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Imprensa

“Jornalismo é publicar algo que alguém não quer que se publique; o resto é publicidade”.

A frase acima foi erroneamente atribuída a Orwell e até Hearst, mas é mais antiga que ambos. Ela encerra uma grande verdade: o jornalismo serve para expor as entranhas do mundo, mostrar o que não querem que seja mostrado, trazer a luz o que está escondido. Serve para criar desconforto, trazendo à nossa frente o espelho do mundo para que possamos nos angustiar com a imagem refletida. Só a dor de ver nosso reflexo pavoroso pode nos mobilizar em direção à necessária transformação. Já a outra frase, criada pelo jornalista Joseph Pulitzer, que dá nome ao maior prêmio de jornalismo dos Estados Unidos, nos anunciava que o poder de manipular as massas através do controle da informação poderia tornar o cidadão comum em um mísero joguete na mão dos poderosos.

Israel lançou neste domingo (26/maio/2024) mais um ataque violento a Rafah causando a morte de pelo menos 45 pessoas – crianças e mulheres em sua maioria – instantaneamente incineradas; foram queimados vivos pelos chacais de Israel. Ao invés de “câmaras de gás” agora as vítimas do fascismo são torradas a céu aberto. Nenhuma palavra foi escrita sobre sobre esse ataque monstruoso nos jornais do “mainstream”. A grande imprensa, controlada pelo sionismo, silencia diante da barbárie racista e imperialista, e isso deixa claro que as grandes instituições de imprensa não retratam os fatos, mas se ocupam na montagem de uma “narrativa”. O jornalismo imperialista produz uma ficção criada sobre a visão ocidental, imperialista, opressiva, a qual controla a mente de grandes parcelas da população através dos seus inúmeros meios de comunicação.

Isso nos ensina como as gerações do passado foram manipuladas para fazer do nazismo uma proposta sedutora e de Adolf um grande líder. Por isso ele mereceu ser capa da Revista Time, exaltado por multidões, admirado até pela coroa inglesa e imitado até hoje. Essa avalanche de propaganda e lavagem cerebral também mostra como pudemos aceitar Collor, Temer, Deltan, Sérgio Moro e até Bolsonaro como figuras públicas de sucesso – até que seus malfeitos se tornaram deletérios para o próprio sistema.

A imprensa, como nós a concebemos ainda hoje, é uma máquina de conformismo, uma das mais eficientes ferramentas de manipulação da realidade. Seus donos sequer se importam com os balanços negativos do seu negócio, pois que estas instituições funcionam como fantásticas peças de pressão política, escondendo o que não convém mostrar (como o holocausto palestino), criticando banalidades dos inimigos (como o casaco vermelho do Ministro Pimenta) e tratando toda e qualquer nação como “ditadura” ou grupos como “terroristas”, bastando para isso que este país se rebele contra os desmandos do império ou que se organize para combatê-lo.

A democratização imposta pela Internet ameaçou a hegemonia e o monopólio de informação imperialistas. Não fosse pelas redes sociais jamais saberíamos dos crimes contra a humanidade cometidos agora por sionistas na Palestina. Mesmo a Al Jazeera seria boicotada nas redes de TV do Brasil e do mundo, como já ocorreu no passado e como acontece ainda hoje com as redes russas. Teríamos a mesma cobertura hoje que o Nakba teve em 1948: uma rede infinita de mentiras, falsos heróis, apagamento dos massacres, exaltação dos terroristas sionistas e o tratamento acusatório contra as próprias vítimas da limpeza étnica. O fato de ser possível hoje – pelo menos – contrapor-se às fraudes sionistas é um sopro de esperança para quem sonha com a disseminação plural e irrestrita da verdade, mesmo que ela possa, de alguma forma, nos desagradar.

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Um Morto Muito Louco

Muitos ainda se perguntam: o que une as personalidades de Bolsonaro, Milei, Boris Johnson e Trump? Qual o traço que os transforma em íntimos e semelhantes? O que os fez surgir no mesmo lapso curto de tempo, quase contemporâneos? Como é possível entender este fenômeno de forma unificada, tentando traçar uma linha de coerência e causalidade em suas aparições no cenário político internacional?

Creio que a resposta, como sempre, está em Marx. As crises do capitalismo e a falha deste sistema em equilibrar um modelo econômico e político fadado às crises cíclicas, produz este tipo de aparições bizarras: o surgimento de salvadores da pátria, sujeitos enviados para resgatar nossa grandeza perdida, trazer de volta nossa perspectiva de futuro, políticos que desprezam a política, atores sociais “sem ideologia” mas que a transpiram por todos os poros. Eles são sinalizadores macabros da transformação, o desespero de um modelo falido em manter-se vivo. Gramsci já havia deixado claro que é exatamente nesse espaço entre a morte do velho e o nascimento do novo que surgem os demônios e toda a monstruosidade guardada vem à tona.

