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Intocáveis

Eu vi sem surpresa as imagens da carreata fracassada e melancólica protagonizada por Deltan Dalanhol em Curitiba após ser defenestrado do seu mandato de deputado. Vi também a minguada manifestação que contou com ícones do direitismo fascistoide brasileiro convocada para a mesma cidade. Ao ver as cenas constrangedoras eu pensei que esta é a imagem mais completa e definitiva da debacle da Lava Jato. Quem imaginou que haveria milhares de pessoas nas ruas apoiando o líder, outrora poderoso, da Lava Jato também sucumbiu à ilusão que durante anos foi estimulada pela mídia sobre os promotores “intocáveis” do Ministério Público de Curitiba.

Eu tenho uma perspectiva bem pessoal sobre o fato. Quando vejo Deltan indignado, gritando para ninguém em cima daquele carro de som, eu lembro da pergunta que ele fez ao público do Jô Soares quando convidado ao seu programa, ainda no auge da popularidade da operação. Disse ele, dirigindo-se à plateia: “Quem acredita que a Lava Jato vai mudar o Brasil?”. Quase ninguém levantou o braço, assim como quase ninguém estava na rua a lhe dar suporte depois de sua queda. Deltan é vítima de uma ilusão sobre si mesmo, sobre seu poder e também sobre a transcendência de sua “missão”.

Deltan foi vitimado por um ego inflado que fugiu do controle. Ele se acreditava um mensageiro de Deus, um “messias”, um templário da Ordem de Cristo para combater os monstros da corrupção. Para isso – uma tarefa inquestionavelmente nobre – não seria errado atropelar as regras, descumprir as leis, burlar as normas, fazer acertos espúrios com nações estrangeiras, aceitar bilhões para a criação de um “instituto” de combate à corrupção e atacar inimigos políticos com as armas da lei e o poder que lhes foi delegado – leia-se lawfare. Vejo esse personagem recente do drama polìtico do Brasil como alguém que se acreditava um “intocável” – uma referência ao filme de Brian de Palma de 1987 sobre os promotores que prenderam Al Capone em Chicago. A diferença é que o alvo dos ataques dos intocáveis tupiniquins era o maior estadista do mundo contemporâneo, e os crimes a ele imputados eram criações fraudulentas com motivação política. Não sobrou pedra sobre pedra do PowerPoint mais infame da história recente do Brasil

Não vejo Deltan como um bandido, apesar de acreditar que cometeu vários crimes. Vejo-o principalmente como um fanático, alguém cuja visão em túnel lhe retirou a perspectiva do compromisso com as leis. Entendo-o guiado por uma crença cega em sua Verdade, certo de estar lutando pela limpeza de nossa sociedade das impurezas da corrupção. Desta forma, a imagem que mais me parece adequada para entender sua trajetória é de um Torquemada, um sujeito cuja fixação nos dogmas e no combate ao pecado o levou às maiores crueldades e atrocidades contra seus semelhantes. Assim, quanto mais pretendia lutar contra o Mal e o Erro mais se aproximava deles, da mesma forma que o sujeito puritano se sente atraído e magnetizado pelas obscenidades que acredita combater.

Não tenho nenhuma alegria em ver a destruição pública de ninguém, incluindo esse rapaz de bochechas rosadas. Meu sentimento foi de genuína tristeza ao ver no que se transformou alguém outrora tão poderoso – e, vejam, seu calvário ainda está apenas no início. Por outro lado, jamais haverá uma verdadeira depuração do mal causado pela operação Lava Jato sem que esses promotores e o juiz que estiveram à sua frente sejam devidamente punidos. Também acredito que sem colocar a corrupção da imprensa Corporativa como partícipe ativa nessa fraude não haverá real progresso civilizatório. Por mais triste que seja esta queda não há como seguir em frente sem corrigir o erro e a destruição que estes indivíduos causaram ao país e a tantas pessoas por eles indevidamente atacadas.

Que esta tragédia brasileira sirva de lição a todos nós.

