De novo fatos semelhantes ao episódio do Charlie Hebdo sacodem a França, um país que, após uma história de colonialismo espoliador e cruel, hoje recebe milhões de imigrantes do Magreb, numa curiosa reversão de fluxo humano.
Um professor mostra a caricatura do profeta Maomé em aula, o que causa revolta dos alunos e seus pais muçulmanos. A atitude dele foi temerária. Riscou fósforo em um paiol de pólvora étnica. A questão é que não se trata apenas de debater a liberdade de expressão (da qual sou amplamente favorável) mas sobre o uso dela como veículo de racismo e exclusão em um país cuja ação criminosa na África ainda não teve todas as cicatrizes curadas. Se o seu assassinato é condenável pela motivação religiosa, por sua estupidez e barbarismo, as publicações que se escondem por trás da liberdade de expressão para fomentar racismo também deveriam ser questionadas.
Todavia, qualquer que seja o questionamento, não é mais admissível que estas questões sejam solucionadas com violência desmedida e covarde.