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Medicina e capitalismo

Uma das coisas que mais me chocou nestes últimos anos em que convivemos com a pandemia foi a facilidade com que juntamos a ideia de um elemento salvador externo (uma vacina) com o conceito de “ciência”. Neste tempo todo em que vimos a doença se espalhando era fácil notar que o mundo caberia em dois grandes grupos: os “crentes” (nas vacinas) e os “descrentes”, que acreditavam em outras coisas, diferentes da crença oficial.

Neste período, 99.9% das pessoas que colocaram “vacina para todos” na sua foto das redes sociais não tinham ideia do quanto é complicada sua elaboração, sua fabricação, seu transporte e a mensuração de seus efeitos e parefeitos maléficos. Também não tomaram conhecimento da pressão política para admitir uma vacina com tão pouco tempo para testes. A conexão sempre foi retilínea: vacinas = tecnologia, a qual, por sua vez, obedece os ditames da ciência. Não havia espaço para muitas perguntas, e qualquer um que ousasse questionar a estrutura de segurança e real efetividade dessas drogas ganhava imediatamente o carimbo de “negacionista“, um selo que a ninguém interessava receber.

Eu mesmo, apesar de passar décadas tendo uma postura de fundamentada desconfiança com as empresas que produzem drogas, fui vacinado. Não poderia suportar as críticas caso alguém próximo ficasse doente, ou mesmo positivo para o vírus. Tomei a atitude menos conflituosa: mesmo não tendo todas as informações que gostaria para uma escolha consciente, e mesmo testemunhando contradições graves na narrativa oficial, resolvi quebrar um jejum de mais de 30 anos sem tomar qualquer droga. Ahhh, sem surpresa, mesmo vacinado tive Covid duas vezes…

Todavia, minha curiosidade com a questão se manteve intacta. Não conseguia entender porque o debate sobre as vacinas não podia ocorrer abertamente. Testemunhei a debacle da Cloroquina e da Ivermectina, que foram colocadas contra a parede exigindo-se delas as provas de sua eficácia, enquanto das vacinas pouco era exigido. Ficou claro que estas ultimas eram ungidas com o óleo da confiança mística, o selo de “ciência” para além de qualquer prova que porventura pudessem apresentar. Basta uma simples pergunta sobre as diferenças de mortalidade por Covid 19 entre a África – pouco vacinada – e o ocidente – maciçamente vacinado – para desencadear uma série de acusações por parte daqueles que acreditam piamente na superioridade do paradigma vacinal.

Até o conceito de vacina precisou ser modificado para que estas drogas fossem utilizadas com este nome. Houve uma campanha gigantesca em seu favor e, tanto aqui quanto no centro do Império, políticos usaram sua posição quanto à vacinação como plataforma de discurso público. Por isso é que no Brasil e nos Estados Unidos os presidentes de extrema direita no cargo tiveram posturas que chamamos “negacionistas”, cujas ações retardaram o uso das vacinas ou dificultaram seu uso.

Esta luta acabou colocando pessoas como eu na mais incômoda das posições. Como seria adequado se posicionar diante da luta entre dois gigantes por quem se tem profunda contrariedade? De um lado governos de direita, abusivos, misóginos, lgbtfóbicos, anti imigrantes, liberais na economia, conservadores nos costumes, destruidores do Estado e machistas. Entretanto, do outro lado se encontra a indústria mais poderosa e antiética do planeta, que obtém lucros através do adoecimento da população, envolvida em escândalos de toda ordem, de falsificações, negligência, conspirações, golpes de Estado, mentiras e até assassinatos. Peter Gotzsche (Medicamentos Mortais e Crime Organizado) e Márcia Angell (A Verdade sobre os Laboratórios Farmacêuticos) em seus livros nos oferecem uma imagem bem clara – apesar de incompleta – da capacidade destrutiva desse empreendimento. Em ambas as pontas dessa disputa eu via a mão suja do capitalismo manipulando corações e mentes.