Ou seja: estas figuras já estavam previstas pela própria natureza íntima do capitalismo. Inclua Netanyahu nessa lista de psicopatas surgidos em meio a crises brutais (como Adolf surgiu) e percebam como o Estado Racista Colonial de Israel já morreu e está apodrecendo à vista desarmada. Entretanto, enquanto não floresce a revolução que levará à igualdade é inevitável o aparecimento deste tipo de monstros, e com eles os seus delírios. Todos esses personagens são filhos de seu tempo e de suas circunstâncias, elementos que surgem do desespero em manter vivo um corpo que já se decompõe.

Aos poucos se fortalece a consciência de que a mudança não ocorrerá usando as mesmas estratégias de sempre imaginando com isso encontrar resultados diferentes. Um novo “acordo de Oslo” não dará fim ao conflito na Palestina e muito menos ainda a deposição do líder monstruoso de Israel. A solução está muito distante das tentativas até agora utilizadas, todas falhas memoráveis que apenas agravaram a situação. Da mesma forma, a troca de Biden por Trump será apenas o câmbio de uma fantasia, pois no imperialismo quem o controla as grandes corporações farmacêuticas e de informação também detém o aparente poder político. Quanto à direita fascista da América Latina ela continuará existindo reciclando seus nomes, passando de crise em crise, trocando o salvador da ocasião, até que o próprio capitalismo seja substituído por um sistema menos violento em sua natureza segregacionista de classes.

Nenhum desses nomes representa o mal em si; todos eles são personagens que desempenham o papel de manter as aparências do capitalismo defunto, como na comédia “Um Morto muito Louco”, de 1989, onde uma dupla de camaradas carrega o amigo morto fingindo que ainda está vivo. Assim fazemos nós, transportando o corpo inanimado de um projeto de sociedade que já não é mais capaz de oferecer ao mundo a equidade, a liberdade, a estabilidade e o respeito ao meio ambiente que todos necessitamos.

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Dalai

Não vi e nem quero ver o vídeo do Dalai, mas vamos combinar que, a despeito do que ocorreu, esse é um personagem que foi exaltado pelos Estados Unidos como parte de uma propaganda anti-China. Não há – e nunca houve – nada de muito especial neste personagem. Quase tudo o que se diz sobre ele faz parte de uma narrativa construída para tratar os chineses como vilões e o pobre Dalai como uma vítima dos malvadões comunas.

“O XIV Dalai Lama é um anticomunista ferrenho que herdou o trono do território do Tibet e criou a resistência pró-imperialista a partir do Chushi Gangdruk, uma milícia guerrilheira apoiada pelo governo fantoche chinês de Chiang Kai Chek e o partido vassalo Kuomintang (partidos que se refugiaram na ilha de Taiwan). O “pacifista” Dalai Lama, com apoio do Presidente dos Estados Unidos Dwight D. Eisenhower (e com uso da CIA), forneceu armas, munições e treinou Gang Chushidruk, a fim de fortalecer a guerra por procuração contra Mao Tsé Tung. Além dessa milícia pró-ocidental, a CIA apoiou outros grupos de guerrilha no local”. (Via DCO)

Apesar de ele ser o líder no exílio de uma teocracia violenta, medieval e criminosa no Tibet, o Dalai foi tratado pelo ocidente como se fosse um homem de rara sabedoria e elevação espiritual. Nunca produziu nada além de conselhos vagos sobre “amor” e justiça social – algo que não havia no feudo que comandava na Ásia. Talvez se a Rússia tivesse agido na operação especial contra seu vizinho nazista da mesma forma como os cães raivosos americanos atuaram em suas invasões – usado a estratégia “shock and awe” – para expulsar Zelenski da Ucrânia, hoje o comediante estaria nos Estados Unidos sendo celebrado e tratado a pão de ló como um “guru ucraniano no exílio”, falando trivialidades e escrevendo livros de autoajuda (talvez usando um ghost writer para isso), dando especial enfoque à paz, à liberdade e à “autonomia dos povos”.

Se você acha a comparação “forçada”, pense em como Adolf, Tio Joe, Sadam Hussein, Osama Bin Laden e tantos outros foram tratados como heróis por um tempo, e depois como vilões terríveis pelo Império, dependendo se agradavam ou não os interesses imperialistas.

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