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Filhos

Do ponto de vista pessoal a decisão de não ter filhos é inquestionável. Não apenas é um direito de qualquer individuo como é algo que deve ser respeitado como uma opção válida para a vida. Prefiro que aqueles que não gostam de filhos não os tenham, ao invés de ser obrigado a testemunhar o triste espetáculo de pais e mães que não amam seus próprios filhos. Ser filho de um pai que não gosta e/ou não valoriza a importância da paternidade é uma tristeza imensa; hoje sabemos da significado profundo da figura paterna e seu efeito protetor sobre o futuro de qualquer criança. Entretanto, pior ainda será se esta falta de afeto vier de sua mãe, pois o vazio de amor materno se configura uma tragédia insuperável. Portanto, nenhuma crítica à decisão soberana de sujeitos e casais sobre controlar seu destino reprodutivo; trata-se de um direito inalienável de todo sujeito.

Já do ponto de vista social, enquanto tendência de comportamento, creio que este movimento childfree algo lamentável pois ameaça a própria existência da espécie humana e expõe uma “doença cultural”, na qual a manutenção da vida humana sucumbe diante da exaltação de prazeres egoísticos – como viajar ou andar sem roupas pela casa, segundo consta no texto do casal na matéria veiculada na Internet. Em termos culturais, e até sociológicos, o discurso de estimular casais a não terem filhos pode – e precisa – receber o devido contraponto. Em verdade, isso já acontece. Muitas pessoas questionam as motivações “reais” das pessoas que não desejam filhos, mesmo que aparentemente exponham racionalizações eficientes, como “a pobreza no mundo”, a “violência urbana”, “as dificuldades crescentes no capitalismo” e etc. Entretanto, questionar racionalmente orientações que não são produzidas pela razão só poderá trazer como resposta uma frágil explicação encobridora. A razão verdadeira para ter – ou não – filhos está escondida nos estratos mais profundos do inconsciente.

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Childfree

Sobre páginas “Childfree” – grupo de pessoas que combatem a discriminação contra indivíduos sem filhos…

Minha percepção sobre estas comunidades nas mídias sociais é que TODAS essas páginas de grupos oprimidos passam pelo mesmo processo. Observe bem: se você fizer uma página de pessoas negras que lutam contra o preconceito racial com o tempo vai aparecer alguém que odeia brancos e deseja destilar todo o seu ódio contra essas pessoas, devolvendo a violência que sofre com mais violência – agora com sinal trocado. Certamente serão uma grande minoria, mas a veemência de seu discurso, fruto de dores continuadas, fará sua voz reverberar mais alto do que a maioria silente.

Da mesma forma, se um grupo feminista se une para combater a opressão machista vão inevitavelmente aparecer mulheres com discurso de ódio – e não contra os machistas, mas contra todos os homens. É fácil descobrir quem são: rapidamente dizem que o estupro é algo “natural” para todos os homens, são todos “esquerdomachos“, não passam de “escrotos” e não são dignos de nada. Escrevem sobre a superioridade moral de um gênero sobre o outro e, apesar de serem minoria, acabam contaminando os grupos com a potência do seu ressentimento. Devolvem a opressão que dizem sofrer com ódio, exclusão, violência e vingança.

Os grupos “childfree” eu pouco conheço. Minha posição de admiração ao parto e às crianças nunca me permitiu qualquer aproximação com pessoas que desprezam esses aspectos essenciais da vida. Entretanto, a escolha PESSOAL de não ter filhos é tão respeitável quanto qualquer outra. Eu não diria o mesmo de uma postura institucional ou proselitista – pois ela atenta contra a própria continuação da vida humana no planeta – porém, esta decisão pessoal, como qualquer outra, precisa ser respeitada.

Esse grupo não poderia fugir da sina de todos os outros. Se foi mesmo criado para combater o preconceito contra sujeitos que decidem não ter filhos, rapidamente atraiu pessoas cujos traumas pessoais as levam a odiar crianças, grávidas e casais que desejam engravidar. Não há como evitar que estes nichos se tornem atraentes para o deságue de ressentimentos e rancores antigos de pessoas cuja vida é salpicada de traumas.

Cabe a quem coordena tais ambientes depurá-los de indivíduos que usam uma boa causa – combate ao racismo, feminismo e preconceito contra sujeitos sem filhos – como palco para que seu drama pessoal seja encenado e onde possa distribuir sua mágoa destrutiva.

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