A indústria farmacêutica é um lobo de Wall Street disfarçado de ciência salvadora e de tecnologia redentora – que pretende nos salvar dos desastres e da dor através de suas drogas mágicas. Por outro lado, nós não passamos de ovelhas de um grande rebanho, ou, se quiserem uma imagem mais frugal, somos os habitantes de uma pequena aldeia gaulesa, ávidos pela poção do mago Panoramix, que poderá nos salvar do ataque das hostes de César.

Para quem acha essa minha visão da indústria farmacêutica muito dura e inexorável recomendo que assistam à série “Dopesick”. Em Dopesick (dope = dopado, sick = doente), Michael Keaton (ex Batman) interpreta Samuel Finnix, um dedicado médico que percebe entre seus clientes no consultório um aumento (até então) inexplicável de casos de viciados em medicamentos opioides (drogas com efeitos estupefacientes como o ópio), especialmente entre os trabalhadores de minas. Por certo que, quanto mais acidentes de trabalho maior seria a necessidade de tratar as dores que causavam. Nada melhor do que o trabalho insano e insalubre nas minas para deflagrar este drama.

A descoberta de Finnix* já estava também sendo investigada pelos promotores federais e da Drug Enforcement Agency (DEA), que se empenharam em uma investigação para descobrir a correlação dos fatos. Depois de intensa busca encontraram uma gigantesca conspiração na Purdue Pharma, um poderoso grupo farmacêutico. Todos os fatos apresentados na série são baseados na realidade.

Por trás de uma das piores epidemias nos Estados Unidos, que mata mais de 100 mil pessoas por ano (!!!), está uma gigantesca empresa de drogas que a patrocina. Esta série desvela o que outros filmes, como “O Fiel Jardineiro” e “Eu sou a Lenda” (onde a epidemia que destrói os humanos vem de uma vacina contra o câncer) já tentavam nos alertar: o poder da indústria de medicamentos não pode existir sem o contraponto de uma ciência isenta, controlada pelo Estado democrático, que precisa atuar sem a influência e a interferência do capital e de quem o controla. Claro que a série vai explorar o submundo fétido das corporações, mas será incapaz de colocar o dedo na ferida que está por trás do surgimento desses males: o capitalismo, o lucro imoral e a sociedade de classes.

Atrás dessas crises encontraremos sempre o capitalismo e seus tentáculos, mas sua evidente degradação vai trazer ainda outras tragédias iguais a esta dos “medicamentos viciantes”, o qual destrói as entranhas do pais mais poderoso do planeta. Todavia, a ideia de que perguntas inconvenientes sobre “tabus médicos” (como as vacinas ou medicamentos) não podem ser feitas é uma mancha no próprio conceito e na confiabilidade da ciência, que deveria se basear na dúvida sistemática e constante, na desconfiança, no falsificacionismo, na busca por provas e jamais nas certezas e nos lucros – muito mais afeitos às instituições religiosas.

* Só eu acho que o nome do personagem “Finnix” refere-se a “Phoenix”, ou Fênix, a mitológica ave grega que, quando morria, entrava em autocombustão e, passado algum tempo, ressurgia das próprias cinzas? Não seria o personagem do filme um médico que desperta para o absurdo da medicina atrelada ao capitalismo depois de ter toda a sua formação “queimada” pelo reinado das drogas, condicionado-o a ser um mero “despachante de medicamentos”, comandado pelos finos cordéis que nos atam aos “senhores da doença”? Ok, talvez esta seja apenas a minha particular visão sobre o tema….

