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Israel em frangalhos

O exército covarde de Israel não é bem-vindo em nenhum lugar segundo o jornal Times of Israel. A Nova Zelândia exige que os israelenses divulguem os detalhes do serviço no exército como condição para entrada. Os israelenses que solicitam um visto de turista estão a ser questionados sobre as datas do seu serviço, a localização das suas bases e se “estiveram envolvidos em crimes de guerra”. Austrália recusa vistos para soldados da IDF devido às acusações de genocídio. Há poucas semanas o Brasil procurava um soldado da IDF devido ao genocídio em Gaza e a morte de uma menina com mais de 300 tiros. Estão caçando os genocidas de Israel como caçaram os nazistas depois da II Guerra Mundial.

O genocídio de Israel não compensa. A economia está em colapso e a propaganda não consegue esconder a verdade. A “Nação Startup”, o sector de alta tecnologia de Israel – que já contribuiu com 20% do PIB e mais de 50% das exportações – está em queda livre e vertiginosa. O investimento estrangeiro caiu 60%, a Intel interrompeu um projeto de 25 mil milhões de dólares devido à guerra em Gaza. As exportações, de 71 mil milhões de dólares em 2022, caíram para menos de 50 mil milhões de dólares em 2024, devido a um declínio acentuado na confiança global. (Al-Monitor)
Dezenas de milhares de profissionais de tecnologia estão saindo, empresas lutando para sobreviver.

A reputação global de Israel está em frangalhos – a Turquia proibiu exportações críticas e a China está atrasando deliberadamente o envio de componentes essenciais em solidariedade com a Palestina. O resultado? Caos na cadeia de abastecimento, cancelamentos de projetos e isolamento crescente. Os militares israelenses impuseram novas restrições à cobertura midiática dos soldados em serviço de combate ativo devido à crescente preocupação com o risco de ação legal contra reservistas que viajam para o estrangeiro devido a alegações de envolvimento em crimes de guerra em Gaza. A imagem em Israel se deteriorou de uma maneira irrecuperável. Ninguém quer se associar com um país que promove genocídio e limpeza étnica. O que ainda sustenta Israel é o apoio dos Estados Unidos, mas até onde o contribuinte americano vai suportar a enorme carga de recursos enviados para uma guerra moralmente condenável? Não há mentira que resista para sempre: os crimes da ocupação e do apartheid sionista mais cedo ou mais tarde estarão nas mentes de todos.

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Fraqueza

A questão da Venezuela divide de uma forma bem didática a esquerda. De um lado situam-se aqueles movidos pelo fervor anti-imperialista e que reconhecem que os problemas desta região abaixo do Equador têm nas inúmeras intervenções imperialistas a raiz de muitos de nossos males. Para estes, a busca por autonomia plena e o fim da influência danosa dos Estados Unidos na região é um ponto fundamental para a plena independência das nações e a posterior união das nações latinas. Do outro lado encontram-se aqueles que adotam uma perspectiva liberal e identitária, os direitistas que se colocam enganosamente à esquerda do espectro político. Para quem se situa mais à esquerda no matiz progressista ficou muito claro que a esquerda precisa derrotar essa perspectiva esquerdista subserviente aos interesses capitalistas para criar um bloco forte com propostas firmes. O direitismo dentro da esquerda é uma praga que necessita ser exterminada.

A propósito, Maduro teve uma postura digna e …. madura diante da crise com as eleições em seu país. Lula foi frouxo, fraco, pusilânime e irresponsável. Não cabe a Lula questionar as eleições de um país amigo e que tem instituições eleitorais reconhecidas e um sistema de contagem de votos ainda mais sofisticado que o brasileiro. A Venezuela tem uma modelo de voto impresso que deveria ser adotado no Brasil, mas fica claro que para a direita golpista nem mesmo esse tipo de segurança impede sua ação de subverter a vontade popular. A posição do nosso presidente fortalece a direita de toda a América Latina, além de dar respaldo às posições imperialistas na região. Sem uma posição firme de Lula, reconhecendo as instituições venezuelanas, a direita se sentirá livre para questionar qualquer eleição, inclusive as próprias eleições brasileiras. Não se trata de apoiar Maduro, mas as sistema eleitoral venezuelano, um dos 5 poderes constitucionais do país, mas de dar apoio a todas as escolhas livres e democráticas da América Latina. Se não acreditarmos na justiça eleitoral dos países latino-americanos, o imperialismo vai continuar a dar as cartas e sugar nossas riquezas. Esse corvo que Lula soltou agora vai querer comer nossos olhos logo ali na frente.

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O que querem as mulheres?