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O caso e a causa

Este é um conceito muito legal, e que vale a pena pensar muito nele. Trata-se da ideia de usar um caso particular como “emblemático”, para usar a força da causa para atacar uma pessoa, envolvida em um caso. Por exemplo: a causa da corrupção usando o caso da Lava Jato e o PT como emblemas desse problema, culpando-os dessa tragédia crônica, para constranger as pessoas a pensarem: “Se você é contra a Lava Jato então só pode ser a favor da corrupção”. O cidadão comum se sente pressionado, sem ter como se posicionar. Ou seja: se o “caso” é frágil, chame a “causa”.

Pensei nisso vendo uma entrevista de alguém que está sendo acusado dessa forma, e sei que para ele é fácil se defender do caso, mas reconhece a imensa dificuldade quando a “causa” se vira contra si.

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In Vino Veritas

Creio ser importante que se faça uma reflexão a respeito dos fatos ocorridos na Serra Gaúcha referentes ao trabalho análogo à escravidão (e não “trabalho irregular”, como foi noticiado pelas empresas de mídia daqui).

Primeiro, é gravíssimo. Nós estávamos acostumado a pensar que esse tipo de abuso só acontecia nos rincões distantes do Brasil, onde não haveria um aparato estatal civilizatório suficiente para coibir tais ações. Mas não; os crimes ocorriam na região mais desenvolvida e rica do Estado, do nosso lado, nas nossas barbas.

Em segundo lugar é imprescindível que algo seja feito e que os responsáveis sejam punidos pelo rigor da lei. Estes responsáveis são as empresas terceirizadas que contratam estes empregados e os tratam como lixo, mas igualmente as empresas que lucram com a desumanidade no tratamento desses trabalhadores e fazem vista grossa para o tratamento desumano que recebiam. Não há sentido algum em “passar pano” para Salton, Aurora e Garibaldi, e não aceitaremos que terceirizem suas culpas evidentes neste caso, saindo ilesas de crimes contra a dignidade humana. Hoje também sabemos que as empresas haviam sido denunciadas muitas vezes ao Ministério Público do trabalho, e nada foi feito. Por que tanta negligência com fatos tão hediondos?

A situação é grave demais para qualquer tipo de condescendência. Agora surgiram informações que sugerem a participação de membros da polícia militar nos castigos, pressões, constrangimento e torturas aplicados aos trabalhadores. Quanto mais investigamos, mais fundo fica o buraco, e começa a se configurar uma participação disseminada dos crimes pela sociedade local, seja por ação ou por omissão.

Não só as três empresas acusadas devem ser punidas, mas todas as outras das quais ainda não temos notícia. Muito mais ainda resta para ser apurado, e talvez tenhamos batido apenas na ponta do iceberg e isso explica o manifesto do Centro da Indústria, Comércio e Serviços de Bento Gonçalves, que mostrou que os líderes de classe acreditam que o problema de escassez de mão de obra na cidade é “culpa dos trabalhadores que vivem de benefícios governamentais” e não querem trabalhar, “sobrevivendo através de um sistema assistencialista que nada tem de salutar para a sociedade“. Ou seja, a culpa do trabalho escravo é do “Bolsa Família”, e não da ganância dos empresários, seja do vinho ou da mão de obra terceirizada. É sempre útil lembrar que estes municípios da Serra Gaúcha tiveram uma votação marcadamente bolsonarista, da ordem de 70% dos votos, e isso explica muito do que observamos agora.

Por fim, aqui vai uma reflexão mais delicada para as lutas proletárias. Hoje uma rede de supermercados do Rio anuncia que vai suspender a compra de vinhos da Serra e vai até devolver os estoques ainda existentes. A razão? Não deseja ter seu nome envolvido com empresas “sujas” no mercado. Aqui mesmo no sul do Brasil a palavra de ordem é “boicote”, uma forma de punir as empresas que promovem – ou são coniventes – com a barbárie do trabalho análogo à escravidão.