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Fé cega

É impressionante a confiança que as pessoas depositam na indústria farmacêutica. Essa fé cega se mantém mesmo depois de tantos escândalos que vem à tona diariamente, mostrando a forma como esta indústria manipula consciências, suborna autoridades da área de fiscalização e controle, falseia estudos, esconde resultados negativos e hipnotiza a comunidade médica com propagandas e propinas para que receitem suas drogas, tratamentos e maquinário diagnóstico. Ainda mais chocante é ver entre os defensores dessa máquina gigantesca pessoas que se consideram de esquerda, as quais deveriam cultivar um saudável ceticismo e uma postura crítica diante dessas empresas. Basta uma simples pesquisa sobre o relacionamento da “BigPharma” com as agências reguladoras – em especial no centro do Império, como o FDA e o CDC – para perceber a promiscuidade escandalosa entre o grande capital e as instituições ligadas ao Estado que deveriam proteger a saúde dos cidadãos. É um absurdo sem precedentes, um escárnio com os preceitos éticos e, por essa razão, pessoas como Márcia Angell (New England Journal of Medicine) e Peter Gotzsche (Biblioteca Cochrane) declaram não ter qualquer confiança nessas empresas, as quais eles chamam impiedosamente de “máfia das drogas”.

“Percebi que nossas drogas prescritas são a 3ª causa de morte – após doenças do coração e câncer. Tais drogas matam 200 MIL pessoas nos EUA a cada ano, e metade dessas mortes ocorre em pessoas que fizeram exatamente o que os médicos pediram a elas. A outra metade morre por causa de erros . [Médicos] dão aos pacientes drogas que não deviam ser dadas. Muito do que a indústria farmacêutica faz preenche os critérios para crime organizado nos EUA. Eles se comportam, de muitas maneiras, como a Máfia. A Indústria Farmacêutica compra primeiro os professores, depois os chefes de departamento, e então outros médicos chefes e assim por diante. Nossos cidadãos estariam muito melhores se todas as drogas psicotrópicas fossem retiradas do mercado, exatamente porque os médicos são incapazes de lidar com elas. É inevitável que a sua disponibilidade produz mais mal do que bem.” (Peter Gotzsche – Cochrane Collaboration)

A ciência aqui, desgraçadamente até na esquerda, se expressa como um culto, uma fé, e seus prepostos se apresentam como intermediários da sua verdade. Ter fé na ciência é o oposto do que ela própria apregoa, e tratar como hereges aqueles que ousam fazer perguntas é exatamente o que se espera de uma religião fundamentalista. É da essência da ciência que ela seja questionada, desafiada, pressionada e jamais tomada como verdade. É absurdo o clamor popular que diz “Eu creio na Ciência”, mas talvez esta expressão seja mais reveladora do que pensamos; nossa conexão com ela é muito mais mística e afetiva do que fria e isenta. A forma apaixonada como nos relacionamos com as vacinas da última epidemia é pedagógica: muito mais do que uma análise fria e objetiva sobre resultados, eficiência, eficácia, impacto, efeitos nocivos, custos etc. criamos uma linha divisória entre “cientistas” e “negacionistas”, obrigando os profissionais a escolher um lado onde se situar muito mais pelo julgamento dos seus pares do que pelas evidências que são capazes de avaliar.

“Simplesmente não é mais possível acreditar em muito do que é publicado pelas pesquisas clínicas, nem acreditar no julgamento de médicos confiáveis ou em protocolos médicos autoritativos. Não tenho prazer nenhum nesta conclusão, a qual alcancei de forma lenta e relutante após duas décadas como editora do “New England Journal of Medicine”. (Martha Angell)

Os psicólogos reconhecem que nossa fixação na utilização de drogas – cada vez mais sofisticadas e caras – é baseada em nossa tendência a inferir causalidade onde não existe, uma espécie de “ilusão de controle”. Na medicina, pode ser chamada de “ilusão terapêutica” Quando os médicos acreditam que suas ações ou ferramentas são mais eficazes do que realmente são, através da propaganda incessante por parte dos laboratórios multinacionais, os resultados podem ser cuidados desnecessários e dispendiosos”. Citando Marco Bobbio, um dos principais pensadores da corrente médica “Slow Medicine”, trata-se de “desperdício, inadequação, conflitos de interesse e modelos que induzem profissionais e pacientes a consumir mais e mais serviços de saúde na ilusão de que é sempre melhor fazer mais para melhorar a saúde”.

