Patrulheiros

Na foto um policial multa uma banhista em uma praia da Itália em 1957.

Há algum tempo li nas redes sociais os ataques a um músico, um garoto de 20 anos, negro e de periferia, que ganhava a vida compondo músicas de funk. Depois que ficou famoso, e passou a ter notoriedade e dinheiro, descobriram em seu twitter várias manifestações questionáveis.

Eram piadas inocentes, apesar de serem claramente homofóbicas e misóginas, cheias de deboche e humor adolescente. Por causa disso, ele passou a ser duramente atacado pelos identitários e suas patrulhas morais de cancelamento. Continuei a leitura e li que as manifestações eram antigas, feitas ao redor de 6 anos antes da data do cancelamento.

Ou seja, ele escreveu os posts (brincadeiras de mau gosto) quando não tinha mais que 14 anos de idade, o que explicava o tipo de humor infantil utilizado. Fiquei lembrando das coisas tolas e até desrespeitosas (para os padrões atuais) que eu dizia na infância e as piadas que eu contava aos 14 anos de idade e me dei conta do quão violentas e brutais são essas patrulhas.

Imediatamente me veio à mente as patrulhas de costumes do Irã e as polícias que multavam mulheres pela ousadia dos seus biquínis em meados dos anos 50 do século passado. Qual das ofensas é mais perigosa: a nudez do corpo ou aquela da alma?

Punir um garoto recém entrando na vida adulta por piadas bobas que contou durante a puberdade é a suprema injustiça. Mais ainda… quantas dessas pessoas de dedos apontados também não foram preconceituosos nessa fase da vida?

Quando é que vamos superar este tipo de controle moralista, reacionário e religioso sobre o comportamento? Não existe nada de progressista nesse retrocesso das relações, e muito menos humanista e de esquerda.

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Arquivado em Causa Operária, Pensamentos

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