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Diplomas

Concordo com o com os textos que tentam demonstrar que a aquisição de um diploma – em especial mestrado e doutorado – não garante excelência, apesar de reconhecer que, de certa forma, tais manifestações podem parecer antipáticas e dar a falsa ideia de que os títulos acadêmicos são inúteis. Não, eles não são. Pelo contrário, são fundamentais para o crescimento científico. São aprofundamentos em pontos específicos do conhecimento humano e auxiliam na compreensão de infinitas questões.

O problema é o valor exagerado que se pode dar a eles. Imaginar que um sujeito tenha mais virtudes morais por causa de um título acadêmico é absurdo. Acreditar que esse título lhe dá mais capacidade de resolver questões outras, as quais fogem do escopo de seu estudo, também. Na área médica isso é muito comum. Médicos com formação acadêmica não são melhores (e nem piores) do que aqueles profissionais com formação básica para o atendimento aos pacientes, a não ser na área específica à qual se dedicaram.

O mesmo vai ocorrer no direito, na enfermagem, na sociologia, na filosofia, etc. Na teoria, a formação acadêmica existiria basicamente para formar professores nos cursos superiores, mas hoje se tornou uma extensão do curso superior, e visa gabaritar o sujeito para a realização de concursos.

Quando eu cursei medicina os professores ainda não tinham essa formação. Depois esses cursos foram sendo exigidos, mas a qualidade das aulas não melhorou. A arte de dar aulas é um talento que a formação acadêmica é incapaz de produzir, assim como a o talento para a pintura ou o futebol. Também não é capaz de oferecer curiosidade, cultura abrangente, abertura para o novo, posição crítica diante do mundo e (por certo) não oferece consciência de classe.

Os cursos de mestrado e doutorado oferecem classes de estatística, de teoria da ciência, de pedagogia e muitas outras coisas, além de um funil poderoso para estudar aspectos do conhecimento. Estes sujeitos tornam-se Reis e Rainhas de seus minúsculos castelos, mas por vezes alienam-se da realidade ao redor, criando uma visão unívoca do universo – uma sedução onipresente.

Não esqueçam que as figuras mais nefastas do cenário político atual são doutores em suas áreas, o que não impediu que tratassem esposas por “conges“, além de outras aberrações absurdas e inconsequentes.”

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Academias

Nunca me interessei pela vida acadêmica apesar do profundo respeito que tenho por esta forma de produção de conhecimento e pela disputa de ideias que se estimula no ambiente universitário. Entretanto, sempre considerei curiosa a maneira como algumas pessoas deste mundo defendem a forma como “deveriam” ser chamadas. Hoje em dia quando chamam um médico (ou um advogado) de “doutor” (pela tradição) isso passa a ser visto como uma contravenção. “Como ousam usar este nome que só a nós pertence?”

Parece justo, mas funciona muito mais como sintoma do que como um reconhecimento honorífico. Os títulos falam de um processo de formação, mas não garantem a qualidade de uma assertiva. Galilei Galilei abandonou os estudos de medicina para dar aulas. Descartes formou-se em Direito e nunca exerceu a advocacia – seus trabalhos mais brilhantes os fez enquanto militar, Entre 1619 e 1620, em uma cidade próxima de Ulm ou Neuberg, no Danúbio, é onde provavelmente teve a intuição da Geometria Analítica e de um novo método para a organização de uma filosofia. Nietzsche publicou suas principais obras após abandonar a universidade. Charles Darwin também desistiu da medicina e, como Nietzsche, desejava seguir a carreira eclesiástica. Assim como Freud e os demais, nunca se interessou pela vida Acadêmica.

Digo isso apenas para afirmar que a exaltação exagerada dessas conquistas acadêmicas – apesar de valorosas e significativas – por vezes escondem uma autoestima frágil. Quando os valores de uma proposta se estabelecem mais na forma e menos no conteúdo isso significa que há falhas evidentes neste, o que explica a inflação daquela.

“Ninguém é rico pelas vestes que usa nem pobre pelos farrapos que põe sobre o corpo. A riqueza e a pobreza estão na honestidade com a qual se cobrem e no egoísmo do qual se despem”. (Isófanes de Pérgamo)

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“So I’m going to go on record of having both not liked the title “dr” and not having used it for years.

Its a degree. No one calls anyone Bachelor Sandy or Masters Emma. Or plumbers of 25 years of experience Plumber John. So why does graduation with any other degree entitle you other than an inappropriate power model? It is not a sign of respect or those other people would also have titles of respect for their calling. Midwives of 35+ yrs of study and practice are not less deserving of respect than ones who graduated this year. And on and on.

Its outdated, archaic, and a holdover from a bygone era.

I didn’t read the OpEd but I’m tired of seeing the “sign of respect” nonsense online.”

Written by Shannon Mitchel

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