Enquanto o capitalismo lucrar com a doença – ou mesmo a mera possibilidade de adoecimento – das pessoas, nunca haverá um atendimento à saúde verdadeiramente livre de pressões. Muitos ainda acham que devemos aceitar cegamente o que essa “ciência” determina, como se a pesquisa médica inserida no capitalismo fosse um saber puro derivado de pesquisas isentas, controlada por querubins e serafins. Quando vejo os anúncios do FDA sobre efetividade e segurança de novas (e caríssimas) drogas eu lembro da expressão inglesa “gardyloo“, derivada da fala francesa usada quando excrementos eram jogados na calçada: “Regardez l’eau!!!”.

No latim clássico seria: “Cuidado c’a bosta!!!!”

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Antivaxx

Acima de 90% das pessoas que vejo expressarem posturas críticas às vacinas – ou à própria vacinação – são vacinadas e não são contrárias às vacinas. Vejo nelas uma genuína preocupação com a segurança e com os direitos humanos. Percebo nas suas manifestações uma saudável postura de confrontação e o desejo de não sucumbir ao pânico estimulado pela mídia com o objetivo de impedir que perguntas importantes sejam feitas.

Perguntas como… funcionam mesmo? Tem provas? Qual a eficácia? O que há nelas? Existem testes que garantem a segurança? Quão eficientes são? São seguras? Quais os riscos? O que dizer desses efeitos colaterais que apareceram? Eram conhecidos? Se não eram, quais novas surpresas podem aparecer? Qual o risco se eu não tomar a vacina? Se eu decidir não tomar isso coloca outras pessoas em risco? Por quê?

Em contrapartida vejo os entusiastas das vacinas adotando uma atitude alienante, dizendo coisas como “não quero saber o que elas contêm”, “não sou sommelier de vacina”, “vacinas salvam vidas”, “tomo quantas vezes me mandarem”, “tomei outras vacinas e nunca perguntei o que tinham”, expressando uma confiança cega nas promessas das empresas mais bandidas desse planeta, responsáveis por escândalos onde as mentiras, o encobrimento de mortes, o suborno e a fraude em estudos foram onipresentes. (para mais informações veja aqui)

Em uma pandemia não deveríamos permitir que as ações guiadas pelo pânico ditassem as condutas. Se é comprovado que as vacinas reduzem mortes e danos, faz sentido estimular que as pessoas façam uso delas. Entretanto, quando vejo pessoas fazendo perguntas incômodas sendo tratadas como “antivaxx” ou “terraplanistas” eu percebo que existe a intenção de destruir qualquer contraposição à “verdade oficial”. Isso parece mostrar que, exatamente por assentar-se sobre premissas frágeis, a defesa dos passaportes Gulags, exclusões e vacinações mandatórias não suporta contestação.

Na idade média as perguntas sobre geocentrismo, a virgindade de Maria ou a natureza do Espírito eram tratadas da mesma forma: como heresia, exatamente porque não havia respostas adequadas a dar. Do crente era exigido apenas fé e obediência. A pena para uma atitude contestatória naquela época poderia ser a morte na fogueira; hoje em dia aplicamos a sentença de humilhação pública e cancelamento.

O mesmo eu vi durante 35 anos atendendo partos. Quem ousasse questionar a atenção medicocentrada e hospitalar ao parto seria tratado como herege e traidor, e seria perseguido pelo crime de fazer perguntas incômodas.

É tempo de aceitar o ceticismo das pessoas como uma atitude saudável, necessária, justa e compreensível. Ofender os adversários por cometerem o crime de perguntar não vai ajudar ninguém a sair dessa pandemia.

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Censura

Hoje o debate no Facebook sobre riscos, eficiência, vantagens e benefícios de vacinas está banido. Canais no YouTube estão sendo excluídos e todas as vozes dissidentes estão sendo silenciadas. Censurados, em nome do bem geral, da saúde pública, para o “greater good”, decidido por algumas poucas pessoas que pensaram por nós, decidiram por nós, falaram por nós e apertaram o botão “delete” para milhões no mundo todo.