Entretanto, a ação nefasta da Operação Lava Jato, comandada pela nata da corrupção judiciária do Brasil, deixou claro que punir as empresas acaba destruindo aqueles que são sua alma: os empregados. O vinho que nós tomamos é feito pela mão dos trabalhadores da agricultura, os transportadores, os funcionários da vinícola, os engarrafadores, os burocratas e seus diretores. Todos estes serão punidos por uma culpa que não é deles. Precisamos aprender que a punição não deve atingir o povo trabalhador inocente, mas as pessoas diretamente relacionadas com os crimes cometidos, para que os empregos possam ser preservados e as famílias que sobrevivem das vinícolas não sejam sacrificadas. Não podemos admitir que a destruição planejada das empresas de construção civil e da indústria naval protagonizada pela Operação Lava Jato, que ocasionou a perda de pelo menos 4.4 milhões de empregos, tenha continuidade nos ataques à indústria do vinho (e do turismo), com o mesmo desastre social que já vimos.

Exigimos punição exemplar para diretores das empresas e para todos aqueles relacionados aos crimes contra a dignidade humana que foram coniventes com o trabalho análogo à escravidão, a tortura e aos maus tratos. Todavia, também desejamos que os trabalhadores honestos não paguem este preço, preservando as empresas da necessária punição aos responsáveis.

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#MauroMentiu

A mulher entrou no escritório do marido sem bater e o encontrou usando sobre o corpo nada mais que suas cuecas. A jovem secretária em seu colo vestia apenas uma provocante lingerie.

– Mauro!!! O que é isso?

Os dois se ergueram de sobressalto mas em silêncio. Enquanto Dr Mauro colocava as calças a jovem auxiliar se retirou apressadamente pela porta.

– Não aconteceu absolutamente nada, disse ele. Coisas normais na relação entre patrão e empregada.

– Você enlouqueceu, Mauro? Coisas normais? Sem roupa no seu colo? Acha que sou besta?

Ele abotoou os botões da camisa calmamente. Sem mudar o semblante, explicou:

– Minha secretária me trouxe um café mas eu, estabanado, virei sobre a calça. Como o café estava muito quente tirei a calça rapidamente e entreguei a ela. A camisa também estava manchada, então resolvi tirar e guardar na gaveta onde tenho umas peças de roupa sobressalentes. Quando fechei a gaveta ela prendeu no vestido da minha secretária que se rasgou de cima abaixo quando ela se encaminhava para fora da sala. Tão nervosa ficou que tropeçou no fio do telefone e caiu no meu colo. Nesse instante você chegou.

A esposa não conseguia esconder o espanto e o terror.

– É serio? Essa é sua explicação para a cena que eu vi com meus próprios olhos? É essa história que tem para me contar, Mauro?

– Sim. Uma história comum. Acontece toda hora em muitos escritórios pelo Brasil. Nada de excepcional. Não percebo nada de inadequado na minha atitude e não há nenhum delito aqui configurado.

A esposa, até então estupefata, desarmou-se diante de justificatvas tão convincentes.

– Bem, Mauro, como você é um juiz famoso e respeitado, muito querido por tantos e admirado por multidões só me resta acreditar. Desculpe ter desconfiado. Então vou para casa e lhe aguardo. Ainda tenho que buscar as crianças na escola.

– Ok querida. Não se preocupe; eu entendo sua preocupação. Mais tarde chego em casa para o jantar.

Ela se aproximou da porta e quando ultrapassou o batente voltou-se para o marido e perguntou:

– Quer que eu leve sua roupa suja de café para lavar?

– Não será necessário, disse Dr. Mauro

– Por quê? indagou ela

– Porque eu já deletei…

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Crimes de toga

Moro seria condenado por alta traição na sua pátria amada americana se lá viesse a divulgar as conversas privadas de um presidente com um ex-presidente. O nome desse crime nos Estados Unidos é “alta traição” e a pena para isso é cadeira elétrica. Sobre as instâncias posteriores que não reformaram a pena de Lula… qual a parte do “com o supremo com tudo” o pessoal ainda não entendeu? Sobre as homenagens que Moro recebeu em Universidades americanas, não esqueçam que Hitler foi capa da revista TIME de 1938 como “homem do ano”, portanto estas honrarias abruptas e oportunistas não valem chongas.

