Quando meus filhos eram pequenos eu também era muito jovem; antes que eu chegasse nos 30 ambos já eram alfabetizados. Agora, observando as brincadeiras dos meus netos, descubro que o mundo deles é baseado na produção de regras e limites. Qualquer jogo ou disputa é precedida de um extenso desfiar de regras, do que pode ou não pode, do que é lícito e o que é proibido.
“Vamos fazer que a gente era transformers, mas tu não pode me atacar e só pode usar as armas comuns, e eu posso usar esses poderes aqui”. Eu fico encantado com esses diálogos pois eles são a encenação lúdica dos dilemas angustiantes que carregam em sua adaptação ao mundo. Tudo depende se pode, se foi combinado, se vale, se deixam, etc. É com o eles enxergam o mundo: um lugar cheio de interdições civilizatórias chatas e incômodas.
Na minha juventude eu fui esmagado pelo peso torturante das ideias, algo que me envolveu de forma completa e onde me joguei de maneira compulsiva. Não tive tempo e/ou sabedoria para saborear essas lições maravilhosas com meus filhos, pelo menos não o quanto deveria. Hoje, já consigo parar e escutar dos meus netos a beleza destes encontros, saboreando a dor e a delícia que vivenciam enquanto crescem.
Quero ter saúde só para curtir essas maravilhas mais um pouco…