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O caso e a causa

Este é um conceito muito legal, e que vale a pena pensar muito nele. Trata-se da ideia de usar um caso particular como “emblemático”, para usar a força da causa para atacar uma pessoa, envolvida em um caso. Por exemplo: a causa da corrupção usando o caso da Lava Jato e o PT como emblemas desse problema, culpando-os dessa tragédia crônica, para constranger as pessoas a pensarem: “Se você é contra a Lava Jato então só pode ser a favor da corrupção”. O cidadão comum se sente pressionado, sem ter como se posicionar. Ou seja: se o “caso” é frágil, chame a “causa”.

Pensei nisso vendo uma entrevista de alguém que está sendo acusado dessa forma, e sei que para ele é fácil se defender do caso, mas reconhece a imensa dificuldade quando a “causa” se vira contra si.

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Agressões

Conheci muita gente com “lesão por esforços repetitivos” (LER), em especial na enfermagem. A história dessas pessoas era sempre muito parecida: excesso de esforço em uma parte específica do corpo, causada por movimentos realizados de forma não natural, prejudicando principalmente as articulações.

Muitas delas procuravam a homeopatia porque os anti-inflamatórios que estavam usando causavam muitos efeitos colaterais, principalmente epigastralgia (queimação no estômago). O uso continuado dessas drogas era uma marca registrada dos profissionais com lesões causadas pelo seu trabalho.

“Preciso de algo mais suave para melhorar essas dores nas articulações”, diziam. Alguns deles já tinham até tirado licença médica por serem incapazes de movimentos simples, que causavam intensa dor.

Sempre que lembro desses relatos eu penso nos memes contemporâneos pedindo “vacinas”. As pessoas com estas lesões articulares pediam remédios para suas dores sem perceber sua origem e a forma como foram construídas ao longo do tempo. Esqueciam do mau uso do seu corpo, consequência de uma forma errada de trabalhar, seja por falta de equipamento ou por falta de colegas com quem dividir as tarefas pesadas, mas acreditavam que acrescentar uma droga – por vezes violenta e lesiva – à equação poderia dar-lhes condição para continuarem produzindo; como máquinas pedindo mais lubrificante.

A vacina é agora pedida por todos porque ignoramos – ou fechamos os olhos – às causas inequívocas das pandemias: a agressão constante e predatória ao meio ambiente por um capitalismo desconectado com o equilíbrio ecológico da biosfera. Uma violência continuada contra as outras vidas que compartilham conosco o espaço limitado do planeta.

Assim como os anti-inflamatórios, a vacina entraria para tornar possível manter a vida sem mudar a forma equivocada como a levamos. Seria a alternativa para manter os erros suicidas até agora cometidos sem precisar questioná-los. Vacinas seriam usadas para manter a nossa vida “normal”, sem percebermos que era exatamente esta “normalidade” que estava nos aniquilando.

Sabemos que isso não vai funcionar, mas nos agarramos nessa tábua de salvação apenas pela covardia de encarar a mudança inevitável e necessária. Não se trata de rejeitar as vacinas, mas entendê-las como “esmola” que, como sabemos, servem para aliviar as dores da fome sem contudo eliminar suas origens. Se oferecermos vacinas nestas circunstâncias – achando que vão ajudar localmente e temporariamente – então podemos estar certos. Todavia, se acreditarmos que as vacinas são a solução para um mundo detonado pela visão predatória e consumista, estaremos mais uma vez errando de forma dramática.

A imagem que sempre usei nesses casos era a de uma paciente que entra num consultório médico batendo com um martelo na própria cabeça. Sem interromper seu ato de auto agressão ela pergunta ao médico: “Dr, preciso de um remédio para a minha dor de cabeça. O senhor pode me ajudar?”.

A única ajuda honesta de tratar uma queixa como essa é pedir que deixe de se agredir e jogue fora o martelo; o resto é paliativo e passageiro.