Moro é homenageado nos Estados Unidos por uma universidade exatamente porque presta serviço a este país com o desmonte das nossas grandes empresas.

Quanto ao Lula…. digam em duas linhas qual o crime pelo qual Lula foi condenado e qual a prova que sustenta sua condenação.

Sobre as palestras de Moro…. Sério? Moro é o pior palestrante de todos os tempos. Voz insegura, inglês péssimo (Machachutz????), argumentos péssimos, português horroroso (houveram problemas????) e a mais absurda e contraditória sentença da história, basta saber de um livro escrito por 120 juristas condenando sua performance.

O desafio está na mesa. Diga o crime de Lula e qual a prova de que este foi cometido. Leia sobre o crime de traição que Moro cometeu. Leia sobre grampear advogados de um réu!!!!! Leia o significado de “juiz natural’, sobre “teoria da prova” e sobre “juízo dos inimigos”. Leia sobre divulgar conversas privadas do presidente em exercício. Leia sobre juízes agindo “ex ofício” e sendo parte da acusação. Leia sobre fotos com Temer, Dória, Alkmin e Aécio e o significado disso para a imagem de um magistrado. Leia a sentença inteira de Lula. Fale sobre “atos de ofício indeterminados”, crime sem objeto, propina “prometida”. Leia sobre mestrado e doutorado em 3 anos. Leia sobre o escândalo do Banestado. Leia sobre delação premiada sob tortura (com delatores presos, o que é obviamente ilegal nos Estados Unidos, de onde a lei foi copiada).

Leia também sobre Tacla Durán e o dinheiro de doleiro na conta da esposa de um juiz. Leia sobre a APAE e os 500 milhões relacionados à madame. Informe-se sobre a propina de Zucolotto. Informe-se sobre a Petrobrás pagar as palestras de Moro e SER PARTE NOS PROCESSOS QUE ELE JULGA!!!!

Esqueci algo? Sim…. Tem Youssef (passou de 100 anos de cadeia para 3), tem a mulher do Cunha livre. Tem o próprio Cunha “desaparecido”. Tem o Alkmin que se livrou de Curitiba para livrar Moro do constrangimento. Tem a exigência de Lula participar de todas as oitivas, totalmente ilegal. Tem a “condução coercitiva”, absurda e cruel, com vistas a humilhar o presidente.

Precisa mais??

E tem mais…. mas cansei de escrever sobre um juiz que seduz a classe média iludida.

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O Fim da Política

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Mais cedo ou mais tarde apareceria alguém pedindo o desaparecimento das ideologias e o surgimento de um “positivismo político cientificista”, algo para além dos partidos em que a “competência” administrativa “comprovada” por um currículo “acadêmico” pudesse depurar a política dos tolos, oportunistas, ignorantes e todos os sujeitos movidos por interesses espúrios. Uma espécie de aristocracia ao estilo “Nosso Lar”. Seria a negação do conflito e a superação do contraditório. Governantes seriam eleitos através de concurso público realizado em prova direta de múltipla escolha.

Quem pede isso esquece que a humanidade sempre foi governada assim e que a modernidade nos ofereceu a alternativa mais justa ao oferecer a escolha dos seus representantes a todos os cidadãos. Ao invés de provas acadêmicas para selecionar os mais aptos tínhamos o DNA dos governantes, herdado de sua família nobre, em cujo currículo constava um aprendizado de uma vida inteira na “arte de governar o povo”.

A verdade é que a falta de partidos daquela época e a supressão das ideologias já era, por si só, a ideologia dominante, que vagava invisível no campo simbólico, e determinava a cada componente da sociedade seu lugar eterno e imutável de servo ou senhor.

Aos que desejam um mundo sem partidos e sem ideologias, sem conflitos e sem disputas, sugiro que voltem no tempo e se abriguem mas brumas de Avalon, ou em qualquer lugar paradisíaco do século XIV. Aqui no século XXI o extermínio dos partidos e o aniquilamento das formas distintas de pensar o coletivo significaria um passo definitivo em direção à barbárie e à anulação do pensamento.