Não, este post não é sobre vacinas, é sobre a liberdade de debater e conhecer todas as faces da verdade.

Peço paciência para uma analogia. Fiz todo o meu transcurso pela escola médica e na época da residência em ginecologia escutando a exaltação das mamografias, Elas eram exames de baixíssima periculosidade, boa acuidade e poderiam fazer diagnósticos de tumores ainda abaixo da possibilidade de palpação e a tempo de se fazer uma cirurgia curativa. Quem poderia ser contrário a este tipo de milagre da tecnologia? Quem poderia questionar os resultados positivos de mulheres que foram operadas e recuperaram a saúde após a descoberta de um minúsculo tumor na mama?

Pois houve gente que, mesmo diante deste aparente sucesso, teve desconfianças e resolveu investigar a fundo o difícil campo dos riscos e benefícios de irradiar uma mama de forma rotineira e periodicamente para descobrir tumores escondidos nos tecidos mamários. O trabalho iconoclástico do meu herói pessoal, Peter Gotzsche, vai exatamente nesse sentido.

Suas conclusões foram impactantes. Para alguns este exame deveria ser banido. Para outros ele não deveria ser usado de forma rotineira e, muito menos, com tamanha frequência.

Agora imagine que há alguns poucos anos o debate sobre mamografias tivesse sido banido, por diminuir a taxa de pacientes submetidas a este escrutínio e, portanto, teoricamente aumentado o número de pacientes não diagnosticadas precocemente. Jamais teríamos descoberto que as vantagens das mamografias rotineiras nem de longe produzem o resultado que imaginávamos produzirem.

O que é “desinformação” hoje pode não ser amanhã. Existe muita pesquisa sendo feita para mostrar problemas relativos às vacinas, de boa, excelente e até de péssima qualidade. Banir todas elas com a desculpa de “proteger as pessoas” é uma atitude totalitária. Eu lembro da unanimidade em relação às mamografias há 20 anos, e a fúria contra qualquer médico que resolvesse questionar sua validade. Cesarianas a mesma coisa. Enteroviofórmio idem. Se alguém quisesse questionar o uso de raios X nos primeiros anos do século XX, seria tratado como um retrógrado, inimigo da ciência.

Poucos lugares do conhecimento merecem e necessitam tanto de iconoclastia como a medicina. Poucos são mais necessários do que aqueles que se contrapõem às posturas hegemônicas. Esses sujeitos – como Peter Gotzsche – são essenciais.

Bem sei o que a direita tem feito com essa questão, adicionando misticismos, mentiras e fraudes sobre achados científicos. Entretanto não se retiram os dedos por infecções nas unhas. Não há como ressuscitar a censura com a desculpa de “proteger pessoas”. Lembre que o macartismo se guiava por este mesmo norte. A liberdade de pesquisar e divulgar dissidências dos conhecimentos hegemônicos deve ser sempre garantido. Existe boa ciência entre aqueles que questionam vacinas e, como eu disse, muita bobagem, mas em qualquer campo existe algo parecido. Que às pessoas seja garantido o direito de decidir. E veja… aqueles que se contrapõem à avalanche de informações favoráveis às vacinas são ratinhos lidando contra elefantes, mas também o era Galileu ao dizer “eppur si muove”.

Outras coisa perigosa é “entre os pares”. O debate científico tem pressupostos rígidos do debate e da pesquisa, mas não são os cientistas que devem pautar a vida cotidiana. A propósito… que horror seria uma vida coordenada por cientistas!!! Portanto, esse debate DEVE obrigatoriamente verter para a discussão pública, para que as pessoas, os governos, as sociedades e os grupos possam decidir com os argumentos que as ciências lhes oferecem, e não pela IMPOSIÇÃO do debate secreto e fechado entre pares. É por isso que os cientistas divulgam seus achados na imprensa, para provar ou negar achados para gente comum, como nós.

