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Terrorismo

Responda com honestidade: qual a diferença entre um carro bomba arremessado contra um mercado e a explosão de pagers indiscriminadamente em Beirute no Líbano, inclusive atingindo médicos, enfermeiras e crianças? Pois o primeiro era chamado de “terrorismo” há alguns anos, quando se queria acusar os palestinos de ações desesperadas cujo alvo era a população civil. Por outro lado, a explosão de artefatos de comunicação de forma abrangente, atingindo ativistas do Hezbollah – mas também profissionais da saúde e pessoas comuns – agora é chamada pela imprensa ocidental burguesa de “ação de inteligência”. O uso de “dois pesos e duas medidas” para analisar um e outro fato não nos deixa nenhuma dúvida: temos um jornalismo imundo, sionista e imperialista, que tenta cotidianamente mentir, para assim mudar a narrativa em benefício do poder da burguesia. E com todo esse poder concentrado ainda tentam criar a ideia de que o totalitarismo é uma chaga do… socialismo.

Existe totalitarismo maior do que o torniquete de informações aplicado a milhões de pessoas simultaneamente pelas empresas de comunicação no mundo todo? Como podemos entender que a barbárie e o morticínio de milhares de crianças na Palestina não provocaram a devida e necessária indignação no ocidente se não pelo controle midiático aplicado pelo consórcio internacional de telecomunicações? Se é possível comprar toda a imprensa esportiva nacional para se calar sobre a jogatina desenfreada, o roubo escancarado e a falcatrua disseminada das “apostas esportivas“, mais fácil ainda é filtrar o que ocorre no Oriente Médio para tratar os brutais opressores e abusadores sionistas como “vítimas” do ataque palestino, apagando das manchetes os mais de 70 anos de brutal opressão, abuso, fome induzida, encarceramento, assassinatos e limpeza étnica, e criando a falsa ideia de que “tudo começou em 7 de outubro”.

Que existe uma ação genocida intencional na Palestina isso já não é mais passível de debate. Todas as ações de Israel ao longo da história, foram no sentido de boicotar qualquer direito dos palestinos às suas terras e, sempre que possível, “aparar a grama” (mowing the lawn) matando o maior número possível de palestinos nestas iniciativas mortais. Jamais houve qualquer interesse em produzir um acordo, mesmo quando este foi acenado e aceito pelos representantes palestinos. Israel é uma fábrica infinita de mentiras, engodos e falsidades. Misture isso tudo com a total impunidade no plano internacional – pela adesão inconteste do imperialismo aos interesses regionais de Israel – e teremos um país onde a tortura é exaltada, o holocausto palestino celebrado e as bombas caindo sobre o campo de concentração a céu aberto de Gaza um espetáculo aplaudido pelos colonos israelenses dos territórios ocupados – a escumalha fascista do ocidente.

Sem que o mundo tome ações vigorosas de bloqueio total a Israel continuaremos a ver o crescimento vertiginoso dos massacres. Nada para a máquina de morte de Israel, a não ser a força – a única linguagem que os sionistas entendem. Nesta guerra o mundo assistiu estarrecido ao fato de que os alvos israelenses não são apenas os soldados ou batalhões, sequer somente as guarnições ou os longos túneis sob a cidade de Gaza, mas as crianças e mulheres palestinas, pois sabem que elas são as matrizes e cuidadoras dos feridos e dos pequenos, enquanto as crianças representam o futuro da resistência.

O presidente Lula deveria usar do seu prestígio internacional e iniciar uma campanha internacional pela paz, rompendo com Israel e conclamando todas as nações do mundo a se juntem no esforço para um cessar fogo imediato e um bloqueio ao sionismo. Não existirá paz sem bloquear Israel e ameaçar sua integridade através de ações militares e diplomáticas. Se foi possível derrubar o apartheid na África do Sul, por que seria impossível fazer o mesmo com os racistas de Israel?

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Arquivado em Causa Operária, Palestina

Uma História Palestina

Palestine Kids

Uma história palestina

Você está andando na rua e um assaltante pega sua carteira e sai correndo. Você tenta correr atrás do malfeitor, mas logo percebe que não é tão veloz quando as atléticas pernas do rapaz. Mal havia se dado conta, mas é muito mais velho que ele. Persegue por duas quadras o jovem ladrão, até que consegue alcançá-lo. Talvez tenha sido pior. Com esforço consegue agarrar-se à velha e surrada carteira, mas isso deixa seus braços ocupados. Aproveitando-se de sua fragilidade e de estar sem possibilidade defesa, ele lhe espanca, quebra seu nariz, chuta seu estômago, rasga suas roupas, chama você de “velho nojento”, difama sua família e arranca seus cabelos. Enquanto você sangra jogado no chão, consegue ainda segurar a ponta da carteira – onde estão alguns trocados e a sua identidade – enquanto o ladrão a puxa com todas as suas forças.

Chega a polícia

Os dois são levados à delegacia. No trajeto, ainda na viatura, o jovem meliante continua lhe xingando, ofendendo, dando cabeçadas, enquanto você sangra e chora de dor e humilhação.

O delegado pede que os dois sentem à sua frente e pede que lhe digam o que aconteceu. Sem surpresa alguma o ladrão diz que encontrou aquela carteira onde não havia ninguém, que o dinheiro sempre foi dele, que não sabe de onde veio aquela identidade e que você está ferido apenas porque o agrediu. Os ataques se justificam porque precisou se defender dos seus tímidos chutes, puxões e beliscões.

– Que culpa tenho de ser mais forte?, ponderou ele.

Você pede ao delegado para que o jovem mostre a carteira. Lá dentro está exatamente o que você descreveu: sua identidade, seu talão de cheques, uns poucos trocados e a foto de sua esposa e filhos.

– Como pode o senhor negar as provas contundentes de que esta carteira me pertence? Como pode admitir essa violência? Como pode aceitar que tal crime ocorra? Como pode me acusar de agredir um jovem muito mais forte, se tudo que fiz foi lutar para ter de volta o que sempre foi meu?

O delegado dá um sorriso e diz:

– Vocês estão muito nervosos. Façamos o seguinte: o senhor entrega a carteira para o jovem e ele promete parar de lhe bater. Existem sempre dois lados em todas as situações. Vamos fazer um acordo?

Absurdo?
Não, realidade…

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