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Hasbará

A propaganda pró Israel (hasbará) está falhando em disseminar a imagem positiva de um país que assassina crianças, mulheres, médicos e jornalistas todos os dias. Não há como esconder os crimes contra a humanidade cometidos contra a população palestina há mais de 76 anos. Colocar garotas do exército covarde e carniceiro de Israel fazendo dancinhas sensuais de Tiktok não está sendo suficiente, apresentar o trânsito de Tel Aviv e as praias com banhistas também não. Não há mais como mostrar imagens de Israel como se fosse uma nação comum, normalizando sua existência no conjunto das nações e esquecendo que este país está fundado sobre o supremacismo, o racismo institucional, o apartheid e a brutalidade aplicada sobre a população original, que habita a Palestina há milênios. Israel é hoje o que sempre foi: uma colônia europeia recheada de polacos, americanos e russos que se fingem semitas e desprezam os habitantes originais da terra.

Há alguns anos, Miriam Adelson, a viúva de Sheldon Adelson – o bilionário americano que convenceu Trump a mudar a embaixada americana para Jerusalém – fez um poderoso discurso para jovens judeus sobre a função de cada um na proteção de Israel. “Vocês são nossos soldados no exterior“, disse ela. No filme “Israelismo” fica muito claro como os jovens judeus – em especial nos Estados Unidos – sofrem uma poderosa lavagem cerebral para produzir a confusão entre judaísmo – uma religião milenar – e a construção de uma identidade nacional, através da colonização de Israel e às custas da autonomia dos palestinos que ocupam aquelas terras desde tempos imemoriais. O método classicamente usado para isso é através da propaganda, usada de forma violenta, intensa, que inunda todas as plataformas da internet assim como no passado ocupava o cinema, as séries e a literatura. “Hasbara” significa “explicação” em hebraico, mas este termo se tornou conhecido no mundo inteiro para descrever os youtubers pagos pelo governo de Israel para disseminar propaganda massiva com o objetivo de moldar as mentes do ocidente. Com isso se deseja criar defensores da colonização da Palestina pelos imigrantes judeus que chegaram lá desde o início do século XX. Desde Hollywood até a literatura, passando pela mídia brasileira, os formadores de opinião e os youtubers são basicamente comprados para oferecer uma visão positiva do Estado terrorista de Israel.

Diferente de outras campanhas de desinformação estrangeiras, Hasbara não é uma campanha secreta de desinformação. Não pode ser atribuída a uma única pessoa ou organização; ao contrário, é parte integrante do próprio pró-Israelismo. As pessoas que a promovem, desde ministros do governo até mães americanas, são crentes genuínos na causa. Eles veem a demonstração da moralidade do caso de Israel como uma forma de travar a guerra pela opinião pública.

No entanto, não é mais possível esconder a realidade brutal da ocupação e a perversidade dos líderes racistas de Israel. Num tempo de transmissão instantânea de informações, é impossível esconder o horror do nazisionismo do Estado terrorista de Israel. As imagens são claras, definitivas e insofismáveis. Mentir, como sempre fizeram, não está mais funcionando. A opinião pública está se tornando diariamente mais consciente da barbárie produzida pelo colonialismo na região. Mesmo os judeus americanos começam a abandonar Israel, que hoje é o mais importante foco de antissemitismo no mundo. Talvez, não fosse pela existência desse enclave ocidental no mundo árabe, e o preconceito com as comunidades judaicas seria rapidamente extinto. A propaganda sionista está naufragando diante das imagens de Gaza destruída, das crianças mortas, dos adolescentes estudando nas ruínas de suas escolas e dos jovem queimados vivos pela bombas racistas de Israel. Chega. O planeta não aguenta mais Israel e o supremacismo abjeto e nefasto do seu povo. Veja mais sobre o tema aqui. Deste texto destaco:

1- O judaísmo não pode ser separado do projeto sionista, e questionar ou criticar Israel ou o projeto sionista é realmente uma tentativa de negar aos judeus seu direito à autodeterminação, o que é discriminatório. Este é o argumento da Definição de Antissemitismo da IHRA, que foi adotada por 43 países.
2- Israel, como o único “estado judeu”, é mantido em um “padrão duplo” e é “escolhido” para críticas na mídia e no público de uma forma que países muito menos “democráticos” ou “civilizados” não são. Este é o argumento “por que o silêncio sobre a Síria?”.
3- Os palestinos são responsáveis por sua própria opressão porque “eles” não querem a paz – que Israel “não tem parceiro para a paz”. Isso geralmente anda de mãos dadas com o argumento de que “eles educam seus filhos para odiar os judeus” ou que “o Hamas usa os palestinos como escudos humanos”, que retrata os palestinos como um outro desumanizado que “só pode entender a linguagem da força”.
4- A história judaica é definida pela perseguição, e um Israel forte é a única maneira de evitar outro Holocausto. Portanto, Israel tem de alguma forma o direito de (ironicamente, dada a afirmação acima) estar acima do escrutínio. Os judeus, como vítimas de um genocídio, são ontologicamente incapazes de serem os agressores e qualquer afirmação em contrário é apenas “libelo de sangue”. Uma versão desse argumento foi feita recentemente por Aharon Barak, um juiz ad-hoc israelense da Corte Internacional de Justiça, quando acusou o tribunal de “imputar o crime de Caim a Abel” por assumir o caso do genocídio israelense em Gaza.