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Lava Jato e os Limites da Lei

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Com todo o respeito, e com toda a pipoca de quem assiste a bandidagem digladiar, acabar com os crimes da Lava Jato é uma obrigação republicana. A pressão inadequada sobre juízes e promotores – como está no texto – é OUTRO erro, mas surgiu para retaliar os desmandos de um juiz insano e irresponsável, que com seu messianismo está destruindo a economia do país e criando desconfiança do cidadão no sistema Judiciário.

Como você justificaria, dentro do estado democrático do direito, a barbárie da condução coercitiva de Lula (as vésperas de ser nomeado ministro), divulgação das conversas de uma presidente – de forma ILEGAL – perseguição a um partido e vistas grossas ao seu (o PSDB), prisões preventivas ilegais, tortura psicológica de presos, delações sob constrangimento, grampos telefônicos de advogados de Lula (!!!!) e tantos outros delitos menores que esse juiz protagonizou?

Como imaginar que esse assalto ao direito e tal insulto à democracia não recebesse uma resposta à altura dos que estão ameaçados mas também dos que lutam pelos valores máximos de um estado que preza a justiça?

Estamos de acordo que os abusos estão em ambos os lados, operadores do direito e legislativo, mas veja bem: quem poderia suportar a tirania de um juiz sem reagir? Claro que o resultado seria uma série de artimanhas jurídicas para proteger o legislativo, cheio de corruptos e aproveitadores, mas tal reação só ocorreu porque o Sr Moro ultrapassou TODAS as barreiras da decência e da legalidade. Tivesse ele colocado limites em seu messianismo e controle sobre sua vaidade pessoal e não tivesse buscado com tanto afã uma vingança partidária e nada disso seria necessário. Digo isso do alto da poltrona e da pipoca: só assisto consternado legislativo e judiciário batendo boca como lavadeiras, onde todos tem o rabo preso.

“Mais perigoso, porém, que o uso estratégico da corrupção, é o tratamento dispensado ao chamado “combate à corrupção”. Por mais que possa parecer absurdo ou até mesmo contraditório, esta expressão vem se revelando uma seríssima ameaça aos direitos fundamentais, tendo se convertido em um verdadeiro Cavalo de Tróia do Estado de Direito moderno. É de todo óbvio que a corrupção destrói a confiança que torna possível o sistema representativo e solapa as bases do Estado Democrático de Direito, na medida em que subtrai os meios financeiros indispensáveis à realização dos direitos fundamentais. Contudo, a gravidade do ato de corrupção – à semelhança de outros comportamentos odiosos, que merecem o mais veemente repúdio da sociedade – não pode, jamais, justificar o desrespeito ao Direito e, sobretudo, o amesquinhamento de direitos fundamentais.” (Juiz Federal Silvio Rocha)

O golpe legislativo e a mordaça aos juízes e promotores se tornou natural. Como foi dito, as “lavadeiras” estão se xingando, mas o que se poderia esperar de resposta quando um juiz vira “justiceiro” e destrói as barreiras da ética e da lei em nome de um salvacionismo medieval?

Estamos de acordo que as manobras para amordaçar o MP e o judiciário foram feitas em causa própria, mas precisamos entender a origem da insegurança desses sujeitos. Quando o judiciário não é mais confiável sobrevém a destruição do Estado.

Os processos do Renan não estão “engavetados” como foi dito por alguns, querendo com isso justificar os desmandos da Lava Jato. Estes processos estão ativos e começaram a ser julgados. Nada foi descartado. Contudo, isso não significa que eu confie no STF, avaliador do golpe junto com esse parlamento que agora mostra sua verdadeira face. Foi golpe… e foi para barrar a Lava Jato.

Esse é o drama da República: achar que o combate à corrupção vale tudo – fins justificando meios – e com isso tendo como possível consequência o desmantelamento do Estado.

Eu de minha parte acredito ser coerente deplorar tanto as manobras dos parlamentares que objetivam livrar-se de apuros com a justiça quanto os desmandos de um juiz demagógico, partidário e megalomaníaco.