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Causas

Quando a causa nobre esconde a verdade crua e seus objetivos finais atropelam inocentes então quem perde é a causa e quem morre é a verdade.

Esther Salvatore Etchegaray, “Las Flores y las Abejas”, Ed. Printemps, pag. 135

Esther Salvatore Etchegaray nasceu em Bilbao, no país Basco e estudou na Euskal Herriko Unibertsitatea (Universidade do País Basco), tendo se formado em filosofia e arte. Escreveu “Las Flores y las Abejas” (Loreak eta erleak) em 2004, sendo publicado em espanhol pela editora Printemps. Seu livro fala os dilemas éticos que permeiam as grandes causas políticas do século XXI, em especial as lutas de libertação de caráter nacionalista.

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Causas

O totalitarismo nos ensinou que um passo seguro para a desumanização é quando sua ideologia – seja ela qual for – atropela e destrói indivíduos na sua caminhada. Quando a vida e a honra de alguém valem menos que uma ideia é porque esta é apenas ilusoriamente positiva. Mentir em nome de uma causa, por mais nobre que esta seja, nunca ajudou a construir nenhuma obra de valor.

(Sir) Watson Doherty, “The Chambers of Birmingham”, ed. Peebles, pág. 135

Watson Jeremy Doherty é um escritor inglês nascido em Dover em 1959. Foi um jovem prodígio, escrevendo seu primeiro livro com a idade de 10 anos, “The Hills of Dover”, onde descreve as aventuras de um garoto e seu cachorro na busca por um tesouro Viking enterrado nas colinas de sua cidade. Depois disso iniciou uma importante obra de literatura infantil, sempre falando da vida simples do interior da Inglaterra, o que lhe valeu vários prêmios literários e a sua nomeação para o título de “Sir” oferecido pela rainha Elisabeth II. Sua entrada na literatura adulta se deu em 1980 com o romance “The Chambers of Birmingham”, onde ele visita os sentimentos anticomunistas que se apossaram da imprensa inglesa em função da pressão exercida pela guerra fria, expondo suas mentiras, falsidades e contradições. Mora em Dover e é casado com a decoradora Margareth Atkins. Tem um filho chamado Peter.

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Causas

As causas são PROFUNDAMENTE masculinas. Elas são mudanças no rumo da história, do roteiro das ideias. São golpes de machado nas raízes da natureza. Os homens sempre estiveram por trás delas. As revoluções foram todas lideradas por homens, assim como as lutas, as guerras, as conquistas. Todas estas são “causas”, mais ou menos nobres, que estimularam a inventividade, a coragem e a genialidade. Todas, sem exceção, determinaram vontade, desprendimento e sacrifícios.

A história está repleta de homens que sacrificaram tudo – em especial a própria vida – em nome de causas que ajudariam a todos. Pense em qualquer movimento paradigmático no mundo e houve ali um homem envolvido em uma grande luta que envia a todos de sua etnia, seu grupo, comunidade ou país.

Sim, homens não se preocupam tanto com câncer de pênis ou próstata o quanto deveriam. Entretanto se preocupam com o de mama e o de colo uterino, que sequer é no corpo deles. Todos os recursos, a energia, a vontade e a dedicação está focada para ajudar as mulheres, as matrizes, suas mães, filhas e esposas.

Mas… claro que isso é apenas mais uma faceta do machismo. Os homens cuidam das mulheres porque as odeiam e querem escravizá-las. Curam suas doenças, tratam suas feridas, deixam suas vidas mais dignas, mas o motor destas ações é o ódio. Este mesmo ódio que todo homem carrega por uma mulher é fruto da…. da… raiva que sentem da primeira mulher que os abandonou. Por isso tanta mágoa e desprezo. Por isso as poucas causas em que os homens se engajam dizem respeito apenas ao seu gênero, sua infinita vaidade e seu infindável egoísmo.

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Causas

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“Morro de medo de ver os fatos sendo sequestrados pelas causas ao sacrifício da verdade. Nenhuma luta honesta pode ser sustentada por mentiras.”

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