No que diz respeito às táticas, os hasbaristas raramente se envolverão ou mesmo saberão como refutar os contra-argumentos, provavelmente porque não foram ensinados a sequer considerá-los. As alegações de “apartheid” ou “genocídio” são rapidamente descartadas dizendo que se trata de argumento antissemita e que sequer podem ser consideradas.

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Sionismo não é judaísmo

Nem todo judeu é sionista e a maioria dos sionistas sequer é composta por judeus; são cristãos sionistas, como Biden ou os bispos Malafaia e Edir Macedo, pragas surgidas respectivamente pelo israelismo da política americana ou pelo neopentecostalismo tupiniquim, que lucra milhões com suas viagens turísticas à Terra Santa. Portanto, qualquer confusão entre estes termos é oportunismo, serve como manobra diversionista, cujo único objetivo é evitar que apontemos os horrores da aventura colonial racista no Oriente Médio. Para qualquer sujeito intelectualmente honesto, não é difícil entender que atacar o nazismo não significa ser antialemão, assim como criticar o retrocesso civilizatório do bolsonarismo não é o mesmo que ser antibrasileiro. Da mesma forma, criticar a inquisição da idade média não é o mesmo do que atacar Cristo ou sua doutrina.

Passei anos sendo perseguido por sionistas da aldeia que acusavam minhas críticas veementes ao apartheid de Israel como sendo “racismo”, ataques injustificados aos judeus ou ações antissemitas. Muitas dessas pessoas me xingaram e usaram de violência verbal pelas minhas palavras duras, em especial durante e após as “operações especiais” realizadas em Gaza e nos territórios ocupados da Cisjordânia, que matavam centenas de crianças e mulheres, números que agora chegam aos milhares. Nunca me intimidei e desafiei aqueles que me contestavam para que respondessem perguntas simples sobre a vida em Gaza e na Cisjordânia, as quais demonstram sem sombra de dúvida a brutalidade da ocupação.

Para quem acompanha este debate há décadas, é simples de ver que a defesa de Israel é sempre recheada de mentiras. Desde uma terra sem povo para um povo sem terra até as crianças decepadas, estuprosou não atiramos em civis, as mentiras são inexoravelmente imbricadas na narrativa sionista. São falsidades repetidas à exaustão, auxiliadas pela parcialidade criminosa das grandes plataformas digitais (Facebook, Instagram, Google) e a imprensa corporativa, toda ela nas mãos dos sionistas e dos senhores da guerra, que lucram bilhões quanto mais mortes aparecem nas capas dos jornais.

Já aqueles que defendem o povo palestino são, via de regra, pessoas que, como eu, acordaram para a realidade da geopolítica do Oriente Médio há muitos anos, o que só ocorre quando ousamos investigar o que existe por detrás das capas de enganação que são despejadas pelos telejornais há décadas. Nossas posições são essencialmente humanistas, pois que expõem a barbárie da ocupação, as mortes, a limpeza étnica, a indignidade do tratamento, os abusos, a prisão de crianças, as detenções administrativas que duram anos, as mortes e os processos kafkianos de violência jurídica. Por outro lado, o “whitewashing” (prática de selecionar informações, enfatizando ou omitindo, a fim de melhorar a imagem de uma pessoa ou de uma instituição frente à opinião pública) sempre foi a forma de apresentar Israel ao ocidente, e por isso era chamado de “a villa in the jungle” e, com o mesmo cinismo característico, difundem ideia de serem a única democracia na região – uma mentira asquerosa – e usam a questão identitária (em especial de mulheres e gays) para vender a imagem de uma civilização justa, europeia, branca e semelhante à nossa. Por seu turno, todo e qualquer grupo que lutasse pela libertação do povo palestino era imediatamente rotulado de “terrorista”, da mesma forma como os presidentes anti-imperialistas de qualquer nação são automaticamente chamados de “ditadores”, inobstante serem democráticas as eleições que os tenham levado ao poder.

Cabe a nós não retroceder na exposição, cada vez mais intensa, das contradições do sionismo. Não é mais possível aceitar o colonialismo genocida a controlar com mão de ferro a Palestina, e cada um de nós é responsável por espalhar a necessidade de democracia na região. E “cada um de nós” inclui os nobres irmãos judeus que na Palestina, no Oriente, na Oceania, na América e na Europa se levantam contra o sionismo e seu modelo supremacista e excludente. Judeus estarão lado a lado com os palestinos na luta pela liberdade, do rio ao mar.

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