Agora pensem… apesar de ser doloroso ter que aguentar posições que agridem nossas convicções mais profundas a censura é uma tragédia para o conhecimento, a liberdade e o próprio avanço das ciências. A facilidade como as pessoas aceitam este tipo de proibições (em especial na esquerda festeira identitária) é uma tragédia social. Parece que vamos precisar reinventar os princípios básicos da civilização, baseados na liberdade de expressão, novamente, partindo do zero. Nunca as palavras de Evelyn Beatrice Hall, erroneamente atribuídas a Voltaire, fizeram tanto sentido: “Discordo do que você diz, mas defenderei até a morte o seu direito de dizê-lo”.

Ainda haverá no mundo paixão suficiente para a defesa destes princípios?

Veja AQUI o trabalho de Peter Gotzsche publicado no Lancet.

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Felicidade em Cápsulas

A tese do Peter Gotzsche é de que os psicotrópicos usados da forma como o são fazem muito mais mal do que bem. Eu creio que há espaço para as drogas no psiquiatria, mas tenho certeza do que o abuso de prescrições de medicamentos dessa área produz na civilização. Eu diria o mesmo da medicina aplicada ao nascimento humano: por certo que há espaço para a intervenção, mas o abuso é tão marcante que é difícil dizer o quanto de malefício ele já fez e faz para a fisiologia do parto.

O resultado, no que diz respeito ao parto, é que perdemos totalmente o contato com a realidade do nascimento. Perdemos seu odor, seu clima, sua temperatura e gosto. Nós, médicos, só conhecemos a sua representação, seu simulacro, sua imagem refletida na parede da tecnocracia. Continuando o raciocínio do articulista Dino Felluga, no seu artigo “Matrix: Paradigma do pós modernismo ou pretensão intelectual?”, “fizemos um roteiro tão assemelhado com a verdade que aquele se justapôs a esta. Hoje em dia, a realidade é que se desfaz por entre as linhas riscadas do mapa”. Mentimos o parto, falseando a natureza. Mais ainda: ao encobrir a realidade com as múltiplas capas da tecnocracia, fizemos desaparecer do horizonte a pureza da manifestação natural de um fenômeno corriqueiro que, de tão artificializado, que agora é o normal que causa estranheza.

Peter Gotzsche fala, em verdade, de uma indústria farmacêutica inserida no capitalismo que perdeu completamente os limites éticos. Os psicotrópicos se tornaram os “chá de Melissa” da pós modernidade, com a diferença que seus efeitos deletérios são muito mais graves e permanentes. Como eu disse, em mãos muito ciosas e cuidadosas podem oferecer benefício; entretanto, com o bombardeio de propaganda que vincula essas drogas à “felicidade encapsulada”, não basta apenas médicos conscientes, senão que nos fazem falta pacientes que tenham a proteção adequada para enfrentar o canto da sereia da BigPharma.

O problema não está na psiquiatra, na doença mental e sequer na droga: a crítica se concentra no uso abusivo das drogas psicotrópicas e seu efeito deletério em milhões de pessoas pelo mundo. Está muito clara a queixa no livro do Peter Gotzsche, o qual eu recomendaria, assim como recomendo igualmente o da Márcia Angell sobre a falta de critérios para a liberação de medicamentos e os estudos de baixíssima qualidade que os sustentam. Para muitos pesquisadores o problema é tão grave que a completa proibição de qualquer droga psiquiátrica produziria mais benefício do que malefício, tamanho é o estrago que podem causar em mãos pouco hábeis.

Não se trata de criminalizar a psiquiatria ou de estigmatizar a doença mental, mas olhar com cuidado especial a “drogadição legal” e a medicalização extremada da sociedade. O uso de Ritalina por colegiais americanos deveria nos servir de alerta de que há muitos anos ultrapassamos os limites do aceitável. Debater abuso de drogas prescritas é um dever de quem trata pacientes com o uso de medicamentos. Sei do cuidado que muitos médicos conscientes têm com essa questão e entendo a preocupação com os rótulos, mas isso não impede que o uso abusivo de drogas psicotrópicas tenha atingido níveis epidêmicos. Propaganda e uso descriterioso são as principais fontes desse problema.