Em um trabalho de 2002 a enfermeira e pesquisadora Ellen Hodnett reuniu 137 relatórios (estudos descritivos, ensaios randomizados e revisões de intervenções no parto) sobre os fatores que influenciam as avaliações de mulheres sobre suas experiências de parto. Quatro foram os fatores essenciais:

  1. Expectativas pessoais;
  2. A quantidade do apoio recebido dos profissionais;
  3. A qualidade do relacionamento cuidador/paciente e
  4. O seu envolvimento na tomada de decisões

Estes fatores parecem ser tão importantes e primordiais que sobrepujam as influências de idade, status social, etnia, preparação para o parto, ambiente físico do centro obstétrico, dor, imobilidade, intervenções médicas e continuidade nos cuidados.

Para este estudo os fatores afetivos e psicológicos sobrepujam as questões técnicas da assistência, a preparação de pré-natal, a continuidade no cuidado e inclusive a dor. Surpresos?

A conclusão de Ellen Hodnett é marcante:

“As influências da dor, do alívio da dor e das intervenções médicas intraparto na satisfação subsequente não são tão óbvias, tão diretas e nem tão poderosas quanto as influências das atitudes e comportamentos dos cuidadores”.

Uau!!!

Assim sendo fica mais fácil entender o sucesso do “Dr Frotinha”. Mesmo sendo um cesarista, sem vinculação com a Medicina Baseada em Evidências e com práticas agressivas, violentas, dolorosas e muitas vezes perigosas e ineficazes, sua abordagem afetiva e próxima pode oferecer às gestantes suas necessidades primordiais de afeto, reconhecimento e participação nas decisões. Assim, mesmo oferecendo uma assistência de baixa qualidade e desvinculada da ciência obstétrica, ele é capaz de transmitir uma ideia de cuidado, um clima de atenção e uma percepção de autonomia (mesmo quando ilusórias).

É evidente que não podemos nos colocar diante de um falso dilema. Não há porque contrapor a atenção centrada na pessoa e uma abordagem que estimula a autonomia com as evidências científicas e a prática humanizada. É, em verdade, exatamente o que a Humanização do Nascimento se propõe. É plenamente possível oferecer às mulheres o “melhor de dois mundos”. Não precisamos mais de profissionais “capengas” que ofereçam apenas um aspecto da atenção, relegando o outro lado ao desprezo.

Entretanto, este estudo evidência que, quando olhamos para o parto pela perspectiva das mulheres é importante não esquecer que o parto é um processo sexual e afetivo acima de qualquer outra consideração. Não é o medo da dor ou do excesso de intervenções o que mais as domina, mas o temor pela rudeza nas relações e o medo de não ser ouvida nas decisões sobre seu corpo e seu bebê.

Aceitar essa perspectiva nos ajuda a entender o que se passa na mente de uma mulher que vai parir. Se as ferramentas tecnológicas são capazes de nos garantir a devida segurança diante das patologias é fundamental entender que a maioria delas não tem muito mais de 100 anos de idade, enquanto o cuidado amoroso, empático, doce e próximo oferecido às mulheres têm a exata idade da existência do gênero humano nesse planeta.

Mais do que treinar profissionais de parto para uma atenção cientificamente embasada é também essencial selecionar aqueles que percebem na assistência sensível e amorosa o caminho mais seguro para um parto satisfatório.

PS: O nome disso é “sincronicidade”. Escrevi o texto acima – que fala dos aspectos emocionais e psicológicos como preponderantes na qualidade da avaliação das mulheres sobre o parto – após rever o trabalho da enfermeira Ellen Hodnett sobre o tema. Procurei uma foto sua para ilustrar o texto e lembrei no nosso breve encontro no Chile em 2012. Tinha na memória uma foto que tiramos juntos, mas sabia que jamais a encontraria e acabei colocando uma encontrada na internet.

Naquela data eu fiz a ela apenas uma pergunta: “É possível melhorar este sistema de atenção ao parto centrado no trabalho médico?”, ao que ela me disse apenas “não, este modelo não tem futuro”. Depois ambos falamos de netos; do seu que recém havia nascido em casa (e do vídeo do nascimento dele que tinha o barulho do aspirador de pó do andar de cima) e do meu primeiro, que nasceria alguns meses depois, de cuja existência eu havia sido avisado dois ou três dias antes.

Pois 20 minutos depois de publicar o texto baseado em seu trabalho o Facebook me lembra do aniversário de 6 anos desse encontro. Mais ainda: me mostra a foto que eu jamais encontraria se fosse procurar. Como explicar essa coincidência?

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Arquivado em Ativismo, Parto