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Cadáver insepulto

Apesar da evidência dos massacres de Israel, que se mantém mesmo com a condenação do mundo inteiro, ainda subsistem comentários de puro lixo sionista nas redes sociais, cheios de fanatismo supremacista. Comumente, ignoram a própria história colonial de Israel, um país criado pelo roubo das terras palestinas, pelo terrorismo infame do Irgun e do Haganá, pelos massacres, pela morte de crianças, pelas prisões infectas, as torturas e o colonialismo mais vil e abjeto. Tais palavras ficarão para sempre no ambiente das redes sociais como um testemunho de covardia e desrespeito com as vidas de mais de 50 mil mortos, causados diretamente pelo colonialismo assassino e racista de Israel. É uma profunda vergonha ver essa imundície escrita em português.

Perceba como os comentários fascistas usam das mesmas palavras mágicas de sempre: chamam os inimigos de “terroristas” para assim classificar os combatentes que lutam pela libertação da Palestina. Tratam os israelenses capturados como “reféns”, mas os palestinos torturados como prisioneiros. Defendem que a potência invasora tem o “direito de se defender”, mas negam o mesmo direito aos milhões de palestinos esmagados pela opressão e pelo apartheid sionista. Desta forma, procuram desviar do nosso olhar a colonização, as mortes de crianças, o genocídio planejado e a limpeza étnica incessante, para justificá-los mediante uma cruzada moral, que tenta eliminar os terroristas, o “mal”, os deteriorados e “fanáticos do islã”.

Nesta ofensiva sionista só uma coisa é indecente e depravada: a ocupação racista por Israel que se expressa por apartheid, mortes, prisões arbitrárias, abuso de crianças, crimes sexuais, torturas de todo tipo, maus tratos e genocídio. Israel representa o imperialismo mais decadente e abjeto, a perversão e o abuso; a falta de lei e a negação da civilização. Israel é a selva, o câncer do mundo, e o planeta tem o direito de se defender dessa aberração. Como todo representante de um Império decadente, a queda de Israel será pelo terror, que nada mais é que o desespero pelo fim de um ciclo de opressão.

Os textos de apoio a Israel usam a retórica padronizada dos sionistas, que invertem as responsabilidades e apontam dedos acusatórios às próprias vítimas. Por isso, a culpa dos massacres é dos palestinos, que são “oprimidos pelo Hamas”, e que deveriam ter aceitado a vida miserável oferecida pelos sionistas sem jamais reclamar. Esta narrativa começou com um monstro chamado Golda Meir, a grande patronesse do Apartheid sionista que, do alto de sua bestialidade, falou para Anwar Sadat, presidente do Egito: “Jamais os perdoaremos por obrigarem nossos filhos a matarem os seus”. Nada poderia ser mais monstruoso, obsceno, perverso e degenerado.

Entretanto, a bravura e a resiliência do povo palestino servem como um exemplo para todo o planeta. O sionismo demonstra de forma inconteste os sinais de sua decrepitude. É um cadáver racista e fétido, que apenas aguarda o momento para ser descartado. Somente quando Israel cair o mundo poderá respirar em paz.

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Arquivado em Causa Operária, Palestina

Islamofobia

Resolvi escrever sobre o tema porque vejo o trabalho intenso das identitárias atacando o Irã e fazendo o serviço sujo do imperialismo, o que vem ocorrendo com muita frequência na Internet. Para isso usam fotos retiradas de contexto para disseminar falsidades contra o islamismo, tratando-o como uma “religião do mal”, selvagem, brutal e ofensiva às mulheres. Fazem isso agora, ora atacando árabes, ora ofendendo os persas. Aliás, para estas ativistas, é tudo a mesma coisa.

A foto de cima foi postada em vários sites dizendo se tratar de casamentos em grupo de crianças no Irã. Quem postou foi uma mulher que se diz de esquerda, afirmando que estes países são criminosos e protegem a pedofilia. Quando analisamos a foto e buscamos sua origem (por busca reversa) percebemos que não é no Irã, mas em Gaza e sequer é recente: é uma foto de 2009. E não são noivas na imagem, mas “damas de honra”, um costume milenar que também ocorre no ocidente. São meninas vestidas com o mesmo estilo das noivas para simbolizar a função precípua das mulheres – do presente e do futuro – como guardiãs da vida.

Por certo que esta visão da mulher na sociedade pode ser questionada. Nada nos impede de analisar criticamente costumes sedimentados. Cerimônias, costumes e mitos são transitórios nas culturas; eles refletem os valores sociais e os disseminam. A própria cerimônia de casamento é um reforço dos valores patriarcais, uma celebração da mulher como elemento central da sociedade. No ritual do casamento ela é o centro das atenções e das homenagens, sendo o marido sempre um personagem secundário. Entretanto, ali se estabelece um compromisso deste com aquela, o que forma a base do patriarcado.

