Lembrando: o que leva uma pessoa realmente a desejar – ou não – ter filhos não vai aparecer nas palavras diretas de um bate papo frugal, ou na primeira consulta com seu terapeuta, e muito menos pode ser resumido com racionalizações simplórias. As razões para uma decisão tão importante quanto a (não) se reproduzir estão bem resguardadas da vista desarmada, escondidas nos porões mais profundos do inconsciente, exatamente porque sua gravidade demanda este nível de proteção. Simplificar nossas motivações, desenhando linhas retas de causa e efeito, é sempre sedutor… e invariavelmente errado.
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Cabeça certinha

Discordo apenas da cabeça arrumadinha do psicólogo. Essa imagem pode dar a entender que a cabeça dele está com as neuroses ajeitadas, dobradinhas dentro das gavetas, empilhadas em perfeita ordem. Já a imagem do pincel significa que as formas “modernas” listados ao lado não se propõem a mudar a estrutura do Cubo Mágico – nossa alma – mas tão somente falseiam a sua aparência com recursos exógenos e, portanto, fugazes.
Creio que a angústia do terapeuta não é menor é nem menos dolorosa do que a de seus pacientes. A escuta não pressupõe ausência de neurose, mas o entendimento de suas representações e esconderijos.
Lembro de um velho psicanalista me contando que a escolha para seu terapeuta foi guiada pela escolha do mais “normal”, o mais humanamente imperfeito. Assim também eu penso.

Sobre os gurus, outro exagero. Entre os exemplos de guru que eu conheci em toda a minha vida – aqueles que colocados nessa posição se acomodaram a ela – NENHUM deles cabe na definição de “mente organizada”. Seria útil ter uma visão menos idealizada desses personagens. Eles são mensageiros de uma nova perspectiva de mundo, mas ela também é repleta de contradições e paradoxos. Em verdade eles são criados pelas nossas próprias projeções, muito mais do que pelas suas qualidades.
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Psicólogo
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