E no meio da multidão Tadeu e Josias debatem sobre os ensinamentos recém recebidos. Junto com tantos outros eles se aglomeraram na pequena vila na Palestina para escutar as palavras de Paulo, o Apóstolo dos gentios.
– Jesus? Não sei, nunca confiei. Mania de andar com pobre e puta. “Divida o pão e o peixe”? Qualé rapá? Achei dinheiro no lixo? Se ele acha mesmo que tem que dividir, por que não dividiu a túnica dele? Que ande pelado, aí sim quero ver. E viu como ele chegou em Jerusalém? Montado num burrico. Agora diga… comunista de burrico? Queria ver chegar a pé, cheio de bolha nos dedos. Vai pra Galileia!!! Depois que foi pra cruz e ressuscitou virou esquerdalha, mas tinha que ver o vinho que eles tinham na última ceia!! Coisa boa, importado. E tu acha que chamar Leonardo da Vinci pra pintar saiu barato? Esses caras cobram o olho da cara e só trabalham prá meia dúzia de riquinhos. “É arte moderna” dizem eles. Tudo comuna rabanete; vermelho por fora branquinho por dentro. Explica essa mané: se Roma é tão ruim assim por que todas as estradas levam pra lá? Agora diz aí quantos romanos querem vir morar na Palestina? Tem gente que se joga no Mediterrâneo pra chegar lá a nado e morre afogado no meio, mas me diz onde está o pessoal que prefere vir para cá, comer areia em Nazaré.
– Cara, são perspectivas, pontos de vista. Tenha calma antes de julgar. Agora fique em silêncio que o palestrante principal vai falar.
– É quem é?
– Não sei, mas é um operário sem dedo. Jesus costumava chamá-lo de “meu garoto”.
– Hummm, da pra sentir daqui o cheiro da mortadela. E essa multidão aí, tudo pago. Todos mamam nas tetas. Pode apostar que essa mamata vai acabar.
– Rapaz, você nunca vai entender, nunca…