Por que não uma Lava Jato justa e dentro dos limites da lei?

Moro é um megalomaníaco que foi desmascarado pelos próprios colegas do judiciário. Ninguém pode aceitar que o desrespeito às leis e à constituição possam ser benéficos para um país. Repetindo: Moro estaria PRESO se tivesse feito o que fez na Europa ou nos Estados Unidos. Seus crimes são graves e não é preciso citá-los de novo, mas grampear telefones de advogados e colocar escutas em celas já seria suficiente para encarcerá-lo. Seu messianismo embasado no ódio contra as esquerdas (nenhum político do partido que seu pai fundou é perseguido) demonstram a visão parcial de um sujeito desonesto e vil. A corrupção não é um mal que pode ser combatido com ilegalidades, falsidades e violência. Ela é um mal sistêmico que só pode ser extirpado com uma reforma política profunda que inclua barreiras ao financiamento privado de campanhas e o loteamento dos governos.

Não são as pessoas corruptas o problema, e essa é a principal TOLICE ingênua na qual incorrem os que querem prender corruptos e saciar sua sede de vingança. A corrupção está entranhada no proceder político pois sem ela o poder não se sustenta. O mensalão que existiu em TODOS OS GOVERNOS é a prova cabal da injustiça de culpar partidos em detrimento de outros, mas o mensalão sempre foi uma forma de sobrevivência dos governos. Moro é a CONTINUIDADE da corrupção pois sua luta é para destruir um partido e é um líder, e seu fracasso em atingir Lula já seria suficiente para ser esquecido pela história. Seu salvacionismo nacional canhestro levará o Brasil à ruína com a quebra das empresas, e isso talvez seja o mais importante de sua tarefa macabra: entregar um país quebrado nas mãos dos seus patrões americanos. É isso mesmo que queremos? Um país destruído e apenas trocando moscas? Moro é o que de pior existe no terreno da Justiça. Quando ela apodrece por corrupção (sim, seu trabalho contra um partido é um ato corrupto) sobrevém a barbárie da destruição do Estado.

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Nossa Política

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Podem me xingar e me odiar, mas não podem me acusar de ser indeciso ou vaselina. Eu tenho lado e assumo minhas posições. O meu lado está claro: sou contra o arbítrio, contra a opressão, contra o golpe, contra Temer et caterva, contra os fascistas, contra juízes com partido, contra os MARAJÁS do judiciário, contra a corrupção (e não apenas contra alguns corruptos), contra a tortura e as prisões ilegais, contra delações premiadas sob tortura, contra perseguições imorais, contra… o linchamento de reputações, contra a homofobia, contra o sexismo (em especial a misoginia), contra o racismo, contra a bancada evangélica, contra a perseguição aos artistas, contra o partidarismo da Lava Jato, contra os evangélicos fanáticos do MP, contra as mentiras que acusam as esquerdas e contra todos os profissionais de qualquer formação que NÃO sabem usar powerpoint, não sabem a diferença de Engels e Hegel e que se ajoelham em igrejas evangélicas pedindo apoio às propostas fascistas das ” contra a Constituição”.

Pergunto: Você não vê problema algum em um juiz confraternizar com políticos delatados na Lava Jato, operação a qual o juiz Moro lidera, certo? Diga pra mim, moço inocente, se você encontrasse um juiz criminal em um churrasco na Rocinha confraternizando com traficantes (ou acusados de tráfico) daquela comunidade não acharia estranho ou comprometedor? Não? A diferença está no preço dos ternos, na boca livre que vem depois (com champanhe e caviar) e na brancura da pele dos convidados? Sim? QUAL A DIFERENÇA??

“Eu não estou em cima do Muro, mas não aceito estar abaixo do Moro”.