Não é justo e nem necessário colocar o psiquiatra como “cruel” ou “abusador”. Pelo contrário: ambos, médicos e pacientes, são reféns de uma indústria gigantesca, poderosa, antiética e voraz. Em verdade, Peter Gotzsche também encampa esta minha tese: somos todos – pacientes e médicos – vítimas do capitalismo aplicado à saúde, com suas inquestionáveis consequências nefastas.

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Sommelier de Vacina

Por que nos ensinam a ler o rótulo da margarina e aprender sobre os tóxicos contidos nos alimentos embutidos mas passou a ser CRIME e ato de estupidez questionar-se sobre os elementos constitutivos de uma vacina? E veja: criticar as vacinas – produtos das indústrias mais criminosas do planeta – passou a ser visto como negacionismo. Fazer PERGUNTAS passou a ser um ato terrorista. No mundo inteiro milhares de pessoas relatam transtornos graves em relação ao uso de vacinas, pessoas estas absolutamente hígidas previamente ao seu uso. Por que seria inadequado questionar-se sobre isso?

Muitos dirão que essas fatalidades são matematicamente irrelevantes diante dos benefícios possíveis da vacina. Seria assim como os riscos normais da vida: andar de carro, de avião, atravessar uma rua, etc. Pode ser verdade, mas o que é questionável é a propaganda que tenta silenciar qualquer grupo ou pesquisador que pretenda investigar a fundo a efetividade e a segurança de tais drogas. Isso pode ser qualquer coisa, menos ciência.

Minha postura sempre foi claramente crítica à indústria farmacêutica. Sigo a linha de grandes personalidades como Marcia Angell e Peter Gotzsche que denunciam estas indústrias como “máfias” e “indústrias da morte”. Não tenho uma posição antivacinista (aliás, até já me vacinei), mas exijo que os mesmos critérios de segurança e efetividade que foram usados para riscar do “mapa da boa conduta” drogas como Hidroxicloroquina e Ivermectina (até aqui consideradas ineficazes por diversas instituições importantes) sejam utilizados para avaliar a segurança e a efetividade de drogas usadas em pessoas sãs – como são as vacinas aplicadas nessas epidemia.

Percebam que as tecnologias usadas nas distintas vacinas são completamente diferentes entre si, e por isso mesmo as pessoas PRECISAM ser informadas dos riscos e benefício que a ciência produziu sobre qualquer uma delas. Não é pedagógico tratar os pacientes como “Sommelier de vacina” apenas porque – finalmente!!! – resolveram tomar para si mesmos a conduta de avaliar prós e contras de cada uma das medicações a eles oferecidas.

Chamamos por acaso as gestantes de “Sommelier de Parto” quando elas e seus companheiros decidem – baseados em suas crenças e valores – escolher o tipo de parto que mais se adapta às suas crenças e visões de mundo? Tratamos de maneira jocosa as pessoas que escolhem um estilo de vida mais natural no campo e próximos à natureza como “Sommelier de Oxigênio”?

Então é hora de pararmos com as críticas ao protagonismo das pessoas em relação à sua própria saúde e faz-se necessário que sejamos mais conscientes da propaganda que se espalha descaradamente pelas empresas farmacêuticas, ávidas para que tenhamos uma fé cega e acrítica em seus produtos.

Talidomida e Vioxx mandam lembranças.

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Indústrias Mortais

Repito: o major problema desse embate Hidroxicloroquina X Vacinas” é que, em nome da ciência e contra o obscurantismo, acabamos colocando em evidência e tratando como vestais as indústrias mais poderosas, imperialistas, mafiosas e criminosas do mundo. É como se, para nos livrarmos de uma invasão estrangeira, fosse necessário se ajoelhar aos milicianos e pedir ajuda aos jagunços que agem para os latifundiários.

