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Crime e Castigo

Cresce a disputa sangrenta entre facções do crime organizado em várias cidades brasileiras, motivada pelo montante de dinheiro que circula pelo comércio de drogas e pelas disputas imobiliárias. É sabido por todos que nas comunidades falta Estado, faltam recursos e as atividades ligadas ao tráfico são as mais sedutoras para os jovens sem perspectiva. Para muitos a situação é caótica e sem solução, tamanha a força que estas organizações adquiriram.

“Bandido bom é bandido morto”, vociferam os bolsonaristas. “Tem que deixar apodrecer na cadeia” gritam outros acreditando que as punições severas possuem a capacidade de inibir a realização de crimes. Essa é uma ilusão difícil de apagar em pessoas criadas com a ideia de que as penas severas são o melhor meio para mudar condutas criminosas. Inobstante a crença de muitos, é fato que as penas draconianas e leis mais rigorosas jamais fizeram a menor diferença para o decréscimo da criminalidade. Nunca houve diminuição da prática do crime pelo endurecimento das penas, veja o que aconteceu com o programa desastroso dos “Three Strikes” do governo Clinton ou mesmo com a aplicação da Lei Maria da Penha na busca por diminuir a violência contra a mulher.

Se o rigor punitivo estatal fosse algo positivo, a pena de morte teria dado certo no Brasil, já que foi instituída há décadas entre as organizações criminosas e nada mudou no obituário do crime do Rio de Janeiro. A resposta para a criminalidade não está na ação sobre as consequências, mas no complexo combate às causas. Enquanto houver uma sociedade dividida em classes, a propriedade privada dos meios de produção for algo sagrado e o uso de drogas for criminalizado, essa divisão será inexoravelmente mediada pela violência e pelo fatiamento da cidade em facções.

Punir os delinquentes em nada atinge a delinquência, pois que apenas atua na rotatividade de quem comete os crimes; a matriz se mantém ilesa. A prisão dos milicianos e chefes do crime nada abala o controle das comunidades e a distribuição de drogas, pois que a estrutura já é montada levando em consideração essas trocas. A solução, desculpem a insistência, é o fim do capitalismo. Enquanto tivermos tamanha desproporção na distribuição da riqueza, o resultado será sempre a violência.

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Crime organizado global

Para mim é esse o maior e mais grave subproduto cultural da pandemia: que a população, por causa das vacinas, passe a acreditar que as grandes farmacêuticas – empresas mafiosas e verdadeiros organizações criminosas organizadas em nível global – serão capazes de salvar a humanidade e, da noite para o dia, se tornarão indústrias corretas, angelicais e éticas.

Não acredito nessa possibilidade. Dentro do modelo capitalista o objetivo é sempre o lucro e, se para consegui-lo for necessário deixar o mundo mais doente, assim será feito pela BigPharma. É esta não é mais uma teoria conspiratória. A criação de diagnósticos fantasmas para justificar a venda de drogas ou tratamentos faz parte da história dessa indústria, basta uma rápida pesquisa.

Acreditar que a cura dos nossos males possa estar nas mãos de quem lucra com eles é a mais suprema e inaceitável das ingenuidades.

O transcurso da pandemia pode ser encurtado pelas vacinas, e esta é minha perspectiva hoje. Todavia, a solução deste dilema não se dará sem suplantar o capitalismo e sua lógica de crescimento desconectado da equidade e da justiça social, que é a marca do neoliberalismo em nível mundial.

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Indústrias Mortais

Repito: o major problema desse embate Hidroxicloroquina X Vacinas” é que, em nome da ciência e contra o obscurantismo, acabamos colocando em evidência e tratando como vestais as indústrias mais poderosas, imperialistas, mafiosas e criminosas do mundo. É como se, para nos livrarmos de uma invasão estrangeira, fosse necessário se ajoelhar aos milicianos e pedir ajuda aos jagunços que agem para os latifundiários.

Digo isto porque está circulando um texto ingênuo que, a pretexto de combater o negacionismo científico, exalta empresas como a Pfizer, com larga história de crimes contra a saúde pública.

Deve haver uma solução mais profunda para estas pandemias. Devemos analisar esta atual crise sanitária mundial como a ponta do iceberg porque as razões de seu aparecimento – a continuada agressão ao meio ambiente – não estão sendo combatidas pelas grandes nações industrializadas.

Talvez a forma para exterminar o risco de pandemias seja mesmo através do extermínio do capitalismo e sua lógica predatória. Mas para isso será preciso acordar as massas de sua letargia.

Veja o que nos diz Dr. Peter Gotzsche, fundador da Biblioteca Cochrane:

“Some pharmaceutical companies have been caught and fined for their activities. For example, Gøtzsche details how during 2007–12, in the USA, Abbott, AstraZeneca, Eli Lilly, GlaxoSmithKline, Johnson and Johnson, Merck, Novartis, Pfizer, and Sanofi-Aventis were fined from $95 million to $3 billion for illegal marketing of drugs, misrepresentation of research findings, hiding data about the harms of the drugs, Medicaid fraud, or Medicare fraud. However, some companies seem not to be deterred and apparently regard fines as marketing expenses.

“Fundamentally, I think capitalism and health care go very poorly together”, Gøtzsche told The Lancet. In his book, he recommends several reforms to address this issue. He claims that, like tobacco marketing, drug marketing is harmful and should be banned. Gøtzsche also stresses the need to remove the for-profit model and to radically reform the currently impotent or too-permissive drug regulation. His unequivocal opinion is that the pharmaceutical industry should not be allowed to do trials of its own drugs because being both the judge and defendant is a conflict of interest. Ideally, non-profit enterprises should invent, develop, and bring new drugs to market.

Removal of the link between the costs of research plus development and the price of drugs would, Gøtzsche believes, address the unaffordability and unsuitability of the current medical innovation model, and reduce the incentives for the development of me-too products (ie, variations of known substances) and marketing and promotion of drugs that might not be used rationally or are no better than the existing alternatives.”


Veja aqui a matéria completa publicada no Lancet.

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