
“Dados publicados mostram que uma das mais efetivas ferramentas para melhorar os resultados de trabalho de parto e parto é a presença contínua de uma pessoa de apoio, como a Doula” – American College of Obstetricians nas Gynecologists.
Durante 20 anos a comunidade do médica e o pessoal hospitalar (com notáveis e maravilhosas exceções) boicotou a presença de doulas, mesmo quando os dados já estavam presentes mostrando a efetividade destas na atenção ao parto. Para essa negativa, nunca houve uma real preocupação com a proteção da gestante, a qualidade do atendimento ou a preservação do espaço hospitalar. Jamais a preocupação foi a experiência subjetiva da gestante ou sua proteção. Não era esse o medo…
A REAL questão em jogo era o poder, o domínio inquestionável e sem obstáculos sobre o corpo da gestante. A presença da doulas – por mais silente e reservada que fosse – representava a vigilância da sociedade sobre esta apropriação. A presença doulas inibe abusos, impõe que o consentimento informado seja obedecido e exige respeito dos profissionais sobre direitos reprodutivos e sexuais. Para além disso, elas usam técnicas de conforto, alívio da dor e reasseguramento emocional que muitas vezes são a grande diferença na experiência subjetiva de parto da mulher. Algumas que conheci eram verdadeiras rochas de confiança e segurança para os momentos de fraqueza (até dos profissionais).
O reconhecimento público do valor das Doulas feito por uma instituição de caráter conservador e fortemente corporativista como a ACOG mostra que não era mais possível esconder (como fizeram por mais de 20 anos) a qualidade superior do atendimento que se alcança com o trabalho das doulas. Isso coloca as doulas em outro patamar, próximo das palavras proféticas de John Kennell:
“Se doulas fosse uma medicação, seria antiético não utilizá-las”.
Agora, qualquer obstaculização ao livre trabalho destas auxiliares nos hospitais deve ser denunciado ao Ministério Público da mesma forma como se denuncia uma injustificável negativa de socorro.