu próprio avião e coleciona Porsche, e não o que popularmente chamamos assim, apenas porque tem uma casa bonita e um carro novo. Seu comportamento diferente de nós não se dá por  uma questão essencial, mas a compreensão de que o acúmulo de poder em forma de capital – em especial desde a mais tenra idade –  faz com que os absurdamente abastados vivam em um mundo à parte, com seus valores próprios, onde os outros não possuem o mesmo valor que eles se atribuem, por isso mesmo se escondem no Olimpo gradeado onde vivem. Sequer as coisas que seu muito dinheiro compra valem o quanto sentimos que valem, em nosso mundo de valores poucos.

Por isso acredito que a riqueza, assim como a pobreza, a beleza extremada e até a delicadeza são fardos que o sujeito carrega, por mais estranho e paradoxal que isso possa parecer. Se possível fosse, pediria antes de chegar a este mundo que não recebesse o fardo da beleza, para não sucumbir à vaidade e à puerilidade. Também não gostaria de ser rico para não tratar meus iguais como coisas etiquetadas, retirando deles todos sua condição humana. Pediria que a delicadeza fosse temperada com pitadas generosas de força para não correr o risco de sucumbir aos baques do mundo por faltar-me a força e a energia. Em suma, pediria que estes fardos fossem aliviados para que nenhum deles fosse capaz de obstruir a tarefa de conquistar a humildade.

Nunca esquecerei da frase enigmática que o meu pai disse quando eu estava em plena adolescência e na angústia natural de conseguir dinheiro e independência: “Se quiseres me destruir basta me dar 1 milhão e estarei arruinado“. Para mim sua frase parecia totalmente incompreensível, mas hoje, ao ver diminuir paulatinamente o valor monetário de qualquer coisa ao meu redor, sua frase pode, finalmente, fazer sentido.”

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