Digo isto porque está circulando um texto ingênuo que, a pretexto de combater o negacionismo científico, exalta empresas como a Pfizer, com larga história de crimes contra a saúde pública.

Deve haver uma solução mais profunda para estas pandemias. Devemos analisar esta atual crise sanitária mundial como a ponta do iceberg porque as razões de seu aparecimento – a continuada agressão ao meio ambiente – não estão sendo combatidas pelas grandes nações industrializadas.

Talvez a forma para exterminar o risco de pandemias seja mesmo através do extermínio do capitalismo e sua lógica predatória. Mas para isso será preciso acordar as massas de sua letargia.

Veja o que nos diz Dr. Peter Gotzsche, fundador da Biblioteca Cochrane:

“Some pharmaceutical companies have been caught and fined for their activities. For example, Gøtzsche details how during 2007–12, in the USA, Abbott, AstraZeneca, Eli Lilly, GlaxoSmithKline, Johnson and Johnson, Merck, Novartis, Pfizer, and Sanofi-Aventis were fined from $95 million to $3 billion for illegal marketing of drugs, misrepresentation of research findings, hiding data about the harms of the drugs, Medicaid fraud, or Medicare fraud. However, some companies seem not to be deterred and apparently regard fines as marketing expenses.

“Fundamentally, I think capitalism and health care go very poorly together”, Gøtzsche told The Lancet. In his book, he recommends several reforms to address this issue. He claims that, like tobacco marketing, drug marketing is harmful and should be banned. Gøtzsche also stresses the need to remove the for-profit model and to radically reform the currently impotent or too-permissive drug regulation. His unequivocal opinion is that the pharmaceutical industry should not be allowed to do trials of its own drugs because being both the judge and defendant is a conflict of interest. Ideally, non-profit enterprises should invent, develop, and bring new drugs to market.

Removal of the link between the costs of research plus development and the price of drugs would, Gøtzsche believes, address the unaffordability and unsuitability of the current medical innovation model, and reduce the incentives for the development of me-too products (ie, variations of known substances) and marketing and promotion of drugs that might not be used rationally or are no better than the existing alternatives.”


Veja aqui a matéria completa publicada no Lancet.

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Dom Quixote

Acho que, no lado das esquerdas, serei sempre visto como um Dom Quixote por não me furtar de fazer duros questionamentos à Big Pharma. Todavia, hoje em dia parece obrigatório ao campo democrático e progressista vestir a camiseta das vacinas, e qualquer crítica mais séria sobre este tema é vista como uma “traição”.

Tudo isso porque o tema “vacinas” se tornou um tabu alicerçado no desespero das pessoas diante do inimigo invisível – mas com resultados dramáticos e visíveis. Com isso se permitem inúmeros deslizes éticos (vide fundação Gates em África) com a desculpa de que os fins (salvar a humanidade) justificam os meios (abusos, coerções, danos irreversíveis, mortes, etc).

Pior…. tudo isso ocorre sob o rótulo de “Ciência”, como se a ciência fosse uma entidade mítica e monolítica, e não uma medusa com milhares de cabeças, cada uma delas com suas pesquisas conflitantes e contraditórias. E isso que não estamos citando a corrupção evidente na ciência inserida no capitalismo, que faz com que o pesquisador Peter Gotzsche (Fundador da Cochrane Library) não tenha pruridos para chamar a indústria farmacêutica de “Máfia” e Márcia Angel (editora durante duas décadas do New England Journal of Medicine) se permita dizer que é impossível acreditar em estudos e pesquisas contemporâneas.

Mas… questionar – a ética, os custos, a segurança, a aplicabilidade, a eficácia, etc – das vacinas ainda é tratado como bolsonarismo e terraplanismo. Na verdade esta postura não passa da aplicação de um dos princípios mais importantes da ciência: o saudável ceticismo. Aliás, o mesmo que nos fez desconfiar da Cloroquina como “bala de prata” e panaceia universal.

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