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Mais do golpe

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Aqueles que ainda resistem e apoiam a legalidade do governo golpista de Temer serão reconhecidos, dentro de alguns poucos anos, como os mesmos que acreditaram nas boas intenções de Stálin, nas ideias liberais de Bush ou nos valores morais do golpe de 64. As palavras de desprezo pela democracia – duramente construída – serão varridas para o lixo da história, e isso virá mais cedo do que pensam. O fim da CGU, da LavaJato, a anistia para Aécio e o provável perdão negociado de Cunha mostrarão a tolice imensa de quem acreditou no “combate à corrupção”. Para os “libertários”, que para mim são as formigas que desejariam ser tigres e destruir a todos em nome do que chamam “liberdade”, restará apenas a raiva pela traição dos que agora usurpam o poder.

Mas quando a desilusão chegar, e os mesmos que agora festejam perceberem que a casa está caindo, a resposta que os golpistas darão eu já antecipo desde agora:

O que? Está bravo? Mas não fiz promessa alguma, não fui votado, não tenho compromisso algum com vocês. O que esperavam? Fidelidade ao meu programa, às minhas “promessas de campanha”? Que campanha, que eleição? Eu não cheguei aqui pelo voto, seu tolo!! Eu me tornei presidente com 1% de intenção de votos. Sou provavelmente o presidente mais rejeitado do mundo!! Portanto, chega de mimimi e nos assistam fazer o governo que NOS interessa. Ah, e obrigado pelas paneladas, seus trouxas“.

O GOLPE contra a democracia foi político, jurídico e MIDIÁTICO. Teve a participação MACIÇA da MÍDIA fazendo uma fantástica propaganda contra Dilma e o PT exatamente porque eles se contrapunham aos LADRÕES famintos da política nacional. E vocês da DIREITA caíram como PATOS – aliás, o símbolo da FIESP era para vocês – porque o GOLPE recolocou os donos em seus devidos lugares. Agora não se investiga mais nada, PF está amordaçada, o juiz Moro pede a “comunhão nacional e o desarmamento dos espíritos”, Aécio está livre das acusações, Cunha será perdoado, e as raposas tem a chave do galinheiro.

Acabou tudo seu tolos. Uma burrice lesa pátria, liderada por vendilhões pagos por multinacionais, como Kim, um presidente informante dos Estados Unidos, e composta por personalidades doentes como Lobão, Janaína e o Alexandre Frota. Uns sujeitos idiotizados comandando ingênuos hipnotizados pelas campanhas da TV. Gente que acredita na Friboi, nos aviões do Lula, nos pedalinhos, no Triplex e em todas essas afirmações que NUNCA foram comprovadas. Tiraram Dilma – uma mulher reconhecidamente honesta – do poder para colocar sujeitos reconhecidamente desonestos e com contas a ajustar com a justiça. Temos um presidente inelegível!!!! Isso é inédito, e gravíssimo!!!

Cara … isso é uma vergonha. É triste ver como a PROPAGANDA manipula as mentes de pessoas que não conseguem enxergar 1cm à frente do seu nariz… Pior ainda: trabalhador pobre festejando por ser roubado e tratado como escória…

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Conversa

Caetano e Gil

– Como era o nome daquele negócio de investigar, tipo uma coisa da Polícia Federal que tinha, mas ninguém divulgava muito…
– LavaJato?
– Não, não… essa tinha todo dia na TV. Era uma outra coisa, de gente graúda, mas os caras não iam muito a frente, não investigavam muito.
– Helicoca? Aeroporto de Cláudio? Furnas?
– Não era isso, era outra coisa, mas era tão vergonhoso quanto isso.
– Era do Moro?
– Acho que não, mas tinha uns caras muito importantes envolvidos.
– Petrolão?
– Não… esse aí saía todos os dias no Jornal Nacional!! Era uma outra, carajo!! Não lembro o nome. A palavra tem alguma coisa a ver com correio.
– Entrega?
– Não…
– Correspondência?
– Nada disso. Cara, você já está me confundindo…
– Hummm, pacotes, malotes?
– Isso!!!! Zelotes !!!!
– Bahh, nem me lembro mais. O que é feito disso?
– Não sei, mas agora tenho esperança que o Temer vá investigar.
– Ra ra ra ra ra ra ra ra ra ra ra ra ra ra ra ra
– Ra ra ra ra ra ra ra ra ra ra ra ra ra ra ra ra

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