Hoje os casamentos são bem diferentes daqueles do início do século passado e antes. Os casais são muito mais velhos, a cerimônia mais curta, a pergunta infame “se alguém souber de algo…” desapareceu e os vestidos são muito mais diversificados. Essas diferenças refletem a mudança de valores: a virgindade não é mais tabu, a submissão da mulher não é explícita, os casais tem múltiplas obrigações, os compromissos e responsabilidades são mais bem divididos, etc.

Todo mundo tem uma antepassada que pariu antes dos 15 anos. Para populações envolvidas em mortes precoces, pestes, guerras e fome não havia como esperar muito; este era um imperativo social, e assim o foi por milênios. O adequado entendimento dos significados e importância da infância nos mostrou que adentrar na maternidade com tão pouca idade era um prejuízo terrível e irrecuperável, em especial para as meninas. Com o tempo fomos abolindo essa prática, até os dias de hoje onde este costume se tornou proibido e até criminalizado.

Os países árabes e os persas também tem essa consciência, apesar de muito dos valores patriarcais mais ultrapassados ainda existirem por lá. Hoje não há como defender a prática de casamentos que envolvem menores de idade, e essa prática precisa ser combatida no mundo todo através da conscientização e da educação. Entretanto, o número de casos de gestação na adolescência no Brasil e nos Estados Unidos (e em todo o ocidente) mostra que este não é um problema exclusivo do Oriente e da Ásia. Nos Estados Unidos, como exemplo, 300 mil crianças menores de idade se casaram entre os anos 2000 e 2018, a maioria delas consistindo de meninas menores de idade casando com homens adultos.

De acordo com a organização Girls not Brides, mais de 2,2 milhões de menores de idade são casadas no Brasil ou vivem numa união estável – cerca de 36% da população feminina brasileira menor de 18 anos. O Brasil é o quinto país do mundo em números absolutos de casamento infantil. Na América Latina, o México fica em segundo lugar, com 1,42 milhão de meninas menores de 18 anos casadas ou vivendo em união estável. Essa situação atinge 26% da população feminina mexicana menor de idade.” (veja mais aqui)

A imagem da festa em Gaza mostra apenas uma cerimônia com meninas fazendo o papel de acompanhantes das noivas, mas o identitarismo busca nesta imagem tratar o Oriente como um lugar onde o abuso é exaltado. Essas imagens são maldosas e oportunistas e seriam tão mentirosas quanto as imagens aqui ao lado, se fossem apresentadas no Irã como o “casamento de crianças no Brasil”, sem apresentar o contexto da cerimônia, onde as crianças ocidentais são apenas “aias” e estão fazendo o mesmo papel das meninas em Gaza. Sobre a foto na Palestina, resta a explicação de quem organizou o casamento coletivo:

“Ahmed Jarbour, o oficial do Hamas em Gaza responsável pela realização da atividade, disse à WND que a garota mais nova a se casar na cerimônia tinha 16 anos. Disse também que a maioria das noivas eram maiores de 18 anos de idade. Jarbour, assim como dois outros oficiais de alto escalão contatados pela WND, se sentiu ofendido pela sugestão de que o Hamas estava financiando o casamento de crianças. Ele explicou que as menores vistas faziam parte da família do noivo ou da noiva. Ele disse que se trata de uma tradição as menores se vestirem de vestidos semelhantes aos das noivas. Disse que as meninas que aparecem no vídeo descendo um corredor com os noivos são membros da família do noivo ou da noiva. Em múltiplas ligações realizadas para os palestinos que participaram do casamento os mesmos afirmaram que as garotinhas não eram elas mesmas as noivas. O Hamas, entretanto, celebrou o casamento como uma vitória. “Nós estamos dizendo ao mundo e à América que eles não podem nos negar a alegria e a felicidade”, Mahmoud al-Zahar, Chefe do Hamas em Gaza, disse aos noivos no evento.”

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Arquivado em Causa Operária, Palestina

Véus

Na minha perspectiva ocidental Xador, Amira e Hijab são praticamente iguais, mas depois aprendi que o Xador cobre o corpo inteiro, e a Amira não permite aparecer nenhuma parte do cabelo. Já o Hijab permite que se veja um pouco do cabelo frontal. Existe diferenças no formato para além da cor apresentada na imagem acima. Entre os mais conservadores a Arábia Saudita wahabista e (minha surpresa) o Paquistão.

Nesses países muçulmanos apenas 4% das mulheres não usam véu – mas no Líbano metade das mulheres já não o usam. Quase metade usarão Amira, mas a burca (tão condenada por nossas bandas) não passa de 2% das mulheres, e mesmo na Arábia Saudita mal passa de 10% de uso. Entretanto, recheamos nossas críticas ao mundo islâmico com esses estereótipos que estão longe de mostrar a diversidade do Oriente.

Às vezes – guardadas as proporções – vejo críticas ao islã que partem de generalizações miseráveis. Quando dizem que nos países muçulmanos as “mulheres são obrigadas a usar burca” eu imediatamente imagino um iraquiano olhando uma foto do Rio Grande do Sul e comentando “Pobres brasileiros, obrigados a usar bombacha. Deve ser horrível vestir isso na floresta amazônica”.

What???

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Arquivado em Ativismo, Política