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Apenas imagine…

Faça um simples exercício de imaginação e pense como reagiríamos se a China comunista tivesse esmagado uma rebelião no Tibete e, através de um bombardeio incessante sobre regiões densamente habitadas e houvesse matado mais de 15 mil civis, entre estes 8700 crianças tibetanas – até agora. Diante de tamanha matança, como seriam as manchetes nos principais meios de comunicação do ocidente? Como seriam tratados os chineses e suas autoridades? Que país europeu estaria apoiando a China e sua carnificina com slogans “I Stand with China”?

Por que a diferença no tratamento destes dois episódios desumanos e brutais? O que está por trás desse horror que não sejam os interesses capitalistas, o racismo e a perversidade mais explícita? Qual a diferença entre os campos de concentração nazi e o campo de concentração de Gaza? Por que aceitamos as desculpas cretinas dos apoiadores de Israel, aceitando haver razão para matar 1000 crianças para atingir um único combatente do Hamas? A resposta é óbvia: Israel é uma ponta de lança do imperialismo cravada no Oriente Médio, às custas da liberdade e da autonomia da Palestina. Além disso, Israel, através do AIPAC, financia a maioria dos políticos americanos, em especial do partido Democrata. Fica fácil entender porque tanto amor devotado a esta colônia europeia branca entre os países árabes.

Acrescento a estes questionamentos, perguntas direcionadas à imprensa: por que insistimos em chamar o Hamas de terrorista, e não chamamos de terroristas os brancos e europeus que roubaram suas terras, os humilharam e torturaram a ponto de não restar nenhuma alternativa além da reação violenta e feroz? Qual a razão para acreditarmos como aceitáveis as milhares de violências cotidianas cometidas contra a população palestina, mas nos escandalizamos quando aqueles que sofrem os abusos durante décadas finalmente reagem às agressões? Por qual motivo aceitamos o Apartheid declarado e explícito que impede o acesso dos palestinos à plena cidadania? “Dos rios dizemos violentos, mas não chamamos violentas as margens que os oprimem”. (Bertold Brecht)

Não é possível calar-se diante do apoio necessário à Palestina. É necessário que as denúncias se mantenham; é preciso expressar cotidianamente nossa inconformidade. Precisamos deixar claro o lado da história em que nos colocamos, apresentando a todos, e a todo momento, a realidade desumana do sionismo. Não permita que normalizem o racismo, a exclusão e o preconceito contra a coletividade Palestina. Peço para cada um que olhe para a foto desse texto e se imagine correndo com um filho nos braços, recém retirado dos escombros de sua casa, covardemente destruída pelas bombas sionistas. Difícil? Se esta identificação é complicada, então imagine que é uma criança loira e de olhos azuis atacada por nazistas no gueto de Varsóvia; talvez com esta pequena alteração na cor da pele fique mais fácil criar esta identificação. Miko Peled, ativista israelense pela palestina, filho de um general israelense que atuou na Guerra dos 6 dias, afirma que é “impossível vencer os palestinos”. Em uma postagem recente, deixa claro que a guerra contra Gaza é a guerra contra a paz. A imaginária vitória de Israel nessa guerra genocida significaria a vitória do racismo, da exclusão, da brutalidade e do abuso. Por isso somos todos Palestina Livre.

Palestine will be free!!! 

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China

“A China, recém-eleita para o Conselho de Direitos Humanos da ONU, acaba de analisar os EUA e insta o país a erradicar o racismo sistemático, enfrentar a brutalidade policial e a proliferação de armas, parar de estigmatizar a pandemia e interromper a intervenção militar em outros países.”

Desculpe, mas qual o motivo do espanto? Racismo sistemático na cultura americana é impossível de não enxergar; brutalidade policial é uma realidade impressionante nos Estados Unidos, proliferação de armas produz o “mass shootings” praticamente diários no país que mais valoriza o armamento pessoal, politizar a pandemia é uma realidade lá e em outros países (como o Brasil) e o imperialismo e a intervenção militar em outros países não pode ser negado por qualquer pessoas que leia o jornal. Por que isso causaria espanto e surpresa?

Vejam, a China não é nenhum paraíso, mas erradicou a fome e a pobreza que são crescentes nos Estados Unidos. Aos poucos se torna a maior potência econômica e tecnológica do planeta. A proibição de armas na China faz com que mortes e assassinatos sejam raríssimos. O racismo na China nunca foi institucionalizado como nos Estados Unidos, cujo modelo “Jim Crow” deixou Hitler tão apaixonado, querendo explicitamente importar o modelo racista americano para a Alemanha pois achava que o racismo Yankee era o mais adequado para seu país.

A brutalidade policial na China jamais será semelhante àquela dos Estados Unidos, a mais violenta polícia do mundo, a que mais mata (depois da polícia brasileira) e a que mais é motivada por diferenças raciais. A China não tem nem de longe este tipo de problema. A China encarou a pandemia como devia ser encarada, com seriedade e ações de saúde pública e sem partidarização. Por essa razão, mesmo com uma população 4-5 vezes maior que os Estados Unidos teve apenas uma fração de suas mortes.

A China pós revolução de 1949 nunca invadiu outros países (com exceção do Tibete, onde imperava um sistema escravagista e teocrático), nunca teve uma atitude imperialista, jamais bombardeou países da Ásia como a Coreia, onde 1/3 da população morreu pelas bombas americanas. Sim um terço de todas as pessoas de lá morreram (mulheres e crianças) pelas ações imperialistas. Vietnã, Iraque, Afeganistão, Síria, Iêmen, Líbia foram destruídos pelo imperialismo americano, produzindo dor, morte e destruição. Sem falar nas ações de espionagem e sabotagem nas democracias da América Latina.

Não se trata de achar que a China é um paraíso e que não tenha problemas graves. Poluição e corrupção são dois muito chamativos. Entretanto, acreditar que o mundo ocidental tem mais liberdade do que a China é algo que só pode ocorrer pelo desconhecimento do sistema chinês, o sistema mais meritocrático de todos aqueles criados para a administração pública.

O modelo político liberal burguês é que precisa explicar o seu fracasso, que pode ser facilmente entendido quando vemos Bolsonaro como presidente e os Estados Unidos tendo que decidir entre um psicopata e um “senhor da guerra” senil.

Mais uma vez: não considero a China um exemplo a ser seguido cegamente, mas permitam que eu me surpreenda com o preconceito com a China e a aparente exaltação do sistema brutal do imperialismo americano.

Pergunta final: quantos cidadãos do mundo foram mortos nos últimos 10 anos por americanos e quantos o foram por chineses? Quantos chineses foram mortos por forças do seu próprio Estado na China e quantos americanos foram mortos pela polícia americana? Perceba: o sistema capitalista mata seus próprios cidadãos, enquanto no socialismo a ideia não é matar através das ações do Estado.

Desafio a assistirem este TED Talk que trata do debate sobre a democracia representativa e o modelo chinês.

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