Kardec e o Racismo

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O racismo (inquestionável ao meu ver) de Allan Kardec, criador do espiritismo, foi abordado por alguém em uma conversa recente, mas foi posteriormente deletado por ter gerado muitas reações “acaloradas”. Eu não vejo nenhum problema em questionar essas figuras históricas à luz de novas ideias e visões de mundo.

Apesar do Espiritismo não ter sido criado para ser uma religião, mas um suporte às religiões, ele acabou se tornando uma espécie de “seita cristã”, em especial pelo seu florescimento no Brasil, um país marcadamente cristão.

Todas as religiões são construções humanas, e o espiritismo não poderia fugir à está regra. Não existe nada na cultura que não seja derivado de necessidades humanas. As religiões monoteístas são criações das sociedades antigas para envolver de magia e transcendência ordenamentos sociais adaptados à época em que floresceram. O “racismo” de Kardec pode (deve) ser criticado hoje, mas na época em que foi escrito não causou nenhum alarde. Minha tese é que estas características e perspectivas de mundo não podem ser divorciadas do seu tempo. É necessário fugir do anacronismo dessas condenações.

Lembre que no século XIX estava no auge o colonialismo europeu em África e existia um consenso “científico” sobre a inferioridade intelectual dos negros. Não se trata de perdoar ou passar a mão, mas entender em que contexto estas obras foram escritas. É a mesma crítica que se faz à homofobia de Che Guevara; seus comentários ocorreram nos anos 60 quando “homossexualismo” era considerado uma doença degradante. Portanto, é importante mostrar essas contradições, mas ao mesmo tempo entender que se tratam das inconstâncias e contradições de um homem diante dos valores do seu tempo.

Como deveríamos julgar alguém sendo criticado por “escravizar sexualmente seu parceiro” por exercer a monogamia, quando esta tiver sido extinta no século XXIV?

Devemos acusar também Vinicius de Morais, Fernando Pessoa e Humberto de Campos por suas posturas abertamente racistas, e pela misoginia que aparece em seus textos?  Ou entender que a obra deles só pode ser entendida no contexto em que viveram?

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