
Não é de se espantar que Noam Chomsky, J. K. Rowling e Margareth Atwood também se preocuparam com o tema sobre o qual escrevi diversas vezes. Intelectuais como eles estão participando de um movimento que visa estabelecer um freio à política de “cancelamentos” que ocorre entre os progressistas. Junto com Salman Rushdie, Gloria Steinem, Martin Amis e outros escreveram uma carta aberta denunciando a intolerância entre os ativistas de esquerda nos Estados Unidos e no resto do mundo.
Para mim, os cancelamentos são atos de covardia. Servem para calar vozes e silenciar discordâncias. Seguem-se a percepções moralistas da realidade, julgamentos superficiais e ações oportunistas.
Muitas vezes o sujeito é cancelado por um detalhe menor em seu percurso – uma piada que pode ser interpretada como racista ou homofóbica, um gracejo quando tinha 15 anos de idade ou uma acusação vazia de violência de um ex parceiro(a) – para, assim, atacar a OBRA INTEIRA, e evitar ter que enfrentá-la com argumentos e evidências.
A “cultura do cancelamento” é uma das marcas da pós-modernidade e das mídias sociais. Personalidades e reputações são transformadas em pó por grupos de guerrilheiros fanáticos que usam da manipulação de emoções compartilhadas para seu intento destrutivo, movidos por vingança e ressentimento. Como eu já disse, não me convidem para cancelar pessoas cujos crimes eu mesmo já cometi. Chega de hipocrisia.
Chega de tribunais midiáticos cheios de juízes raivosos de bunda suja.